Alegria! Alegria!

Para a criança que continua dentro de cada um.

Alegria, alegria!

Era uma vez uma cidade muito triste . Por que? Porque todo mundo sofria de mau humor. Já cresciam tristes os moradores de lá. Claro, uma criança que chega numa fa¬mília que não sabe sorrir e nem cantar, cresce triste também. Quando o nené nascia, o pai olhava e dizia: "Que nariz mais horrível! Tão grandão!" O nené chorava de susto e já ganhava um nome: "Narigudo das Ventas Chorão". Todo mundo por isso tinha nome horroroso. O juiz da cidade se chamava Dr. Carantonha do Limão Azedo; o leiteiro, Péssimo Leite Talhado; o padeiro, Pão Duro da Mas¬sa Mofada, casado com dona Bolacha Enrugosa da Massa Mofada. Que coisa horrível, não?

Na escola, a professora, dona Carrancuda, fazia a chamada: Zé Tristonho, Maria Chora Chora, Azedinha, Ranheta, Enfarruscado, Linguaruda... Tinha até um menino que vivia xingando e dando pontapés nos ou¬tros que se chamava Grossolino Bruto En¬crencado.

Mas lá no campo, onde tiudo era lindo e alegre, nasceu um menino para um casal de pastores que vivia feliz, pastoreando suas ovelhas. O menino era tão bonito e trouxe tanta alegria aos pais que recebeu o nome de Amado Amoroso Filho. E Amado foi cres¬cendo alegre, aprendeu a tocar uma flautitinha e ajudava os pais no pastoreio e to¬cava a sua flauta para se distrair e ale¬grar as ovelhas. Mas quando Amado comple¬tou sete anos aconteceu uma eoisa assustadora: teve que ir para a escola na cidade. Pobre Amadol

Para matar a saudade que sentia do campo, o menino levou consigo a sua flautinha. Quando a professora fez a chamada: "Amado Amoroso Filho", a classe toda estranhou e olhou para o pastorzinho. Amado disse - "Presente!" e sorriu para os colegas. Um meni¬no reclamou: - Dona Carrancuda, o Amado me mostrou os dentes! Será que ele morde? Do¬na Carrancuda respondeu: "Não! Amado mora no campo e não conhece a vida dura da ci¬dade e por isso está sorrindo".

Uma menina pediu para Amado tocar a sua flauta e todos ficaram encantados com a sua musiquinha tão alegre. Foram se le¬vantando, cantando e dançando. Até dona Carrancuda pegou a barra da saia e saiu rodando. Que divertido! Que gostosura!

Das casas vizinhas à escola começou a chegar gente que, admirada, entrava também na folia. E cantava e dançava.

A cidade toda ficou sabendo que estava havendo algo estranho na escola e para lá correram todos, levando paus e pedras para entrar na briga. Só podia ser uma briga! Mas à medida que as pessoas iam chegando, gostavam da alegria, largavam os paus e as pedras e entravam na dança.

Até seu Pão Duro dançou com a sua mu¬lher, a dona Bolacha, e chamou de "meu quindim"!

Hoje a cidade é alegre. Na casa do leiteiro nasceu um menino que levou o nome de Denguinho Gostoso do Papai. Ora vejam só!

Agora, o trabalhão que deu para o juiz da cidade trocar o nome de todo mundo não está na história! Cada um escolhia o nome mais lindo: Felicidade da Fonte Eterna, Risonha dos Dentes Alvos, Ternura do Riso Dôce e até dona Carrancuda passou a se cha¬mar: Gracinha do Meio Estudantil e puseram no centro da praça, era frente à escola, uma estátua do pastorzinho Amado Amoroso Filho, tocando a sua flautinha, que tanta alegria havia trazido à cidade.

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Christina Cabral
Enviado por Christina Cabral em 01/08/2007
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