Prisioneiro do Egoismo
Do peixe vivo pescado, transferiu para um saco plástico enfiando-o no embornal, como quem adquire uma mercadoria, levou para seu desfrute. Resolveu mantê-lo vivo para deliciar dos encantos da beleza da qual portava. A paciência que desenvolveu para a pesca sutilizou a vontade, de predador, optou por querer tê-lo em companhia, era o melhor.
Integrante da tropa de elite dos rios, não era, nem do grupo dominante, muito menos dos dominados, o pescado tinha conduta apartada do frenesi da sobrevivência, por isso sua peculiaridade. Colocou-o em um aquário, acomodou o recipiente sobre a cômoda da sala em frente ao jogo de sofá, o peixe nadava sozinho, e o pescador somente de vista, acompanhava.
Trancafiado naquele diminuto receptáculo passava os dias vendo a vida através do vidro, melhor, avistando os sofás e o estranho que sem trégua observava o detento nadar naquela água insalubre.
Entristecido tornou nos dias, do colorido das escamas o cinza tomou espaço, os olhinhos perdendo o brilho, até que do movimentar restou abanar ansiosamente a cauda e a boquinha aberta, parado no fundo do aquário, demonstrando cansaço. Foi encontrado morto pelo pescador.
Melhor que nunca tivesse sido. Foi alvo da vontade egoísta.