Prelúdio: Um amanhecer inesperado.

Em um amanhecer qualquer de um dia qualquer, Com um costumeiro e vagaroso abrir de olhos, de um sono lento , e cansativo, em um espreguiçar contraditório .

Acordei esgotado, como se não tivera dormido. Vi que seria um daqueles dias, daqueles que se arrastam. A rotina dos afazeres não são transferidos, não enquanto ainda puder respirar a dádiva do ar, dado aos dependentes do fôlego, vida tediosa, se não improvisar você vegeta.

Tento alcançar o despertador que esgoelava ao canto esquerdo da cama, não o achei, não precisou já tinha cumprido sua missão, que seria me atazanar.

Uma fisgada.... Tentei me levantar mais não senti mais nada.

Não senti a cama , nem o chão, nem o corpo. Algo estava errado,

ar pesado e o corpo sem peso, não via a claridade do novo dia, a escuridão não se dissipou, não estava mais na cama, olhos teimosos e literalmente cheios de areia, na verdade todo meu ser estava coberto com uma fina areia.

Senti outra fisgada, então fui puxado, vejo um fio finíssimo como teia de aranha, As trevas em minha volta são tantas que parece que da para apalpa-las, a fisgada, como uma agulha perfurando a carne, e chegando a alma, era o fio, estava saindo do meu peito, era a única coisa que consiguia distinguir, vinha de um ponto brilhante o brilho era cor de prata.

Fui arrastado para uma pequena claridade, desfocada, como neblina da madrugada em torno de um breu, O fio que saia do meu peito estava conectado ao torvelinho de luminosidade opaca, em formato espiral.

Só podia ser sonho, e ainda um daqueles em que se acorda estando em mais uma camada psíquica inconsciente, e que na verdade, se desperta ainda no próprio sonho .

Bom, tento relaxar!

fechando os olhos, e deixando o tal sonho me embalar , me conduzir para seu enredo, seja lá qual for, era uma sensação estranha. Fui contorcido, sugado meu corpo tinha uma elasticidade, achei que seria esmagado, contra o furo de brilho prateado.

Dor não sentia, só um pequeno incomodo ao passar pelo vão.

O pulmão queimava com a falta de ar, a boca secava, entrava em uma atmosfera aquosa, me engasguei, mais não estava se afogando, não sentia o ar, o corpo, na verdade parecia não sentir a própria existência, era uma dimensão inexplicável, o cano afunilado por qual despencava serpenteando envolta da neblina.

Não tinha palavra certa para explicar o que era e como estava.

Pensamentos estourou em turbilhão, e uma ansiedade desencadeada por imagens desfocadas, de lembranças a muito esquecidas, o coração acelera, as dolorosas me angustiam, e as prazerosas me entristecem.

Nunca tive um sonho assim... sera que isso era a morte? , a sensação de perca, de falta de controle do próprio corpo, da falta do ar.

Como se estivesse despencando, num

sonho, daqueles de queda livre, confiante em acordar antes de espatifar no chão.

Não posso estar morto, tenho coisas aínda para fazer, pendências mal resolvidas, assuntos importantes para por em dia sonhos para realizar, pessoas para abraçar, para pedir perdão, para perdoar, fiquei devendo! sempre confiei no depois, o depois era válvula de escape para o acerto de algumas contas, contas que pingava no vermelho.

Os sentimentos estava a mil, iam e vinham, explodindo em múltiplas emoções, de amargor, de tristeza, de raiva, rancor, medo, ansiedade... E culpa.

Rostos embranquecidos que dançam circulando em volta de minha cabeça, com bocas semi abertas de olhos fixos e distantes, desfocados passam diante de meus olhos, imagens mentais, e descontroladas que me bombardeavam

que poder de visualização profundo.

Que saudades do filho que não pude abraçar, e por em prática o treinamento da mais simples frase:

"Eu te amo"!

E o abraço desejado ?

— foi depositado junto da conta do "depois" — virou desejo inacessível.

É um pesadelo, logo vou acordar, deve ser uma visão, ou um efeito tardio de uma química, não me recordo de ter fumado, injetado ou cheirado, não antes de dormir, não neste dia.

Que dia era mesmo ?

Estou sem noção de tempo, do espaço, do corpo, da mente, uma confusão mental, desorganizada, como se fosse menino de muitas anos atrás , e ao mesmo tempo o adolescente de dias recentes.

Sou como um ser sem sentindo existencial.

O clima pesado, lento, Um movimento pausado, sem vento, sem ar nem luz, mais ao mesmo tempo, internamente estou agitado, não é agitação natural, é uma falta de controle dos sentidos.

Doug Braz
Enviado por Doug Braz em 29/10/2023
Reeditado em 11/11/2023
Código do texto: T7919382
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