ReEvolução Capítulo 3 : Segredos de amigos

ReEvolução é uma história baseada na evolução natural do homem, mas numa pacata cidadezinha é descoberto uma caverna que possui uma bolha temporal onde a evolução cerebral é acelerada, mas o que aconteçe quando um ser humano consegue usar 100% de sua mente?

No Capítulo 3: Tom descobre que sua pequena cidadezinha natal já não é tão pequena como antes, seus amigos agora já estão bem independentes, e um deles tem uma relação muito forte com o homem misterioso que ele prometeu procurar a Júlia, mistérios circundam sua cabeça, e seu "eu" oculto cada vez se torna menos oculto, as peças ainda não se encaixam, mas começam a aparecer!!!

Já passava das 14:00, Juan, Doug e Carol já estavam impacientes, Bruno já estava com o carro ligado, só faltava o David, acho que depois de tudo o que aconteceu lá na empresa ele tinha perdido o ânimo pra curtir aquela esplendida tarde ensolarada, porém eu, felizmente estava enganado, pois quando terminei de tirar essa conclusão lá estava vindo ele, com roupas esportivas, mas sempre com tonalidades sombrias, então todos pularam pra dentro do carro e Bruno nos levou aos melhores lugares da cidade.

Era impressionante saber o quanto a cidade cresceu, as opções de diversão eram realmente variadas, um enorme Shopping, várias danceterias, Boates noturnas, Lan-Houses e tudo mais, e é claro as inesgotáveis lanchonetes , era muito bom estar de volta, e era melhor ainda do lado dos amigos.

