N-19 (Parte Final)

O sofrimento tem a propriedade de fortalecer as pessoas. Estávamos mais durões, apesar de ainda mal alimentados e debilitados pelo cansaço. Estávamos mais determinados, apesar do desespero que nos rondava. Criamos blindagens para os veículos, armaduras para os membros do grupo que saiam em missões de assalto e combate. Os seres extraterrestres descobriram que estávamos conscientes dos seus planos e emplacaram uma perseguição massiva a raça humana. A guerra tinha sido declarada. Os primeiros meses de fuga foram alucinantes. Aprendemos a operar o veiculo alienígena que nos serviu varias vezes, pois parecia ser alimentado por energia solar e não era limitado pela falta de combustível. Negociamos alianças com outros pequenos grupos humanos, aumentando nosso número. Mantínhamos uma busca incessante por armas, realizando saques em lojas de material esportivo e caça, arsenais particulares, delegacias de policia, etc. Mas, no fundo sabíamos que a superioridade tecnológica dos alienígenas em algum momento iria nos subjugar. Era uma questão de tempo para nos tornar escravos, mas não iríamos nos render tão fácil, daríamos um pouco de trabalho aos desgraçados. Patrulhas alien varriam os bairros abandonados, ruínas de construções, florestas urbanas, qualquer lugar onde pudessem encontrar um esconderijo humano. As vezes nos valíamos disso para armar emboscadas, obtendo sucesso muitas vezes. Tínhamos a vantagem do terreno. Apesar de serem adaptados a atmosfera terrestre, respirar nosso ar constantemente não os fazia bem, por isso o individuo da sua espécie que resgatamos, estava debilitado. As vantagens deles eram a imunidade ao N-19 e possuir poder bélico superior. Cada vez que os derrotávamos, nos apossávamos de suas armas e as utilizávamos no combate, tanto contra os infectados, quanto contra eles próprios. Muitos de nós fomos capturados e levados a campos de trabalho, onde éramos usados ate nossos corpos não conseguirem mais trabalhar e cruelmente, éramos devolvidos a selva que havia do lado de fora dos pólos extraterrestres, para que os infectados nos finalizassem.

Quase um ano já havia se passado nesse clima intensamente hostil. Farrapos humanos era o que éramos. As pessoas se tornaram ainda mais insensíveis. Já não fazia diferença ser contaminado ou morto em combate. Os mais fracos haviam morrido há muito tempo. A comida se tornou mais escassa, pois os aliens queimavam as plantações toda vez que as encontravam. Centenas de incêndios provocados pelo conflito deixavam o ambiente cheio de fuligem, o ar pesado, os dias sem sol e as noites mais tenebrosas. Depois que explorassem todo o minério do planeta os aliens partiriam, isso aqui não os interessariam mais então as bestas resultantes do ataque russo, reinariam sobre essa nova terra infernal. Realmente era o fim.

Se alguém encontrar esse diário, significa que a raça humana ainda resiste. Persiste em preservar sua existência, mesmo que o sentido das coisas que fazíamos antes do apocalipse estejam perdidos. Desejo sorte aos aventureiros, pois irão precisar.

“Aquele que se empenha a resolver as dificuldades resolve-as antes que elas surjam. Aquele que se ultrapassa a vencer os inimigos triunfa antes que as suas ameaças se concretizem.” - Sun Tzu

Max Machado
Enviado por Max Machado em 22/04/2015
Reeditado em 04/05/2015
Código do texto: T5216475
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