mirabela o amargo sabor do destino-continuação

Carlão assusta-se e como num desafio pergunta-lhe:

- Para que o senhor quer que sequestremos aquela moça? não tem onde cair morta.

- Faça me o favor de não me perguntar nada. Quero-a aqui em vinte e quatro horas. Espero que vocês não banquem a imcompetencia de não trazê-la, ou será muito pior.

- Mas, D.Vaggio; vinte e quatro horas é pouco tempo. Talvez não consigamos ver a moça e...

- Chega!! não gosto que rebatam minhas ordens. Quero-a aqui em vinte e quatro horas e ponto final. Nem um minuto a mais.

Enquanto isso Fabricia tentava convencer Mirabela e sua familia de que ela e Mirabela deveriam ir à festa do amigo de Santiago.

- Chega Fabricia! eu não quero e nem vou à esta festa.

- É isso mesmo! Minha neta tem noção das coisas, não tente desviá-la do caminho certo.

- Eu não quero tirar ninguém do caminho certo, apenas gostaria que Mirabela fosse a esta festa comigo.

- Mas ela não vai e ponto final! Agua e óleo não se misturam. Aquela gente tem o nariz empinado, talvez humilhassem ainda mais a minha Mirabela.

Porém Fabricia era matreira. Sabia muito bem o quanto Mirabela era sensivel às suas lágrimas.´Aliás MIrabela não suportava ver ninguém chorar, Fabricia se aproveita da situação para chantageá-la e fingindo um pranto dilacerado sai correndo. Mirabela então vai atrás dela:

- Fabricia espere!

- Me deixe em paz Mirabela. Você não gosta de mim mesmo.

- É claro que gosto de você sua boba. Não diz besteira.

Ouvindo aquilo Fabricia se aproveita da situação e a encara fingindo

chorar: -Se gostasse realmente de mim não me negaria um prazer

como este de ir à uma festa bacana.

- Por favor Fabricia..esta gente não gosta de mim e...

- Mas o Santiago gosta, e é só isso o que importa. Olha Mirabela, eu já vou indo, sei que hoje eu morrerei de tanta tristeza. Até logo. Isso se eu não amanhecer morta.

-Espere Fabrica! se é assim tão importante para você ir à esta festa eu vou com você.

- Mas, e a sua mãe e dona Lázara?

- Não se preocupe, elas confiam em mim. Só não sei com que tipo de roupa eu irei a esta festa. Deve ter gente muito chique por lá.

- Eu posso te emprestar um vestido meu, tenho tantos. E nem sei para quê, não se diverte, não se vive nesta cidade morta. Meus belos vestidos estão até mofando, esperando um grande acontecimento que acho que acaba de chegar. Graças a você minha amiguinha.

Dizendo isso ela abraça Mirabela sentindo-se muito feliz. Ao vê-las

abraçadas a senhora Albertina comenta com a mãe:

- Mamãe, tenho a mais absoluta certeza de que Fabricia conseguiu convencer Mirabela a ir a esta festa.

Dona Lázara que acendia um cachimbo no canto da sala comenta:

- Eu tive esta certeza assim que ví Fabricia chegar com aquela cara de sonsa. Ela sabe o quanto minha neta tem um coração bondoso e se aproveita da situação. Com certeza fez alguma chantagem emocional. E Mirabela você sabe como é, não sabe dizer não para quem chora.

- Você está enganada mamãe. Mirabela não é boa, é ingênua, o que é muito diferente. Qualquer um a leva no bico, aliás ela é igualzinha ao pai. O Ulisses era comprado com qualquer livro ou alguma estória bonita que alguem inventasse. E nada me tira da cabeça de que este desaparecimento dele tem tudo a ver com a sua idiotice.

- Não desvalorize tanto assim a sua familia Albertina. Toda esta revolta dentro de você não é motivo para isso.

- Mamãe, eu só estou sendo realista. Que nós temos aqui em casa uma bobona não restam dúvidas. Só quem não consegue enxergar isso é a senhora.... E o Ulisses se estivesse aqui, ´também é outro igualzinho a ela.

Dona Lázara eleva um dedo a boca em sinal de advertencia pedindo silencio ao notar a aproximação de Mirabela e Fabricia. Porém revoltada dona Albertina se volta cochichando à mãe:

- Acho bom a senhora não impedi-la de ir a esta festa. É bom que ela se distraia bastante porque a conversa que terei com ela não será nada boa.

- Albertina não pense em fazer isso e...

- Oi Vó!

Mirabela senta-se no colo da avó beijando-a carinhosamente e dizendo-lhe: - Vozinha não fica chateada mas eu decidí por um

pouquinho de alegria no coração desta jovem.

Dizendo isso ela levanta-se e abraça Fabricia carinhosamente.

- Não me diga que decidiu ir à festa?

- Por favor vó, me deixe ir ou morrerei de remorso por Fabricia.

Ouvindo isso, a senhora Albertina que costurava lá no outro cômodo da casa dirige-se a filha: - Por Fabricia ou por você mesma? na realidade você também está morrendo de vontade de ir a esta festa e não quer dar o braço a torcer. Não quer admitir que morre de amores por aquele rapaz.

greice
Enviado por greice em 18/02/2010
Reeditado em 22/02/2011
Código do texto: T2093751