MIRABELA-o amargo sabor do destino

-Pronto Mirabela, agora você já pode me dizer o que está deixando este rostinho tão triste?

- Olha Santiago, a minha mãe vive revoltada comigo, está sempre buscando um motivo para me maltratar. Então eu estive pensando e cheguei a conclusão de que ela está certa.

- Como assim Mirabela? em que aspecto sua mãe pode está certa em lhe maltratar?

Ela porém olha para o céu como se buscasse consôlo no infinito para abrandar a dor que consumia-lhe a alma, depois encara Santiago de frente e com os olhos repletos de revolta:

- Santiago; eu sou mesmo o que a minha mãe diz; eu sou uma idiota, uma burra e mais uma tonelada de coisas que a minha mãe diz que eu sou...

- Tire isso da cabeça menina! de onde você tirou estas estas ideias?

- Santiago, apesar da minha idiotice eu consigo ver algumas coisas.Vejo pessoas da minha idade ou até mais jovens do que eu, que têm determinação, inteligencia. A minha mãe coitada queria que eu fôsse assim, que eu tivesse uma profissão. Mas não! eu fico aqui entre estas rosas, leio mal, escrevo muito pior. Eu não sou nada Santiago, também não condeno os seus pais. Parece que todo mundo enxerga o que eu sou, menos eu. Mas agora eu já sei o que eu sou, uma infeliz isso sim...

Ao ouvir tanta revolta Santiago toca-lhe de leve o queixo fazendo-a encará-lo e num tom suave lhe diz: - Olha Mirabela, me desculpe te dizer isso, mas nem parece que você é tão religiosa. Pois eu tenho certeza de que não é assim que Deus vê você. Esqueça o que as pessoas pensam ou deixam de pensar sobre você. Se você é feliz assim por quê se preocupar com a opinião dos outros?

- Você não está entendendo Santiago, eu não me importo com o que dizem os outros ao meu respeito, mas eu me importo com o que diz a minha mãe. O que ela fala é uma forma de desabafar a tristeza que há em seu coração por não ver a filha realizada na vida. Por isso ela me ofende. Isso me machuca muito por que eu amo de mais a minha mãe.

Santiago abraça-a ternamente afagando-lhe os cabelos, tentando confortá-la: - Não se menospreze assim Mirabela! você não é melhor e nem pior que ninguem. Se não pode agradar a sua mãe de um jeito, existem inumeras formas de fazer isso. Não é um pedaço de papel em forma de diploma que define o caráter de uma pessoa. Você pode não ser nenhuma intelectual mas a sua bondade, o seu amor, a sua humildade... isso tudo não se aprende em faculdades e tudo isso você tem de sobra. É nisso que a sua mãe tem que pensar. A sua mãe tem uma filha de ouro e não agradece a Deus por isso. E ouça muito bem o que vou dizer agora: eu não trocaria você por nenhuma universitária metida a besta.

CAPITULO IV

Mais tarde, lá pelas oito e meia da noite Mirabela contava alegremente para a mãe e a avó os detalhes da festa. Ela havia esperado Fabricia chegar mas, esta ligara muito revoltada, avisando que não iria á casa de Mirabela por que teria que ficar até tarde no bar para ajudar sua mãe, visto que seu pai encontrava-se com uma gripe muito forte, portanto estava de cama. Fabricia odiava aquilo, pois não suportava aquele bar que seus pais tanto insistiam para que tomasse conta. E na casa de Mirabela a campainha toca, a senhora Albertina levanta-se para atender. Era um homem alto, magro e muito mal encarado que procurava por Mirabela.

- Por favor senhora a Mirabela está?

- E quem é o senhor?

- Sou um amigo do Santiago, ele está aí fora querendo falar com ela.

- E por quê ele não entra?

- A senhora deve entender, ele sente-se constrangido diante de vocês.

- Aguarde um momento.

Neste instante Mirabela grita lá do canto da sala: - Quem está aí mãe?

A senhora Albertina volta a sentar-se no sofá dizendo-lhe tratar-se de um amigo de Santiago, enquanto que Mirabela dirige-se a porta:

- Pois não moço?

-Oi Mirabela, o Santiago está aqui fora querendo lhe falar.

- Ele deveria entrar, a minha mãe e minha avó não mordem. Mas não me diga que ele continua com aquela idéia absurda de sair de casa por causa de uma briguinha boba com os pais. Eu falei para ele ter paciência moço, para pedir desculpas e voltarem a ser uma familia feliz. Deus quer as familias unidas e felizes assim como a minha...

O homem torna-se impaciente diante da conversa de Mirabela e quase que irritado força-a a sair dalí: Entendo, entendo mas vamos logo, ele tem pressa em vê-la.

E Mirabela grita da sala despedindo-se da mãe e da avó sem saber que aquela seria sua despedida.

- Mãe, vó eu vou alí falar com o Santiago e já volto.

- Vê se não vai demorar Mirabela!

Ela acompanha o desconhecido sem saber o que lhe espera. Quando chega no fim da rua olha de um lado para outro na tentativa de ver Santiago e no instante em que vai encarar o homem para perguntar por ele, este a agarra bruscamente pelo pescoço aplicando-lhe no rosto um lenço embebido com clorotil fazendo-a desmaiar. Depois o homem a toma nos braços carregando-a até um carro que já estava na espera com um outro homem ao volante. Fazendo sinais e gritando muito o homem ordena ao outro que toque o carro em frente e acelere bastante. Mirabela havia sido sequestrada.

Passaram-se horas, minutos e segundos, milhões de segundos. Agora já passava das duas da manhã.

A senhora Albertina e a senhora Lázara já se encontravam com os nervos em frangalhos. Estavam com seus rostos inchados de tanto que choraram. A senhora Albertina havia circulado por todo o bairro em busca da filha, porém foi em vão. Ela foi em todas as casas de seus conhecidos até na de Fabricia e nada, nenhum indício de Mirabela. Ao saber do súbito desaparecimento da amiga, Fabricia ficou apreesiva e se prontificou a sair com a senhora Albertina para ajudá-la nas buscas. As duas agora encontravam-se em meio as ruas desertas do bairro.

Num terrivel tom de desespero a senhora Albertina põe as duas mãos na cabeça e senta-se no chão em meio a rua.

- Que destino triste o meu, meu Deus! perder a minha familia para o mundo.

greice
Enviado por greice em 10/11/2010
Código do texto: T2608018