O reino dos dragões #3 - Ascensão dos deuses.

A natureza surgiu para suprir a falta de sua antecessora Flor Azul.

Toda a vida na terra era como uma grande valsa para suas pétalas caídas e os dragões assistiram isso surgir em silêncio como Miremel ordenou.

A vida se proliferou como o fogo dos dragões uma vez havia feito e da mesma forma como aconteceu anteriormente, surgiu inteligência.

Um novo ser surgiu de dentro do túmulo de Flor Azul, as orelhas pontudas lembravam a de outros animais, porém esse andava em duas patas, tinha pele lisa e cabelos cumpridos.

Miremel assistiu de longe o novo ser que com curiosidade desbravava o mundo, diferente dos outros animais este se cobriu com vestes e construiu ferramentas para si, edificou um lar e admirava os céus.

Após algum tempo Miremel desceu para olhar o novo animal mais de perto mas este diferente de todos parecia temer a monstruosidade do rei dragão e fugiu.

O grande dragão branco então com o poder da magia criou uma ilusão em volta de sua aparência e como um igual tentou proximidade.

O animal ao nota-lo pareceu curioso e um primeiro contato aconteceu.

Miremel chamou o novo ser de Elven, em língua comum, Elfo.

O elfo se apresentou em um idioma próprio que Miremel compreendeu apenas com magia, o novo ser dizia ser filho da floresta e que seu dever era proteger aquele local.

Miremel não interferiu, acreditava que aquele ser era reencarnação de sua amada, e deixou o novo habitante da terra sozinho, ordenou para que nenhum dragão intervisse... E assim foi.

Mais elfos nasceram da floresta, descendentes direto da natureza, juntos construíram uma fortaleza naquele local sagrado, uma cidade inteira em volta das pétalas da Flor Azul.

O local ficou conhecido como Laiqualösse, que em idioma comum significa Flor Azul, e os elfos criaram para si um lar e protegeram a floresta sagrada.

Nenhum dragão ousava se aproximar do local e com o tempo descobriram que nem eram capazes de fazer mal algum, a floresta de alguma forma era protegida por alguma força maior, algo que estava além de magia.

A cidade elfa prosperou, muros de ouro foram erguidos e palácios oferecidos a natureza, os elfos eram fortes e habilidosos, boatos de que os elfos com suas mãos e palavras erguiam arranha-céus e curavam doenças.

Depois dos elfos da floresta surgiu uma nova forma, estes filhos dos próprios elfos, os chamados Elfo Antigos, considerados puro sangue.

Mas não era apenas os elfos que estavam mudando, Salazar o dragão mais jovem havia nascido diferente. Sem nenhuma explicação aparente Salazar era absurdamente menor que seus irmãos dragões e andava em duas patas assim como os elfos.

Mas ainda era um dragão e não foi rejeitado pelos irmãos.

Salazar cresceu poderoso e devoto da magia draconiana, ganhou seguidores e conquistou terras.

Miremel temia que seu irmão quebrasse a antiga lei que privava e protegia os elfos, mas esperou, pois nenhum dragão ataca um irmão sem motivo.

Salazar viu de perto o que os elfos da floresta eram capazes de fazer, o uso de poderes de cura e magias novas, quis entender de onde vinha tal poder já que elfo nenhum deveria ter acesso a teia da realidade, a fonte de magia inesgotável dos dragões.

Após séculos procurando Salazar encontrou-a, a primeira deusa, Nimfösse.

Nimfösse era a natureza encarnada, a chamada flor branca, deusa dos elfos, ela era a fonte de magia das criaturas das orelhas pontudas, uma magia diferente, magia divina.

Salazar sentiu-se traído e voou até o canto mais fundo da terra onde seu irmão o velho Miremel descansava, contando tudo que havia descoberto.

Miremel se calou diante da fúria do irmão e em silêncio negligenciou o que iria acontecer a seguir.

