COMO É O BRASIL EM UM UNIVERSO PARALELO (Pt. II)

Pascoal ouvia de seu hóspede involuntário o relato que explicava a perseguição que o fizera viajar pela dimensão X.

– Pelo que seria aqui a internet eu tentava alertar os dormentes sobre as táticas que a elite global governante usava para ocasionar a História em favor de seus membros. Quando me pegaram eu alertava sobre o que estava por trás de uma epidemia que estava sendo divulgada.

De um continente existente por lá disseram haver a contaminação por um vírus bastante perigoso, cujo acometimento dele matava um indivíduo em poucos dias. Essa era a premissa para criar o terror entre as populações daquele mundo. Podemos dizer que o continente equivale à África daqui e o vírus ao Ebola.

As mortes aconteciam no tal continente aos nativos dele, mas eram por outros motivos. Era a população negra local bastante dominada e considerada pela elite global como imprestável. Eles queriam com as mortes no local desocupar o continente para tomar conta do lugar e distribuir as terras e as riquezas entre si e com o medo de pandemia fazer com que a população das outras regiões mais evoluídas socialmente patrocinassem a ação.

Uma vez convencida da existência do mal e da possibilidade de ele se alastrar, as populações dos outros lugares sucumbiriam à necessidade, que saberiam pela mídia, de se protegerem mediante a aplicação de uma vacina. A vacina para o vírus, que jamais conseguira ser fabricada, em poucos meses surgiria e os governos precisariam da condescendência de seu povo para fazer o vultoso investimento do dinheiro público para adquiri-la. Aterrorizados pela mídia, a autorização seria facilmente arrancada e uma fundação pertencente à elite global iria faturar com a venda do placebo. Essa fundação deseja que a população mundial daquele mundo seja reduzida, então, ela aproveitaria o caminho livre para aplicar infertilizantes, esterilizadores, modificadores da sexualidade ou agentes abortivos nos que fossem se vacinar. Essa mesma companhia encoraja leis de abolição de aborto em todo o globo.

E eu estava a alertar quanto a isso e a alcançar popularidade. Entraram, então, em uma ação repressora que visava desencorajar as minhas ideias e intensificaram o terrorismo informativo pela mídia. Porém, atento ao que faziam, eu rebatia cada argumento que eles davam de maneira contundente. E no dia seguinte, nos ônibus e noutros lugares populares onde se consegue feedback do que pensa a população, se constatava a inércia das pessoas quanto ao que era propagado sobre o tal risco de doença. Precisavam, então, me tirar de combate. Eliminando-me ou me transformando-me em um criminoso e com isso me encarcerar sem condições de praticar meu ativismo e com o crédito do que eu propaguei até então junto aos populares desmerecido.

– E o que se sucedeu? Perguntou Pascoal.

– Primeiro tentaram me localizar, chegar até mim, me intimar ou quem sabe já me matar. Só que estava difícil, pois eu usava o computador com IP anônimo, endereços de e-mail inidentificáveis e perfis falsos em redes sociais. Eu não deixava rastros para eles postando fotos ou prestando informações corretas sobre mim que pudessem ser usadas para se chegar até onde eu pudesse estar. Por lá essas redes ou todos esses serviços pertencem ou trabalham para essa elite comandante. Não existe liberdade na rede mundial de computadores de lá. Nós da sociedade secreta sabemos disso, por isso usamos a comunicação presencial segura, comunicada através de simbolismos, e não a tecnologia para nos comunicar. Não damos vazão para o que aqui vocês chamam de escuta telefônica, echelom, rastreador de IPs e de MACs ou outros meios de se identificar motins.

O meu vacilo foi manter um namoro à distância com uma fêmea que morava em uma cidadezinha de um Estado ao sul do meu país de origem. Ela fora para lá de outro Estado. Este ao norte. Em determinado momento ela viajara até o local fixo onde eu morava. Ia morar comigo uns tempos.