Já passava das 18:00 e David tinha que partir, segundo ele, haveria uma reunião de negócios em poucos minutos, pouco depois foi a vez de Doug, também tinha uma reunião, só que era uma reunião mais íntima com mais uma de suas aventuras amorosas, como era verão o pôr do sol se tornava um pouco mais longo, então tomamos rumo a praia, Bruno, eu no banco do carona e atrás Juan se empanturrando com aquelas gordurosas refeições de Fast-Food e Carol, sempre louca, a maioria das vezes estava com a cabeça pra fora do carro dando gritos histéricos, chegamos na praia e ficamos admirando aquela linda paisagem, Bruno tomou rumo junto com a Carol num quiosque ali perto pra comprar uma comida pra gente, ficou eu e Juan, ele estava muito calado, então eu resolvi quebrar aquele clima: “E aquela garota Juan?” perguntei de uma forma bem indireta, mas ele sabia perfeitamente de quem eu falava, eu queria saber da menina que ele gostava e que iria mostrar a coleção de baratas, ele virou a cabeça pra baixo e começou a desenhar na areia... eu não tinha acompanhado o desenrolar da história deles dois, pois foi no tempo em que eu estava me mudando da cidade, percebi que algo não tinha terminado bem devido a sua reação, então fiz outra pergunta: “O que aconteceu? Vocês chegaram a ficar juntos?” ele respirou fundo e ficou olhando o sol se escondendo atrás das nuvens, virou-se pra mim e falou: “Chegamos sim... mas foi por pouco tempo... ela foi embora, os pais dela a levaram, ela não teve tempo nem de se despedir de mim, e nunca mais tive contato com ela...” Juan abaixou a cabeça e continuou a desenhar na areia, eu fiquei inerte, calado, todos passam por problemas na vida, só que o Juan era uma pessoa bacana, muito sincera e sensível, não merecia algo assim, logo pensei em mudar de assunto, fazer com que ele esquecesse aquilo, só que não vinha nada em mente, olhei para Bruno e Carol que se aproximavam com os cachorros quentes então decidi pergunta-lo o seguinte: “E a Carol, pode me dizer o que aconteceu com ela enquanto estive fora?” Talvez com uma pergunta dessas Juan esqueceria do que havia acontecido com ele e contaria um pouco sobre a maluquinha da Carol, porém o tiro saiu pela culatra, ele assumiu uma postura séria, algo que era difícil ver em Juan, ele se virou pra Carol e a ficou olhando, naquele momento eu percebi que algo sério aconteceu com ele e a Carol, será que eles tinham ficado? Bem até que não seria de admirar, afinal os dois tem uma forma diferente de levar a vida, Juan com seu jeito largado para os problemas da vida e a Carol com suas idéias malucas de se safar de situações embaraçosas, os dois juntos formariam um inusitado, mas lindo casal, porém o que havia acontecido entre eles que deixou o Juan tão sério, não me contive e insisti na pergunta: “Você sabe alguma coisa da Carol?” ele prendeu a respiração, ficou imóvel, nem olhava pra mim, Carol e Bruno estavam se aproximando, então Juan se virou pra mim, segurou meu braço de tal maneira que parecia um frágil galho em sua poderosa mão, olhou pra mim e falou sussurrando: “Acredite em mim cara... a Carol ninguém pode ajudar, da mesma forma que ela também não pode ajudar ninguém, ela tentou me ajudar quando eu mais precisava e não deu certo... eu tenho que ir...” após essas palavras ele saiu acelerado, como se fugisse da Carol que se aproximava com o Bruno, Carol,e Bruno viram a cena e não entenderam muito, aliás nem eu entendi aquela pressa do Juan... “O que deu naquele maluco?” perguntou Carol me oferecendo um cachorro quente, eu me levantei, peguei da mão dela e apenas disse disfarçadamente: “Ele tinha uns problemas pra resolver...” tinha que falar isso, não queria dar muita trela pra esse novo problema ali na frente do Bruno, pois sempre notei que a Carol e o Bruno não se davam muito bem, era como David e eu, um suportava o outro, então ali com Bruno por perto a Carol nunca iria me contar o que realmente houve entre ela e Juan, passou mais algum tempo e Bruno como sempre tinha aquele espírito de liderança, disse que já estava tarde e era hora de partir, ofereceu uma carona pra Carol, mas eu intervi: “Tarde? A noite só está começando cara...” eu conhecia a Carol muito bem, com essa frase ela se motivaria a criar um pequeno motim, e foi o que houve, não demorou muito pra ela também falar: “Putz... você parece velho Bruno... amanhã ninguém trabalha ou estuda... relaxa...” Bruno era muito decisivo em suas metas, se ele falou, tá falado, mesmo estando em desvantagem, e continuou a falar de forma um tanto irônica: “Tudo bem, vocês que estão “jovens” curtam a noite, eu estou “velho” tenho que ir pra casa, mas perderam a carona, pois estou indo...” e lá se foi ele com a cara fechada, eu o conhecia muito bem, sei que no dia seguinte nem se lembraria mais dessa briguinha, Carol morria de rir, só que tive que interromper a sua risada com a pergunta que não conseguia mas me conter: “Carol...” eu falei em um tom muito sério, logo ela percebeu e se calou olhando pra mim desconfiada, então continuei: “O Juan saiu daquele jeito apressado depois que eu perguntei sobre você... ele me disse umas coisas que me deixaram confuso...” Carol olhou pra mim e depois ficou olhando pro cachorro quente, pensando no que ia falar, e falou: “Não tente entender Tom... Juan também tentou me entender