UM AMOR DE CHUMBO !


Naquela noite, aconteceria um fenômeno pré-anunciado na mídia: a lua estaria mais próxima do sol. Se apreciaria sua luminosidade não tão prateada, mais para dourada...
Também, um pequeno grupo, iria presenciar à tardinha um espetáculo fenomenal naquele circo, sensação no local, sempre de cotidiano igual.

A cortina se abriu ! Apresentando sua atração principal:

Sete elefantes, cada um ornado com uma coleira colorida, que os dintinguia individualmente pela cor, mexiam-se graciosamente, dando passos ritmados, dois pra lá dois pra cá, como se dançassem ao som da música, penso que um bolero, em parceria com a bailarina TeNeTe, miúda, aparentemente frágil. Vestia uma malha na cor da pele e uma saia “tutu”, e esta combinava casualmente com a cor da coleira de um dos elefantes, cinza azulado.

Os elefantes ficavam juntinhos, lado a lado, e com a tromba brincavam com uma bola colorida, e esta combinava com a cor de sua coleira. Sintonizados, um de cada vez, jogava sua bola para a jovem, que bailando graciosamente em seus dorsos fazia malabarismos com elas, devolvendo-as para cada um, como se exclusividade de cada elefante, e estes, certeiramente, as resgatavam pela sua cor. Sentiam-se donos da bola de sua cor favorita.

Entre eles, havia um, irreverente, que nem sempre ritmava ao som da música, em vez de dois dava três passos pra lá e pra cá, e a plateia ria muito, por roubar a cena, daí ser o preferido querido da maioria, e, também, por ser o único que se apresentava com um nome, gravado em letras brilhantes na sua coleira cinza: XUMBO.

Nos treinos preliminares, a bailarina já havia percebido que a bola cinza alterava seus sentidos, o tornava mais dócil e maleável, como se enlevado para com a bola e para com sua pessoa. TeNeTe, sem que se desse conta, suscitava um sentimento instintivo e não identificável por Xumbo. Chegou a ter dúvidas, se deveria trocar a cor, mas negligenciou...

Então, nessa tarde, e noite especial, o inesperado aconteceu: Ao retornar a bola cinza para Xumbo, ele reagiu possessivamente. Com a tromba, reteve junto com a bola a bailarina, e as jogou para o alto, num estado eufórico de delírio... Nesse momento, houve uma explosão: BUM ! Uma névoa cinzenta envolveu a todos e subiu, dilacerando a lona-teto do circo.
A plateia, estabacada, se manifestou em coro: OOOHHH !
O palhaço apresentador, compareceu imediatamente e gritou: - Saiam todos! Mas a plateia, pensando a cena fazer parte do espetáculo, estando todos intactos, não arredou o pé, e presenciaram , até então maravilhados, o final daquele número circense:
Tendo sido dissipada a névoa, seis elefantes estavam no mesmo lugar, com sua bola cativa sob uma das patas, mas Xumbo havia sumido ! Em seu lugar, evolta na coleira cinza, equilibrando-se em cima da bola , uma bruxa ! ( autêntica reconhecível na tradição milenar pelos traços), gargalhava... hehehehehehehehehehehehehe.
A plateia, mais uma vez, extasiou: OOOHHH ! Mas nesse instante, finalmente, ouviram a voz do palhaço apresentador, e intuiram que deveriam sair rapidamente.
Agora havia um certo pânico no ar. Ao estarem do lado de fora, naquele noite enluaradíssima, olharam para o céu, e a visão os levou ao êxtase: em vez da figura imaginária do soldado lançando o dragão, admirava-se um elefante !

Um garotinho, logo logo apontou: Ooolha ! Xumbo foi parar na lua !