Capítulo primeiro do O Discurso de uma Coruja

I

Os pensamentos fluem bem à noite ou não. Certa vez, noite adentro, me peguei passeando por um parque deserto. Fazia frio, o clima era agradável, porém, a visita inesperada da solidão chegou junto da reflexão sobre meus ganhos e minhas conquistas. Admito, sou ganancioso. Pessoas gananciosas querem sempre mais e mais, o suficiente não basta, não importa a que preço custe, desde que satisfaça a necessidade de cumprir seus desejos. O problema? Os desejos parecem não ter fim, um procedido do outro.

O mundo, embora vasto e cheio de dimensões, parece girar em torno dos poderosos do que em torno de si mesmo, descrevendo sua órbita. Existem pessoas aplausíveis por natureza, formidáveis e constantes no auge da vida. O orgulho que as rodeia chega, por vezes, a cegar, embeber suas almas em um conflito sem discernimento entre o certo e o errado. Mais uma vez, desde que satisfaça a necessidade de cumprir seus desejos, para estes isso é julgado como forma autêntica de felicidade. Esse é o holofote da glória e da auto visibilidade comum e própria.

A terra pela qual se anda, uma vez que sejamos apenas peregrinos, às vezes recebe transeuntes tão pomposos e ao mesmo tempo tão diplomáticos, que a elegância se assemelha a vir a ser uma dama banhada em luxúria e veludo. A casa da vida se torna suntuosa a ponto de, quanto mais luxúria e ganância existir, mais intensas são as razões para viver.

Seguindo essas visões, a forma de aceitação para essa sociedade é sempre bem-vinda se você, além de diplomático e elegante, possuir influências a sua volta, sobretudo como um “sedutor de mentes”. Ser quisto por meio de interesses é sempre válido e as pessoas se aplaudem muito.

Há quem encontra seu valor e há quem se dê a seu próprio preço. É uma verdade incontestável. A queda de um mundo, portanto, pode ser esperada.

Um fragmento de pensamento após outro, pude perceber o quão ocupado sou, fato esse que não me permite separar meu tempo, já que sou um homem sério. Espiritualidade requer dedicação de si para consigo mesmo em um intervalo de tempo para se conhecer. Para isso, não somente a mente se torna infecunda e cansada.

Enfim, os ventos se converteram em uma brisa.

Há quanto tempo eu não tinha aquela sensação? Realmente, nem eu poderia responder. Porque, quando se é egoísta a ponto mal relaxei, de desejar carregar os próprios fardos quando se pode dividir e não o faz, não há fôlego o suficiente para aproveitar a boa graça da natureza.

San Rodco
Enviado por San Rodco em 11/06/2017
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