Prisioneiro do Egoismo

Do peixe vivo pescado, transferiu para um saco plástico enfiando-o no embornal, como quem adquire uma mercadoria, levou para seu desfrute. Resolveu mantê-lo vivo para deliciar dos encantos da beleza da qual portava. A paciência que desenvolveu para a pesca sutilizou a vontade, de predador, optou por querer tê-lo em companhia, era o melhor.

Integrante da tropa de elite dos rios, não era, nem do grupo dominante, muito menos dos dominados, o pescado tinha conduta apartada do frenesi da sobrevivência, por isso sua peculiaridade. Colocou-o em um aquário, acomodou o recipiente sobre a cômoda da sala em frente ao jogo de sofá, o peixe nadava sozinho, e o pescador somente de vista, acompanhava.

Trancafiado naquele diminuto receptáculo passava os dias vendo a vida através do vidro, melhor, avistando os sofás e o estranho que sem trégua observava o detento nadar naquela água insalubre.

Entristecido tornou nos dias, do colorido das escamas o cinza tomou espaço, os olhinhos perdendo o brilho, até que do movimentar restou abanar ansiosamente a cauda e a boquinha aberta, parado no fundo do aquário, demonstrando cansaço. Foi encontrado morto pelo pescador.

Melhor que nunca tivesse sido. Foi alvo da vontade egoísta.

Márcia Maria Anaga
Enviado por Márcia Maria Anaga em 08/07/2016
Código do texto: T5691727
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