O planeta dos mortos

Sobre a grade do projetor holográfico, no centro da sala escura, surgiu a imagem de um planeta azul e branco - mais branco do que azul - flutuando no espaço.

- K'malakaloka - disse o Nautarca Pasanov para a plateia que o circundava. Estavam presentes cerca de duas dúzias de agentes das Circunstâncias Especiais, a maioria humanoides.

- O que estamos escondendo dos Idirans? Qual é o truque? - Perguntou o Agente Thoremin Aher Valamur.

- Não há truque - retrucou Pasanov. - Mas, tecnicamente, K'malakaloka não é um planeta Q'til - embora fique em espaço Q'til.

- Mas houve uma colônia Q'til no planeta, pelo que li no material de consulta - insistiu Thoremin Aher.

- Isso foi há cinco mil anos - e a colônia durou, talvez, uns seis meses. Perda total. Os Q'til - ou qualquer outra espécie inteligente conhecida - jamais tornaram a por os pés no planeta de lá para cá.

- Acredita então que os Idirans concordarão em deixar K'malakaloka fora de sua esfera de influência?

- Parece razoável acreditar - disse Pasanov. - Pela simples razão de que há outros planetas como K'malakaloka em espaço Idiran. Os Idirans tampouco os consideram como "seus". Naturalmente, teremos que entrar em espaço Q'til para chegar até ele, mas fazer isso teoricamente é mais fácil do que tentar a mesma coisa no espaço Idiran.

- Supondo que consigamos chegar lá, - prosseguiu Thoremin Aher - que garantias há de não sofrermos o mesmo fim dos colonos Q'til?

- Por ora, o máximo que posso adiantar é que estamos trabalhando nisso. Ninguém irá descer em K'malakaloka sem que este problema específico tenha sido resolvido.

- Nautarca Pasanov? - Interrompeu-o uma agente.

- Sim, Galvana Orr?

- Afinal de contas, o que tem K'malakaloka a ver com a guerra contra os Idirans?

- Ótima pergunta, Galvana Orr. Poderia responder, Agente Especial Quindane Malwr Haaresi?

Quindane Malwr abriu um largo sorriso e disse uma única palavra:

- Nada.

[10-11-2012]