Essa Tal Vida.

A ordem era simples, dada do alto, lá onde ele estava.

- Vá e cumpra todas essas ordens!

Com um olhar sereno o garoto encarou aquele velho que lhe falava. Pois então a seguir um caminho, a luz era forte, sentia dor, estava tão calmo, tão nas nuvens e der repente era puxado pelas pernas, teve um suspiro e dai se seguiram milhões deles, o garoto abriu os olhos, aos pucos chorava, ia crescendo, aprendendo, estudando cada passo, se preparando e assim o jovem ia vivendo, crescendo. Quando já havia aprendido a fazer escolhas, resolveu sair por ai, andar, descobrir, se descobrir, pois se a caminhar, a velejar por entre os ventos do mundo, seu ser pedia isso, não sabia o porquê. O jovem era cheio de esperança, encontrou amigos, o perdeu, andou sozinho, beijou, se apaixonou mesmo sem querer, sofreu e sofreu muito por isso. Escreveu, cantou, amou e andou; permitiu que o mundo o levasse, deu alegria a quem o encontrava, por entre as folhas ele correu feliz, casou, cansou, desabrochou finalmente um ardo que lhe prendia, desse ardo nasceu um fruto, algo semelhante a ele, seu fruto crescia, ele sorria, amava mais, cantava mais, gozava mais, essa coisa a que chamam de vida não é tão ruim assim, sofreu mais um pouco, perdeu uma parte de seu sorriso, seu fruto crescia ainda mais sorridente. As vezes se perguntava qual era sua função ali, pobre jovem, já havia esquecido o que o velho havia lhe falado anos antes. Precisava de um pincel, o pretor de seus cachos já não tinham mais brilho, nossa como isso aqui passa rápido, era um filme, um curta, uma vida curta, será que foi vivida, será que foi cumprida, primaveras atrás de primaveras, era jovem mas se sentida velho, seu corpo já cansado, sua vista já escura fitava os frutos dos frutos de seu fruto pulando sobre os verdes dos jardins, tinha um império pensou, sorriu, mais uma vez pensou o quão bom era aquela coisa de viver. Do nada sentiu, apagou, sabia que havia acabado seu momento. Retornando a sua casa, foi de encontro á ele o tal velho:

- Vá e cumpra todas essas ordens!

De novo? Estava cansado, queria descansar mas não havia tempo.

-Há meu bom jovem, tempo há sempre, vocês é que desperdiçam o tempo inteiro.

Afinal de contas gastar tempo para lastimar a falta dele, não é sensato. Essa tal coisa chamada vida, é boa de mais.

E assim partiu o jovem novamente, essa parte é ruim; sentir alguém puxando meus pés. Suspirou...

Jorge Miranda
Enviado por Jorge Miranda em 24/07/2016
Código do texto: T5707522
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