O TUNEL DO TEMPO cap 5

O TÚNEL DO TEMPO – cap 5

Paulo Sergio Larios

VOLTANDO NO TEMPO

- Voltem o sinal do Túnel em dez minutos. – Mandou o General Kirk.

Dez minutos era o tempo antes do aparecimento da aliança no fundo do mar, onde logo em alguns segundos apareceu Martina.

- Atenção! - Falou Ana – O sinal da aliança vem vindo. Jerry?...

Uma pequena aliança materializou-se na tela do Túnel. Todos esperavam o momento exato em que a moça apareceria. Foram mais de trinta horas desde que resolveram a transferência, eram muitos os cálculos a serem feitos, além de alguns ajustes realizados nos computadores. Diariamente novos softwares tinham que ser elaborados, para atender os requisitos necessários que apareciam diariamente.

A moça materializou-se logo em seguida, na tela do Túnel. Martina debateu-se por um instante na água que a chocou, pois não esperava por isso. Um medo profundo a invadiu de repente.

- Atenção. Cravado. Agora! – gritou Jerry. Ele realmente gostava desse trabalho.

Para salvar a moça, eles tentariam transferi-la para qualquer lugar no tempo; talvez a perdessem para sempre, mas era o risco que corriam. Segundos após Martina materializar no fundo do mar começou a sumir. A moça estava salva.

CAINDO NO TÚNEL

No mesmo instante que jogou a aliança no marido, Martina se arrependeu. Ela viu, como em câmera lenta, a aliança voando em direção ao peito do jovem e batendo no crachá esverdeado do Túnel do Tempo, e voando por cima da sua cabeça, indo mais além, atrás de si, ao mesmo tempo em que fumaça e estalos pipocavam para todo lado. O barulho era insuportável, ela não entendia o que estava acontecendo até que achou que a fumaça tivesse encoberto a aliança, pois não a viu mais, entretanto logo em seguida pareceu-lhe que ela caia em algum lugar. Um zumbido fraco, imperceptível zunia em seus ouvidos. Seu corpo parecia suspenso no ar, caindo, caindo... Luzes multicores apareciam enormes, ao seu redor, como flocos de luzes. Aquilo pareceu que durava uma eternidade, até que de repente, parecia ser puxada para um dos lados daquele lugar. A sensação de ser projetada para algum lugar foi ficando muito forte e de uma maneira inexplicada Martina foi jogada para o fundo do mar.

Num instante a água molhou todo o seu corpo, suas roupas, seu cabelo recém-feito. Martina sabia nadar e de forma automática procurou uma saída daquele lugar, mas ela estava no fundo do mar. Como seria possível. O gosto de água salgada era horrível. Quando caiu na água, cuspiu para fora o liquido e prendeu inconscientemente a respiração, mas ela não agüentou muito e o ar de seu peito saiu em golfadas. Ela tossiu, num gesto automático da biologia humana, pois a água invadia suas vias aéreas. Mas a tosse trouxe a sensação de sufocamento, que começou a fugir, pois uma paz a inundava, ela sabia que era a falta de oxigênio no cérebro, que a estava matando. Enquanto morria, Martina viu um enorme peixe pré-histórico passar bem próximo a ela. Ele tinha o tamanho de um submarino, pensou Martina, sentindo uma paz, como nunca tivera na vida. Seu coração que acelerou ao máximo, agora desacelerava aos poucos, parando, enquanto ela ia morrendo.

E de repente Martina viu as luzes multicores brilhando perto de si e ela foi tomando consciência do zumbido no ouvido. De repente ela foi puxada para algum lugar e caiu no meio da Sala do Túnel do Tempo, molhando todo o piso. As pessoas que estavam ali só a perceberam porque ela começou a colocar pra fora a água salgada que engolira, tossindo alto. Mas antes mesmo que alguém conseguisse se aproximar dela, a moça começou a ver as luzes multicores brilhando ao seu redor, enquanto o Túnel ia sumindo.

O PRISIONEIRO 57

Apesar de que eles tentavam dar o máximo possível de conforto, prisão sempre é prisão. Kirk foi conduzido até uma das celas e sentou-se numa cadeira que estava num canto. O homem dentro da cela vigiada com câmeras largou o livro sobre história contemporânea e cumprimentou o General.

- General Kirk, veio visitar um de seus presos?

- Um ilustre preso, eu diria.

- Imagino que a sua vinda até aqui é porque estão com um tremendo problemão nas mãos e não sabem o que fazer. E se você veio até aqui é porque sabe que eu posso ajudar, de alguma maneira. Mas, antes que você diga alguma coisa... Com certeza você deve ter ficado a noite sem dormir, imaginando o que é que eu posso pedir em troca. Não é mesmo?

