As Crônicas de Vahl Hallen
 
Capítulo 16
 
   Theodor aproximou-se de Victor e conjurou um feitiço que removeu todos os seus ferimentos. Lisel permaneceu congelada em seu lado, parecendo não acreditar em quem estava vendo.
-Ele ainda não está completamente curado. – Falou vagarosamente o senhor.
-O senhor escondeu-se aqui durante as últimas décadas? – Lisel puxava Victor para seu colo.
-Estive entre os humanos, aprendi muito com eles, descobri mais sobre nossa existência e creio que talvez vocês tenham poder suficiente para derrotar Zerthor.
   Mesmo que Lisel o confrontasse com suas perguntas era evidente que Theodor não estava ali para isto, então, em seu pensamento, ela decidiu priorizar descobrir o que o criador daquelas terras realmente desejava.
-Onde estamos? – Victor despertava novamente.
-Ainda estamos sobre as montanhas.
-Estou morto, não é? O que todos estes dragões fazem aqui?
-Eles estão na companhia dele. – Lisel ajudou Victor a mover a cabeça em direção a Theodor.
-Não acredito. Isto só pode ser mesmo um sonho.
-Victor, não temos muito tempo. Preciso que você se concentre.
   Victor levantou-se devagar e mantinha um leve apoio em Lisel, ambos esperando que Theodor prosseguisse.
-Lembram daqueles jovens que os abordaram antes de conseguirem chegar a Gellard?
-Sim. – Lisel respondeu por eles.
-É preciso que entendam que eles possuem uma arma muito antiga.
-Mais poderosa que seu antigo cajado? – Perguntou Victor.
-Na verdade, meu cajado, foi criado por ela.
-Está falando sobre aquela lança que está em um de seus quadros, não é? – Retrucou Lisel.
-Exatamente, ela foi dada a mim para que criasse um lugar seguro para todos aqueles com poderes mágicos ou sobrenaturais.
-Sobrenaturais? – Victor deu de ombros.
-Necromantes, vampiros, lobisomens e outras criaturas pouco conhecidas.
-Nunca ouvi falar de lobisomens em Vahl Hallen. – Argumentou Lisel.
-Talvez nunca ouvirá. Vahl Hallen não é o único reino mágico que criei. No início já tinha em mente que seria complicado demais termos tantas criaturas diferentes vivendo em paz e harmonia, por isso, era necessário que encontrássemos outro meio.
-Onde Zerthor entra nesta história? – Perguntou Victor. – E por que ele busca tanto uma maneira de reinar sobre nossos domínios? – Completou.
-Zerthor é um déspota por natureza. Talvez não tenhamos muito tempo para aprendermos juntos, sim, o que ele disse é verdade. Somos irmãos.
-Não consigo entender por que ficaram tão diferentes.
-Rebeldia, imprudência e a busca pelo poder o corromperam de um jeito que nada mais pudesse ser feito. Tentei trazê-lo de volta, acreditem, mas, meu esforço foi em vão.
-Sinto muito. – Lisel parecia um pouco triste.
-Se a lança criou tudo isto, como ela não está mais em sua pose?
-Pois nosso criador ordenou que a devolvesse, mas antes de partir, ele me presenteou com o cajado. Pediu-me que também criasse outros itens, como os olhos dos necromantes e o livro das bruxas.
   Victor aos poucos começava a associar todas aquelas informações, seus pensamentos explodiam em novas vertentes. Lisel apertou seu braço, fazendo com que voltasse a prestar atenção na realidade.
-Então, precisamos obter a lança? – Perguntou ele.
-Sim. Ela é fundamental. – Respondeu Theodor.
-Deixe isto comigo. – Victor demonstrava uma vontade incomum, seus olhos cintilavam determinação.

   
Johan Henryque
Enviado por Johan Henryque em 09/02/2017
Reeditado em 21/02/2017
Código do texto: T5907399
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