A Invasão.

A INVAZÃO.

Era o mês de Abril do ano de oitenta e dois, naquele fim de tarde de uma sexta-feira, na pequena cidade mineira de Rio Casca, despontava no horizonte os matizes coloridos de um lindo alvorecer. Naquele dia eu estava no quintal da minha casa na copa de um grande pé de jambo, aquela era minha árvore preferida e o seu fruto um dos mais deliciosos. Era meu costume contemplar o por do sol na copa de alguma das grandes árvores que havia no quintal de casa. Quando não era o pé de jambo era o pé de abacate, lembro-me perfeitamente da primeira vez que vi o estranho objeto, jamais vou esquecer aquele dia, ou melhor, aquele fim de tarde.

O estranho objeto de que estou falando, tinha um formato de um prato de cabeça para baixo, o objeto girava em torno de si mesmo a uma velocidade absurda. Também havia luzes na parte de cima e na parte de baixo, as luzes piscavam, embora não fosse possível precisar se a luz tinha alguma cor. A imagem causou-me tal impacto que quase cai do pede jambo, de repente o objeto sumiu, voando a uma velocidade impraticável para uma aeronave convencional. Desci da árvore aos berros chamando o meu pai.

_Pai, pai, corre aqui, pai, pai, rápido vem.

_O que foi menino, que gritaria é essa, parece até que viu um fantasma, que cara é essa de assustado. Disse o papai da varanda de casa.

_Eu vi um óvni, lá de cima do pé de jambo.

_Como é que é menino, que besteira é essa, deu para inventar historia agora.

_É verdade papai eu vi, eu juro.

Papai deu de ombros, como o imaginei ele não acreditou em mim, mas não demoraria muito e sua opinião mudaria, não só a dele, mas a de toda a cidade. A segunda vez que avistei esse misterioso objeto foi pela manha, no momento em que eu estava indo para a escola. Neste dia eu estava sozinho, o Paulinho meu colega de classe estava doente, o interessante que também neste dia resolvi e não sei dizer por que, tomei um caminho diferente para a escola, ao invés de ir pela praça principal, tomei o caminho de terra que havia por traz da prefeitura, eram seis horas da manha, o sol riscava no horizonte os seus primeiros raios, sempre gostei de contemplar a natureza, o nascer é o por do sol, e foi neste momento que o estranho objeto apareceu não muito distante de mim, a mesma forma, girando a uma velocidade absurda e com as luzes, que dessa vez deu para perceber que era azul, a aparição não demorou nem um minuto, e da mesma forma o estranho objeto foi embora.

Ao chegar à escola a primeira coisa que fiz foi contar para a professora e para os meus colegas, ninguém creu em mim é claro, eu virei motivo de chacotas e piadas o resto da semana, mas também era questão de tempo até para que todos da mesma forma contemplassem o estranho objeto girante. A terceira vez que o objeto apareceu para mim foi durante a noite, neste dia sim pude deslumbrar de uma visão com riqueza de detalhes, como eu já havia visto o objeto duas vezes fiquei obcecado com a ideia, e comecei observar também durante a noite, foram cinco noites sem ver nada, mas na sexta noite precisamente as zero hora em ponto, o objeto voador como num passe de magica, agigantou-se na minha frente, só não cai de costas pelo fato de já estar deitado na laje de minha casa, perdi a voz naquele momento tamanho foi meu susto, bem diante dos meus olhos a mais ou menos uns vinte metros de distancia, a nave na forma de um prato de cor prateada, não o prateado que estou acostumado mais um prateado diferente, as luzes na parte de cima e de baixo eram azuis, e no corpo da nave tinha como uma espécie de desenhos semelhantes aos hieróglifos Egípcios, a nave não fazia nenhum tipo de som, ficou ali parada por cerca de cinco minutos depois foi embora, lentamente até desaparecer da minha vista. Eu fiquei ali parado por um bom tempo, numa espécie de paralisia, meu celebro tentava assimilar a ideia tive muito medo, três vezes já não era mais coincidência, e dessa vez eu não contaria nada a ninguém, desci da laje fui para o meu quarto tentar dormir, mas o sono fugiu de mim naquela noite.

No começo de maio surgiram os primeiros relatos de pessoas que diziam terem visto a tal nave, as descrições era idêntica, o mesmo formato a mesma luz azulada, sempre de manha e no final da tarde. Primeiro foi um casal de idosos, depois um professor da minha escola e todos relataram a mesma ciosa, fato que chamou a atenção de imprensa de Rio Casca, parecia até que a cidade tinha sido escolhida, muitas teorias começavam a aparecer, inclusive a de uma invasão alienígena.

A surpresa maior foi a aparição de mais de uma nave, e para mais de uma pessoa ao mesmo tempo, e todas as naves eram idênticas, eu e o papai avistamos eu um fim de tarde de domingo. Durante a noite as aparições eram mais frequentes, era um festival de luzes azuis. Os jornais de Rio Casca noticiavam os fatos, com fotos surpreendentes que chamou a atenção de muitos estudiosos do assunto. Depois vieram os desenhos em plantações de milho e de soja, desenhos enigmáticos, com formas geométricas, com medidas e formatos perfeitos, impossíveis de serem reproduzidos por mãos humanas. O estranho fenômeno sempre ocorria durante a madrugada, presenciado por muitas pessoas que diziam terem visto as naves sobrevoarem as plantações e as luzes azuis da parte de baixo da nave fazerem os desenhos.

Quando outras cidades souberam das aparições e viram as fotos nos jornais, vieram aos montes, de todos os locais, formaram até grupos que acampavam noites e mais noites na tentativa de avistarem as estranhas naves. O mais estranho disso tudo é que desde que pessoas de outras cidades apareceram, nenhuma nave foi mais vista, simplesmente desapareceram.

Ufólogos de diversos institutos teorizavam as mais absurdas ideias, dizendo que a cidade de Rio Casca foi escolhida pelos alienígenas por algum motivo, talvez algo que tivesse escondido no solo que os pertencessem, enfim, imaginar ainda é pouco perto do que falaram. Esta suposta invasão durou dois meses, ou sessenta dias, foi feito sessenta desenhos nas plantações, foram avistadas sessenta naves ao todo, mistério que ninguém respondia.

O que eu não disse a nenhuma pessoa é que as naves continuavam a aparecer para mim, não como das outras vezes, mas com data e hora certa, estranhos desenhos eram feitos pelas naves em pedras, que eu entendi serem para mim, aquele seria um mistério que eu teria que resolver, era apenas o começo, coisas espantosas seriam reveladas a mim e eu teria que revela-los ao mundo, na hora certa e no momento certo.

Tiago Pena
Enviado por Tiago Pena em 12/02/2015
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