FLOR DO CAMPO

Era alta e escura a grade que rodeava o casarão por onde avistava-se um lindo roseiral, com lindas rosas cor de rosa, amarelas, vermelhas e brancas. Havia também gerânios, dálias e violetas, embelezando aquele jardim que era cuidado pelo Seu Zé, o jardineiro da casa, que tinha cabelos brancos, cobertos por um pequeno chapéu a proteger-lhe do sol forte, que enfrentava naquela lida que lhe dava tanto prazer.

Do outro lado da estrada a menina via diariamente a movimentação do jardineiro e às vezes aproximava-se do gradeado podendo até sentir o perfume das rosas. Gostava mais da amarela, lembrava o sol, cuja presença permitia tantas brincadeiras ao ar livre.

A casa da menina era pobre, sem recursos nem canalização. Havendo à frente uma valeta, a céu aberto, em cujas beiradas havia flores que embelezavam o lugar tão pouco atraente. Eram flores miúdas, discretas, quem sabe tímidas, mas que ousavam brotarem por conta, tendo como adubo a terra bruta, crescendo ao relento com a água da chuva e o sol de setembro.

Mas havia também muita beleza nessas flores silvestres, que enfeitavam terrenos baldios e irregulares, montes, valos e valetas e brotavam exibindo-se ao sol e oferecendo aos caminhantes um espetáculo gratuito de cores, perfume e suavidade.

A menina questionava-se o porque da separação das flores, não entendendo porque umas eram cultivadas em lindos jardins e outras criarem-se ao seu bel prazer. Perguntava-se, em sua inocência, se não teria sido “Seu” Zé o responsável por esta separação e que tenha dado a elas o nome de "Flor do campo"?

CEIÇA
Enviado por CEIÇA em 15/10/2016
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