- Dr. Douglas, você acertou em quase tudo. Eu preciso da sua ajuda, mas não, eu não vou lhe dar qualquer coisa que o senhor quiser. O senhor é um prisioneiro aqui e peço a sua cooperação.

A cela do Dr. Douglas era uma cópia bem parecida de um quarto. Havia uma grande estante com centenas de livros, um sofá num canto, defronte a uma TV que passava só programações leves e que não mostravam os jornais, ou outros programas que comentavam a história humana, ou a sociedade atual. Douglas não sabia nem em que ano estavam. Os livros e revistas que lia eram antigos, de mais de trinta anos. Jornais eram terminantemente proibidos.

Douglas era uma curiosidade enorme para Kirk, ele viera de algum lugar... fora do sistema solar.

CRAVADO EM SANDY

O general não estava na Sala do Túnel, na hora em que encontraram o sinal de Sandy, marido de Martina. O Túnel viu pela primeira vez um homem suspenso no tempo. Sem saberem explicar o que viam, todos na Sala olhavam para as luzes que piscavam como flocos, grandes, que pipocavam indo e vindo, intermitentes. Olhando para o homem que estava ocupando quase a totalidade da tela, tinha-se a impressão que ele estava caindo. Talvez caindo para frente, fosse uma possível explicação. As máquinas mostraram que os sinais vitais de Sandy iam se apagando, ele estava morrendo.

- Podemos parar o tempo do Túnel, para resolver o que fazer com o moço? – perguntou o Doug. A Dra. Anne McGregor foi quem respondeu, pois ela aos poucos ia se tornando uma especialista no Túnel.

- Os controles indicam, Doug, que ele está em estado suspenso a 100 dias.

- Mas como é possível isso? Ele não está lá nem há uma semana?

- Com certeza nós sabemos muito pouco sobre o Túnel do Tempo, assim como sabemos pouco também sobre o tempo. O moço está morrendo Doug. – disse Tony. Raymond e Jerry ficaram observando.

O próprio Doug deu a solução:

- É possível vocês mandarem Sandy para as mesmas coordenadas que a sua esposa, Martina?

- Acredito que sim. – respondeu Jerry, já mexendo nos comandos. Anne o ajudou e em instantes viram na tela que os flocos de cores, enormes, pareciam estar se mexendo mais rápido, até que Sandy sumiu, no tempo.

NA CELA DE DOUGLAS

- Imagino, general Kirk, o que seja que o está preocupando, mas gostaria que você o dissesse. – Douglas ficou olhando para Kirk, esperando apenas o que ele já sabia.

- Alguém está vindo pelo Túnel, de coordenadas fora do nosso sistema solar. Provavelmente do mesmo lugar que você veio. Detectamos um exército, de uns mil homens, mais ou menos.

- É Kirk, você tem um problemão, como eu já tinha lhe dito. E o que é que você quer que eu faça?

- Eu quero saber como barrar a vinda desses... seres, até o planeta Terra.

- Me desculpe, mas você não tem como pará-los, com certeza, eles virão e ai haverá uma guerra. Esses são só os primeiros, muitos ainda percorrerão o caminho da Máquina, como a chamo, ou do Túnel do Tempo, como vocês chamam.

- A minha pergunta Doutor, é como você poderia nos ajudar.

- E porque eu os ajudaria general. Desde que aqui cheguei sou tratado como um prisioneiro.

- Você apareceu no Túnel com um grupo terrorista, atirando em tudo e em todos, a uns três anos e foi capturado por nós. Você não é bem quisto por esses seres que estão vindo ai, deu pra perceber. O que você acharia se eu o deixasse propositalmente na Sala do Túnel, quando seus conterrâneos chegassem? – O general viu quando as sobrancelhas do doutor Douglas tremessem.

- Faça como você quiser, isso não me importa.

- E se doutor, eu o levasse até onde está a sua filha e lhe prometesse liberdade na Terra, vigiada, é claro, mas liberdade, ainda assim?

A filha do doutor Douglas viera à Terra, em missão a quase vinte anos; até agora ele nem sabia se ela estava viva, ou não.

- E como vou saber se você não está blefando e você nem sabe onde ela está?

- Eu não estou blefando. Vou levá-lo a uma sala onde nos comunicaremos com ela e ai você vai dizer como poderemos ganhar a batalha contra esses seres.

- Isso eu já posso dizer agora: com a tecnologia que temos em nosso planeta, vocês não podem nos vencer... jamais.

Continua...

pslarios
Enviado por pslarios em 31/10/2013
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