mas não conseguiu, e deu no que deu...” aquela resposta dela não conseguiu me esclarecer nada, continuei a interroga-la: “Como assim? O que aconteceu entre vocês dois?” Já mencionei a você caro leitor que aquela garota era maluca? Ela sempre provava pra mim que era com suas ações extravagantes, quando terminei de fazer esta pergunta ela simplesmente jogou seu cachorro quente pro alto, aproximou-se muito rápido de mim, colocou sua perna direita paralela a minha perna esquerda empurrando-a e me forçando a literalmente cair de bunda na areia, e antes de eu recobrar meus sentidos ela já havia pego o cachorro quente que estava no ar... antes de eu falar qualquer coisa ela me disse: “Tudo bem... você é meu amigo merece saber o que aconteceu entre o Juan e eu...” e continuou a comer o cachorro quente... mesmo de boca cheia continuou a contar-me a história: “Um montão de coisas me deixam tristes... ver as pessoas tristes me faz ficar triste também...” Caro leitor, estou retratando com fidelidade cada palavra que saiu da boca dela, junto com os farelos do pão do cachorro quente, portanto não estranhem a forma com que ela fala, afinal de contas, creio que não preciso mencionar novamente que ela é... maluca... continuando: “Naquele tempo o Juan tava triste por causa da partida daquela moleca... os dois se gostavam muito... eu também tava triste... não por ele... meus motivos eram outros... mas o Juan você sabe, tá sempre com aquele jeito de “posso ajudar?” e do jeito que eu tava não neguei sua ajuda, e até peguei aquela mania dele de ajudar as pessoas, mesmo ele tando triste pela partida daquela patricinha, ele se interessou em me ajudar, aquilo me deixou muito feliz, pois eu percebi que eu era percebida... ele não era bem a pessoa que eu queria... mas do jeito que eu tava, do jeito que ele me amparou, terminou acontecendo...” dito isto ela jogou fora o guardanapo do cachorro quente que já havia sido totalmente consumado, então ela caiu na areia, sentada de frente pra mim, me olhando com uns olhos muito tristes, do jeito que aconteceu me fez lembrar a forma com que encontrei a Júlia, tanto eu como ela estávamos passando por momentos muito difíceis, no entanto algo de estranho aconteceu entre Carol e Juan, por que ela estava triste daquele jeito... resolvi perguntar: “Ora, mas se vocês ficaram juntos era pra você estar feliz, por que você tá com essa cara tão triste?” ela me olhou ainda mais expressivamente, e desabafou: “Por que não era pra ter acontecido... eu e ele nunca daríamos certos... não era ele quem eu queria... eu só fiquei com ele por que eu tava muito pra baixo... tanto que nosso caso não durou muito tempo, eu terminei com ele, eu quis terminar pra não continuar o enganando...” a situação estava se tornando tensa, minha curiosidade aumentou então eu continuei a perguntar: “Mas de quem você estava afim?” ela olhou pro alto, ficou olhando pra lua, como se buscasse forças pra me falar, e falou: “É melhor você não ficar sabendo quem é essa pessoa... é melhor deixar como está, eu não me sinto preparada ainda pra assumir que gosto dele, e acho que ele nunca vai gostar de mim...” hum... aquela forma cheia de pontos de interrogação de falar estava me deixando sem paciência, segurei ela pelos ombros, ela se assustou e perguntei com mais entonação: “Carol deixa de ser boba!!! Se você gosta de alguém vai atrás dessa pessoa!!! Não fica aí pelos cantos se arrastando, já vi que você não quer me falar quem é ele, mas uma coisa eu garanto, não há quem não goste de você, sinceramente, você pode ser bem maluquinha, no entanto é isso que ti faz especial...” ela ficou estática, e eu também, não havia percebido, mas novamente eu tinha sido empossado por aquele outro “eu” e só agora que eu tinha percebido o que aconteceu... eu a deixei muito sem graça, e a Carol não é de ficar assim, só que agora estava, tive que pedir desculpas...: “Er... Carol, desculpa por ter falado isso tudo pra você... eu tava um pouco nervoso e...” não pude completar a frase, ela simplesmente me atacou, com vários cascudos e beijos no rosto, ela sempre fazia isso como forma de agradecimento, terminado aquela sessão ela se levantou, com um sorriso que ia de uma ponta a outra, começou a se afastar e foi falando pra mim: “Tom, você me abriu os olhos... amanhã vou seguir o seu conselho!!! Espero que de certo!!! Tchau!!!” e lá se foi aquela maluquinha... seja lá o que for que ela tinha em mente era algo relacionado ao que eu falei no meu estado de “dupla personalidade”, como sempre aquilo acontecia sem eu querer, mas valeu a pena, pelo menos eu abri a mente daquela garota teimosa...

O dia já havia terminado, era hora de voltar pra casa do Bruno, tinha que dormir bem, pois na manhã seguinte eu iria de encontro a um problema maior, o pai de Júlia e de David também...

Os amigos crescem, uma ordem natural, mas os segredos quando são revelados fazem com que peças se encaixem, amanhã será um novo dia na vida de Tom, mas será decisivo, pois ele irá de encontro ao homem que é pai de David, muitos mistérios serão revelados, mas o verdadeiro mistério, que nem mesmo Tom espera, está muito perto de ser desvendado

Não perca o próximo capítulo

----> Continua <-----

InsanaMente
Enviado por InsanaMente em 22/04/2007
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