Entre Mundos - Cap. 2

Amanda estava saindo do chuveiro quando escutou alguém batendo na porta.

— Quem é?

— Sou eu querida! — Respondeu a voz de seu pai.

— Espere um momento! — Ela pegou o seu roupão e se vestiu. Enxugou um pouco mais o cabelo e depois foi até a porta. Abriu-a e viu seu pai. Um homem alto, de cabelos grisalhos, ombros largos e com um porte atlético. Ele estava usando sua roupa de trabalho, a farda de capitão.

— Olá pai.

— Oi querida. — Respondeu, meio sem jeito.

— Eu pensei que você já tivesse ido trabalhar.

— Já estou a caminho, só pensei em dar uma passadinha aqui pra ver como você está.

— Estou bem. Vou me arrumar pra dar uma volta com Kelly e as outras meninas. — Seu pai abriu mais o sorriso e falou.

— Que bom que você está se dando bem com as filhas dos almirantes. Pois bem, já estou indo. Tchau querida!

— Tchau. – E com isso ele saiu para o corredor e foi embora em direção à cabine de comando.

Enquanto se arrumava, ela se lembrou de como era a vida antes de seu pai ter lhe “arrastado” pra bordo do Marínian.

...

Já fazia seis anos que seus pais tinham se divorciado. Ela estava morando com sua mãe e só via o pai algumas poucas vezes, por causa do trabalho dele. Ela sabia que foi esse mesmo trabalho que fez com que eles se separassem. Em uma tarde, quando ela chegou do shopping, encontrou sua mãe à beira da piscina lhe esperando.

— Olá querida!

— Oi mãe! — respondeu Amanda. Ela se surpreendia de como elas eram parecidas. Duas lindas loiras, com corpo em forma, olhos azuis e com bom gosto pra tudo.

— Tenho uma ótima notícia. — Disse sua mãe alegremente. – Eu e o Manuel vamos viajar para Suécia nesse fim de semana... Acho que ele vai me pedir em casamento.

— Nossa mãe, que maravilhoso. — Elas deram as mãos e depois se abraçaram.

Amanda adorava Manuel, o novo namorado da mãe. Ele era lindo e divertido. E sempre a bajulava, lhe dando presente, levando-a pra passear pra onde ela quisesse. Uma vez ela achou que ele estava interessado nela, e não na mãe, pelo modo como ele a olhava, mas depois achou que era bobagem, que ele só estava dando muito atenção pra ela.

— Eu sei, é fantástico. E nesse tempo que eu estiver fora você vai poder ficar com seu pai. Mas assim q...

— É o que? — Disse ela, espantada. — Não espera aí. Ele está de volta? E quem disse que eu quero ficar com ele? E quem disse que “ele” quer ficar comigo? Se ele quisesse me ver ele já teria vindo aqui várias vezes. Mas não, ele prefere ficar viajando naquel...

— Calma minha filha. É claro que o Richard quer te ver, foi ele mesmo que me ligou perguntando sobre você.

Ela olhou pra mãe incrédula e disse.

— Então porque ele não ligou pra mim? Porque ele nunca liga pra mim? Pra perguntar como eu estou, o que estou fazendo... — Ela já estava com lágrimas nos olhos. — Não, eu não vou passar o fim de semana com ele. — E saiu correndo pra dentro de casa.

Dito e feito. Sua mãe viajou e ela ficou sozinha em casa, com seus empregados. Na manhã de domingo, ela estava dormindo em seu luxuoso quarto quando o seu mordomo bateu na porta.

— O que é? — perguntou, depois de um tempo, com a voz sonolenta.

— O seu pai está aqui. — disse o mordomo, do lado de fora do quarto.

— Manda ele embora!

— Ele está querendo falar com a senhorita.

— Não quero saber! — gritou, em resposta.

Ela escutou os passos de Alfred se retirando. “Que bom!”, pensou. Mas, um pouco depois, escutou os passos voltando.

— Vá embora Alfred! — Gritou novamente, antes mesmo de alguém falar alguma coisa. Mas a voz que respondeu era diferente da de seu mordomo.

— Sou eu querida, seu pai.

— Melhor ainda, VÁ EMBORA! – Mas ele respondeu com a voz calma.

— Meu bem, preciso falar uma coisa séria com você.

— Não quero saber! — Depois de um tempo em silencio ele disse.

— É sobre sua mãe, querida.

Ela pensou por um tempo, mas finalmente deixou que ele entrasse. Quando viu como ele estava nervoso, ela pensou na mãe e sentiu um arrepio na espinha.

— O que você quer falar da minha mãe? Não venha com...

— Querida! — Ele falou, tentando acalma-la. Quando se aproximou dela pra abraça-la ela se afastou ainda mais. Ele se entristeceu mais um pouco. — Aconteceu uma coisa com sua mãe...

— O que? Como... — Ela estava assustada, com os olhos lacrimejando. — O que ouve?

...

Essa lembrança ainda era deprimente pra ela. Mas foi a partir dali que seu pai começou a lhe dar mais atenção. No começo ela implicava muito com ele, mas com o passar do tempo eles foram se tornando mais próximos. Ela olhou para o celular e viu que já estava atrasada para o encontro com as meninas. Pegou sua bolsa e foi.

O dia foi ótimo, elas se divertiram. Fizeram compras, almoçaram juntas, foram ao cinema, paqueraram e foram paqueradas pelos garotos e garotas que também estavam por lá. À noite ela se encontrou com seu pai para jantarem juntos, isso também foi divertido, conversaram muito sobre tudo. Mais tarde, ele a levou de volta ao quarto dela, se despediram e foram dormir. O dia parecia que ia terminar perfeitamente bem. Mas, infelizmente, Amanda teve um pesadelo horrível. Tão terrível que a fez gritar enquanto dormia. Ela gritava tão alto que acordou todo mundo das cabines vizinhas.

Warverson
Enviado por Warverson em 15/09/2013
Código do texto: T4483050
Classificação de conteúdo: seguro
Copyright © 2013. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.