Salazar comandou uma horda de dragões que juntos atacaram Laiqualösse, mas a fortaleza dos elfos era imune a magia draconiana, e os elfos da floresta pacientemente aguardaram a intervenção de sua deusa.

Nim era poderosa mas apenas uma contra os dragões que eram infinitos e grandiosos, a deusa da natureza então deu luz a mais uma vida, essa a representante de todas as vidas, Alena era a segunda deusa, deusa da vida e da respiração.

Toda a vida na terra louvou a nova divindade, Alena se ajoelhou perante Nim e ambas construíram um salão de morada divina.

E foi do meio do salão que traria justiça para o novo mundo que o terceiro deus surgiu, Khalar, o deus da justiça se ergueu e se uniu a suas irmãs.

Khalar, Nim e Alena foram os primeiros, pois a natureza, a vida e a justiça andam juntos. O salão dos deuses emanava uma magia nova, não eram como os antigos abissais que se achavam donos da realidade, tampouco tolos como os titãs que sumiram perante os dragões, os novos deuses eram sábios e tiraram energia das coisas mais primordiais.

Khalar e Alena tiveram dois filho, Narih a deusa da paz e Kamenon o deus do caos.

Juntos, os primeiros cinco deuses lutaram contra os dragões, cada um por sua própria ambição.

Os dragões permaneceram poderosos e revidavam a cada ataque, os deuses perceberam que não seria fácil tomar a terra para si e juntos focaram seus poderes para criar um deus que se equiparava a monstruosidade dos seres alados.

Assim surgiu Taurus, o deus do poder.

Taurus tomou a frente do salão dos deuses e com seus chifres flamejantes e sua lança recém forjada destruía os dragões com soberania igualável.

Salazar percebendo que estava perdendo seus melhores guerreiros clamou a ajuda do irmão, que não se levantou para ajudar seus iguais e pouco tempo depois morreu, se transformando em pedra.

Alguns dizem que Salazar foi o responsável por isso, outros dizem que uma força ancestral determina que o dragão que não se levantar por um irmão irá voltar a ser a rocha que o criou.

Miremel caindo foi a ruína dos dragões.

Taurus destruiu todos os dragões capazes de utilizar magia e ordenou aos demais que se retirassem dali, capturou Salazar e o aprisionou na masmorra da flor azul, de onde nunca conseguiu escapar.

Os deuses eram agora donos de tudo e cresceram, Solaris se tornou a deusa do sol, Tenebras a deusa da noite, Ciano o deus do mar.

Deuses surgiram de todos os locais e se agruparam diante de Nim ao salão.

Os elfos prosperaram novamente e uma nova raça de elfos surgiu da noite e foram banidos de Laiqualösse, eram conhecidos como Elfos Negros, criaturas traiçoeiras que habitaram o subsolo das terras ermas e quando vistos eram assassinados pelos seus irmãos.

Os elfos das florestas se tornaram mais raros e se isolaram para estudar sua magia divina, protetores dos animais e plantas ficaram conhecidos como duramadis, ou druidas em linguagem comum.

A deusa da noite, Tenebras, via graça nos animais inteligentes e decidiu forjar sua própria raça, pedindo ajuda de sua irmã Alena, ela e a deusa da vida criaram juntas seus próprios "elfos".

Mas estes nasceram bem menores, sem as orelhas pontiagudas, eram também mais resilientes e menos polidos e educados, foram chamados dwarven, ou anões em nossa linguagem, eram ambiciosos e fortes.

Os novos anões prosperaram em seu próprio ritmo, venerando a noite como sua própria criadora, criaram forjas para imitar os pequenos pontos brilhantes da noite e presentearam Tenebras com isso.

Foi quando surgiram os dois próximos deuses que a história mudou...

Não foi atoa que o deus da traição, Larak, surgiu junto da deusa dos homens, Valárian.

Pedro Kakaz
Enviado por Pedro Kakaz em 11/04/2017
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