Só mais um conto de verão

Era uma vez, numa daquelas vezes em que tudo é fantasia, em que os animais conversam, as plantas se locomovem e até os insetos têm sentimentos. Esse “era uma vez” é um daqueles contos que mexem com nossa imaginação de criança. Pois então, era uma vez uma joaninha... Ou melhor, uma linda princesa do reino das joaninhas encantadas, que a três infinitos e insuportáveis anos, estava presa em um pequeno e esquecido castelo, construído por um terrível bruxo malvado que a prendera sem direito a um advogado ou ao resgate.

A pobre donzela, desde pequena... Bom! Pequena ela ainda é, mas desde sua infância escutava de sua mãe as estórias de princesa e principalmente a da Rapunzel. Naquela sala escura onde ela era cativa, se lembrava da princesa e do seu enorme cabelo que jogava pela janela para que o príncipe por ele subisse, então logo pensava.

_ Vou fazer o mesmo! Porém em pouco instante se frustrava e desistia, devido a sua baixa estatura, era impossível alcançar a janela.

Qual será o fim da triste saga da pobre joaninha encantada? Será que ela nunca vai conseguir fugir e com isso ser obrigada a se casar com o terrível bruxo malvado? Ou será que não vai aparecer um sapo lhe pedindo um beijinho!

Bom! Resguardando dos detalhes para não encompridar a nossa estória passamos logo pro que realmente interessa.

Certo dia, em que a pobre cativa pensava ser mais um dia na sua rotina, aparece subindo as escadas, um belo príncipe. Sem economizar nos adjetivos do herói, ele era um bravo e valente príncipe domador de feras selvagens, terríveis e ardentes dragões mitológicos. Tudo bem que ele não era lá isso tudo, pois à muitos anos havia se aposentado, mas uma coisa é verdade e o tempo não lhe pôde arrancar, era belo como um Deus e tinha um olhar sedutor capaz de quebrar qualquer encanto.

Abrindo violentamente a porta que estava destrancada, pôs-se no meio da sala, segurou suavemente a mão fria e macia da princesa, puxou seu corpo junto ao dele e a olhou nos olhos, ela enfeitiçada por aquele cárcere e todos aqueles anos longe da sociedade e longe do amor, tentou num impulso escapar daquela incrível atração. O príncipe por sua vez, seguro de si e da missão de libertar a princesa não hesitou em sussurrar em seu ouvido.

_ Quer dançar comigo? E num instante muito próximo do de repente e do inesperado, ela como que manipulada por um ser superior, magicamente começa a dançar numa harmonia misteriosa e encantadora.

Bom! Poderia aqui, dar fim a nossa romântica estória, mas se assim o fizesse, você leitor me perguntaria e com razão, “o que aconteceu com o terrível bruxo? Tradicionalmente não deveria ter tido uma avassaladora batalha final entre o vilão malvado e o mocinho bondoso, disputando os dotes da bela princesa?”

Tudo bem! Vou tentar escrever mais algumas linhas para relatar o que aconteceu antes do “feliz para sempre”.

O bruxo malvado ao chegar à sala e se deparar com aquela sena, da sua adorada prisioneira, dançando e sorrindo, começou a gritar e se dissolver como uma lesma no sal, vê-la feliz e sorrindo era para ele, pior que o fogo do inferno. Para a princesa aquele dia fora um dia cheio de surpresas e descobertas, apesar de sua pele morena, só naquele dia é que pôde descobrir que em todas as suas inúmeras tentativas de fuga, não era necessário usar a janela, bastasse que abrisse a porta e descesse pelas escadas. Eles se beijaram num daqueles beijos apaixonados que saem coraçõezinhos dos poros da pele, entraram num Monza branco conversível, foram para casa e naquela noite viveram felizes para sempre...

Claudio Silva
Enviado por Claudio Silva em 06/12/2007
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