Uma simples visão

Encontro-me desolado. Cada dia que passa, penso na visão que me aterra os pensamentos, e me faz pensar em dias melhores. Não consigo entender, foi simplesmente a melhor visão que tive, e deixei escapar.

Estava em missão na Amazônia, eramos eu o nosso co-piloto o Padilha e nosso piloto o Marcondes, estávamos voando sentido ao parque nacional da amazônia, bem antes da cidade de Manicoré, a qual era nosso destino, quando nosso avião sofreu uma pane elétrica. Se não fosse graças ao Marcondes, que encontrou uma clareira para pousarmos, teríamos nos espatifado no chão.

Mesmo com o pouso forçado estávamos bem, mas com o avião praticamente destruído, e sem comunicação. Sendo militares, resolvemos por nós mesmos seguir pela mata até alcançar alguma cidade ou vilarejo sentido noroeste.

Mas não contávamos com o que estaria para acontecer, mesmo treinados, tivemos nosso momento de terror e admiração. Em meio a floresto começou a surgir uma luz, ao longe, que não conseguimos divisar visto a mata. Em um momento, chegamos a uma clareira formada por mata rasteira e viçosa, foi então que vimos, a mais ou menos um Quilômetro de distancia e uns 500 metros acima, uma cidade, como nenhuma outra, posso dizer, flutuava e brilhava, de uma forma tão estonteante que parecia feita de cristal.

Continuamos, embora embasbacados, a caminhar em sua direção, até um ponto onde acreditávamos estar bem abaixo dela, onde havia uma estranha luminosidade, que não provinha do sol, mas sim da cidade propriamente dita, neste momento vimos duas pessoas que caminhavam em nossa direção, com roupas prateadas e cabelas brancos como a neve. Em meio aos sentimentos, conseguimos organizar os pensamentos, e nos dirigimos em direção aos dois, que ficaram parados esperando nossa aproximação.

Quando estávamos a uns 10 metros o primeiro dele falou com uma voz grave porém suave:

- Caros viajantes, estamos aqui para ajudar-los. Somos soldados de Cristalis, e viemos em nome de nosso povo para levar-los até nossa cidade, porém como estamos em um espaço tempo diferente do que vocês imaginam estar, informamos que será uma viagem só de ida. Se aceitarem serão bem vindos a juntar-se a nós, porém temos pouco tempo até que o lapso temporal cesse, e iremos retornar ao nosso próprio espaço e tempo.

Marcondes, o piloto, rapidamente sacou sua arma, e sem nenhum esboço de reação atirou 3 vezes nos dois cidadãos que como se fossem indestrutíveis nem se moveram, como se um campo de força os protegesse. Perplexo por não atingi-los, Marcondes começou a correr no sentido contrario ao deles, mas não impediu que um deles acertasse o que poderia descrever como um raio, o qual acertou as costas do pobre coitado do nosso piloto que ficou paralisado e desacordado.

Com medo da reação dos seres, eu e o nosso co-piloto erguemos as mãos para o alto, e só tivemos o tempo de ouvir um deles falando:

- Atrasados e selvagens, não merecem estar em nossa presença, nem em Cristalis. Ainda seremos benevolentes e gentis, não porque mereçam, mas assim é nossa natureza.

Como que por mágica, os dois sumiram em um raio de luz, e em menos de um segundo eu e o Padilha fomos envoltos por uma luz de cor azul turquesa que além de paralisar nossos movimentos, causou uma séria confusão mental, mas em apenas uma fração de segundos estávamos em uma estrada que posteriormente nos levou a Manicoré.

Nunca se achou o corpo do Marcondes, e nós fomos taxados de loucos ao contar esta historia para nosso comandante.

Hoje me encontro pensando em como poderíamos estar nesta cidade voadora com maravilhas tecnológicas e de paz.

Tentei ainda duas vezes sobrevoar a mesma região mas nunca mais vi a cidade voadora de Cristalis.