DIANTE DA FOGUEIRA


Um jovem perdeu-se na mata e não encontrava a saída. Era inverno. Ele precisou procurar um lugar para passar a noite. Numa encosta, encontrou uma pedra saliente sob a qual poderia abrigar-se. Providenciou que o lugar estivesse limpo para que pudesse sentir-se seguro. Recolheu pedaços de madeira para o fogo e encheu o cantil. Enquanto concluía seus arranjos, fazia-se pouco a pouco escuro e ele começou a perceber a vida que habitava ao seu redor. A respiração das plantas e dos animais acompanhava o ritmo da sua respiração. Seus olhos não podiam distinguir o tudo existente ao seu redor, mas ele podia perceber a multidão palpitante no escuro. Enquanto contemplava o fogo, o olhar perdido na dança das labaredas, a angústiaem seu coração crescia, os odores da mata penetrando suas narinas. O sentido de estar ali lhe era muito vago. Não podia entender porque era tão diferente do conjunto em sua esfera de vida; não podia livrar-se da sensação de repetição que lhe era incômoda. Ainda não tinha respostas enquanto contemplava o fogo que se apagava. Chegaria a encontrá-las? O dia veio surpreendê-lo em névoa gélida. Era hora de continuar a caminhada. O anjo que velera por ele sorriu e foi descansar.