O Circo Psicódelico Brasileiro

“Eu tive um dia ruim”. -Pensou o cidadão comum, após descer do trem que parte do centro para o subúrbio, a passos largos, eis que chega a sua vila cheia de casas sem reboque de blocos cinza reluzentes.

“Que bom!” – Pensou o cidadão, ao ver o boteco mal iluminado, além de bebidas alcoólicas e cigarros, aquele estabelecimento vendia outros tipos de “analgésicos”, dos mais nocivos e baratos fumados nos becos, até aos mais elaborados e finos, degustado nas grandes festas.

O cidadão sempre teve curiosidade de experimental este “analgésico” de play-boy, mas custava caro, mas uma daquelas forças incontroláveis que se abate no ser - humano o vez comprar o tal produto e o experimentou ali mesmo e caminhou para sua humilde residência, um tanto decepcionado, por não ter dado nenhum efeito, antes tivesse tomado a aguardente.

A passos lentos se topou com o carteiro que lhe com a voz em eco:

- Uma carta pra você... – Uma carta pra vo...cê. – Uma car...ta pra vo...cê. – U...ma car...

No coreto tocava uma música de circo no arranjo de uma caixinha de música e Raul Seixas cantava uma música nova:

“Eu estou feliz, porque agora tenho o meu carro”

“Eu estou feliz, porque tenho uma prestação de 30 anos”

“Eu estou feliz, porque tenho a copa do mundo”

“Eu estou feliz, Eu estou feliz, Eu estou feliz...”

A canção repetitiva foi interrompida por uma marcha de deputados, à frente nada mais nada menos que o espetacular Jose Sarney, tirando dinheiro dos bolsos e jogando-os ao vento e gritando:

“-Quem quer dinheiro?”

E som da marcha àqueles políticos se estapeavam pelas notas de 3 cruzeiros, cruzados novos, novo cruzado, cruzeiro novo, algumas valiam vinte por cento mais e tinham a estampa de um gatilho, mas o cidadão estranhou aquela frase “Quem quer dinheiro?”, aquilo não encaixava.

Então que percebeu que ao lado do coreto havia uma barraca de CDs piratas e Silvio Santos os vendia, utilizando os carnes, você pagava 12 prestações e no final retirava qualquer Cd pirata.

O Coreto deu lugar a beldades gustativas, tais como mulher-pêra, mulher-melancia, mulher-morango e outras que rebolavam ao som da marcha dos políticos que continuavam a brigar pelo dinheiro e do alto das lajes das casas simples, Ricardo Teixeira, dava risada alucinadamente, gritando:

“- Eu sou o dono do mundo!”

O cidadão, puxou um cigarro e passou por toda aquela confusão, ainda teve tempo de cumprimentar o Bozo que discutia com o Datena de quem era a culpa pelo excesso de chuva no verão.

O cidadão pegou um pedaço de outdoor caído e deslizou pela ladeira, levado pela enxurrada do céu sem nuvens e novamente ao som da musica de circo com arranjo de caixinha de musica.

Deparou-se no portão de sua casa e tudo estava no seu lugar, percebeu que o efeito do “analgésico” havia passado e pensou:

“- Nada que eu não tenha visto na vida real.”