Involução das Espécies - Parte 4

Parte 4 – Números Imaginários

- Ah! Óbvio que está errado, Huxley! Você tinha toda a razão em questionar este resultado!

O amigo estava pensativo.

- É a quarta vez, Charles! Tenho certeza que as amostras não foram contaminadas. O que eles concluíram aí deve ser a verdade.

- Este número é impossível, Huxley! Por que não me disse antes? Óbvio que eu ficaria do seu lado! Com certeza é alguma falha de software.

Huxley ficou minutos olhando os restos do velociraptor de cabeça grande. Enfim, retomou a conversa:

- Existem números imaginários, Charles?

- Como?

- A raiz quadrada de um negativo. Isto existe?

Charles respondeu cauteloso, sem imaginar onde o colega queria chegar.

- Bom, é um artifício matemático que nos ajuda a resolver muitos problemas antes insolúveis. O fato dele realmente existir ou não é...

- ...irrelevante, desde que seja útil para resolver nossos problemas. É isto, não?

- De certa forma estes números imaginários existem como uma abstração de raciocínio. Podemos somá-los, multiplicá-los, dividi-los, etc...

- Não sei se você está conseguindo ver onde quero chegar...

Permanece calado por vários minutos. É Charles que precisa interrompê-lo:

- Mas é óbvio que estes números negativos aqui estão errados, Huxley.

- Pois bem, Charles! Existem números negativos?

Ele se sentiu colocado em cheque mate num jogo de xadrez.

- Bom, eles representam algo que é devido. Que você espera que vá existir.

- Se eu te digo que existem MENOS seis laranjas numa cesta, como você formula isto na sua cabeça.

- Que me devem seis laranjas...

- Que você ESPERA que ainda vão existir seis laranjas na cesta, não é? Apesar delas ainda não estarem lá...

Charles começava a ficar impaciente. Ainda mais vendo aquele registro, resultado da datação radioativa: “origem da amostra: -45 milhões de anos atrás”

- Pode acelerar, Huxley? O que você está querendo dizer?

- Você sabe como funciona a datação radioativa, não é, Charles?

- Óbvio! Com o passar do tempo os isótopos radioativos da camada vão adquirindo configurações estáveis. Sabendo-se a meia-vida dos isótopos analisados e sua concentração atual, determina-se de quanto tempo no passado ele se originou.

- Certo. E o normal é esta concentração diminuir com o passar das eras, não é?

- Óbvio!

- Mas e se a concentração de isótopos de nossas amostras fossem consistentemente superiores às concentrações modernas? Um elemento GANHA isótopos com o passar do tempo?

- Não! Mas... Você quer chegar onde? Entre esta sua teoria e a minha da terra oca, prefiro a última!

- Se não os ganha, o fato de os ter em excesso significa que ainda os vão perder ?

Começam a chegar as primeiras fotos dos artefatos arqueológicos de 70 milhões de anos. Mamíferos humanóides bem primitivos são animais de estimação de aves-répteis racionais, como bem demonstravam aquelas gravuras antigas. Huxley não precisava de maiores provas para se convencer da verdade.

- Não sei como e porque isto acontece aqui, Charles. Mas não estamos escavando fósseis de eras passadas. Quanto mais descemos, mais vislumbramos fósseis de espécies atuais na forma que elas ainda vão evoluir no futuro!!!