[Meu mundo]

Certo dia, quando estava cansado de toda a estupidez do mundo e de toda a hipocrisia humana, viajei ao meu mundo, deixando para trás tudo o que havia de ruim. Belas árvores se estendiam à minha frente, com suas belas folhas e suas belas flores. Mas nenhuma delas era como as outras que eu tinha conhecido até então: as folhas não só eram verdes, como também amarelas, vermelhas, azuis, laranja, cor de rosa, brancas e muitas outras cores cujo nome desconheço; as flores, por sua vez, eram muito brilhantes, e qual não foi o meu espanto quando eu as vi mudar de cor! Lindos e garbosos pássaros tomavam o céu límpido com seu voo magnífico, guardando em suas plumas o real e profundo significado do que é liberdade. Uma brisa, suave e cálida, me afagava, tirando de meus ombros o cansaço oriundo do fardo de eu ser eu mesmo. Acreditava que tudo estava tão feliz e perfeito a tal ponto que seria impossível uma melhora, mas estava enganado: a minha amada me abraçou subitamente pelas costas e, quando eu menos esperei, ela me deu o mais profundo e desesperado beijo. Quando tudo acabou, estávamos sorrindo, admirando a paisagem, a nossa companhia e, especialmente, a beleza de tudo o que é vivo. Contudo, um barulho terrível me assustou e eu, é claro, senti toda a frieza do vazio em meu coração. Não havia mais a paisagem anterior; não havia mais alguém que me acompanhasse; não havia mais nada de belo e vivo. Meus olhos se abriram e, não preparados para a miséria que se aproximava, deixaram cair uma lágrima tão solitária quanto eu. O dia havia clareado. Mas os meus lábios simulavam um sorriso, pois eu sabia que a noite voltaria e que eu poderia novamente fechar os meus olhos e regressar para o meu mundo.

Marcos Paulo Barbosa da Silva
Enviado por Marcos Paulo Barbosa da Silva em 20/01/2017
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