Nisso, como a quererem se comunicar comigo, começou a aparecer nas emissoras de televisão que Silbra já tinha um caso suspeito da tal contaminação. Disseram que o infectado passara pelo aeroporto que a minha fêmea desembarcou em uma das escalas que fez. Mencionaram o dia e o horário exatos da passagem dela por lá. Quando ela ouviu isso ela estava ao meu lado e disse que talvez tivera contato com o tal moribundo, que nem se sabia ser verdadeiro. Minha reação foi desligar a tevê e pedir para ela esquecer o que ouvira. Tentei acalmá-la falando um pouco sobre o estratagema empregado e sobre a minha predisposição para ser alvo da notícia. Ela não entendeu, mas aceitou.

Pareceu-me que a mídia não se convenceu de que conseguiu que eu desse audiência para o recado. E também não conseguiram mais do que localizar a região onde minha fêmea foi parar. Pelo celular dela eles a rastrearam. Gravaram o número que ela usou quando ligou para mim do aeroporto e logo que ela fez uso no destino a que chegara eles mapearam a região. Sem contar que o aeroporto de destino final servia de localização. Nem adiantou ela comprar um chip local imediatamente e não usar mais o que estava catalogado, que foi o que ela fez para se livrar de ter que gastar muito dinheiro com telefonia móvel por estar em DDD diferente do do número do telefone que ela usava.

A seguir apareceram com outro caso de contaminação dentro do território silbraleense. Dessa vez disseram que era na cidade de onde minha fêmea saíra antes de ir para a minha casa. Só fizeram com que eu conseguisse convencer a ela de que realmente o que a mídia fazia era terrorismo informativo. Não demos bola para o terror.

Como eu havia feito uma ironia com a informação que eles davam para explicar a necessidade de a população de cada país autorizar o envio de dinheiro para a conspiração, eu havia dito que quando eles inventam um vírus para assombrar os raterianos a origem é sempre o continente que aqui seria o africano, eu permiti a eles que imaginassem outra forma de me amedrontar.

Nossas cidades estavam tendo problemas com outra moléstia. Uma parecida com o que aqui chamam de dengue. Porém, o que seria a dengue por lá, com o potencial para assustar alguém ela já estava erradicada. Eles inventaram, então, que no Estado onde eu morava, em uma cidade bem perto da que eu me situava, uma variação do causador da tal moléstia, a qual ganhou outro nome, estava surgindo como uma endemia e era caso para preocupação dos habitantes locais.

Fizeram uma matéria fria na televisão, na emissora número 1 de lá, que dá a partida para o que as outras emissoras e o restante da mídia irão informar, considerando, a matéria fria, que a moléstia já era existente e tendo vitimado pessoas à morte em um passado não muito recente de então. Mostraram o mapa da doença e colocaram o Estado natal da minha fêmea como um dos pontos atingidos. Para mim ficou claro a manipulação, mas para ela não, ficou foi apavorador. Com isso, ela usou sem eu ver o meu telefone celular, que já estava grampeado, e ligou para a casa da mãe. Foi aí que encontraram minhas coordenadas.

A margem de erro do GPS por lá é medida em metros. No dia seguinte bateram na minha porta para me ameaçar de morte. Então, procurei meu pessoal e tomamos a decisão que eu teria que sair de circulação. Aproveitando que precisavam de um cobaia para servir de viajante no protótipo que desenvolvíamos, me ofereci para o feito e aqui estou. Longe de ser capturado e com a missão de olhar tudo por aqui e voltar para lá para contar para os outros.

Mais coisas Pascoal quis saber antes de dar para seu recém conhecido a má notícia de que o Brasil ou a Terra não era o lugar certo para ele viver com seus amigos. Visto que Coalpas foi vítima de manipulação social, o professor quis saber mais sobre isso. O estabelecimento no planeta Terra faz uso de muita engenharia social para permanecer no poder e sob as mesmas condições e quem sabe não haveria semelhanças com as táticas usadas pelo establishment do planeta Rater.

Acompanhe a próxima parte deste conto para saber as maneiras como elites manipulam mundos.