O Triste Fim Do Vidente 2/2
O Triste Fim Do Vidente 2/2
Vidente: Aleksi
Pai 1: Burkhard / Mãe 1: Luitberga / filho1: Thorsten
Pai 2: Manfred / Mãe 2 :Katja / filho2: Rolf
Narrador: Klaus Bakuri, duas semanas após nosso primeiro encontro
Ouvinte: Yamânu
Liguei meu Iphone19 para Bakuri ouvir a gravação do nosso encontro anterior e continuasse sua história. Ele pigarreou, cuspiu para o lado colaborando com a imundície no piso da taverna e prosseguiu seu relato.
Aleksi apresentou-se e cumprimentou o homem que veio ao seu encontro no portão entreaberto. Não havia como negar a tristeza que se apossara daquela alma. Estava estampada em todo seu corpo; no andar, no olhar, no falar. Mas toda aquela tristeza não abatera a bondade e generosidade que sempre esteve presente no coração do Burkhard. Minutos depois Aleksi saciava fome e sede à mesa na pequena sala da rústica casa. Luitberga recebeu o desconhecido com carinho maternal. O filho do casal, Thorsten, aguardava ansiosamente pelo dia de seu aniversário, neste dia seu pai e mãe o levariam para a festa da padroeira da cidade, festa muito concorrida e apreciada tanto por adultos quanto crianças. Era nisto que pensava sentado no banco de madeira ao lado de seu pai enquanto os adultos conversavam. Os pais também ansiavam pelo dia da padroeira, mas por motivos diferentes dos de Thorsten. O menino esperava pela festividade, os pais por um milagre. O estado se apossaria de suas terras, o veio de um minério estratégico fora encontrado na propriedade vizinha e quase uma centena de pessoas seriam removidas do local. Burkhard não sabia para onde ir com a família, a quantia da desapropriação era irrisória.
O manto noturno cobriu aquelas paragens, se fez hora de deitar e dormir, pois a lida começa na madrugada para os camponeses. Burkhard alojou Aleksi no paiol de ferramentas. Aleksi agradeceu a hospitalidade e deitou-se, mas não dormiu um segundo se quer. As vozes, companheiras desde a meninice não o deixaram dormir. Graças a elas Aleksi pode ajudar dezenas de pessoas na cidade de onde viera, e graças a elas era chamado de maluco e tratado como tal no sanatório. Thorsten veio chama-lo para o café da manhã, duas horas antes do nascer do sol.
Ao terminar a merenda matinal, e antes que o casal fosse cuidar das terras, Aleksi pediu permissão para contar o sonho que tivera com a família. Sentaram-se para ouvi-lo. Aleksi não tivera sonho algum, nem dormiu, mas aprendeu que não é conveniente dizer que ouve vozes que ninguém mais ouve. Em seu “sonho, Aleksi os via, pais e filho, muito felizes e prósperos morando na capital do país”. E arrematou dizendo que eles deveriam usar o dinheiro da desapropriação para mudar para a capital, que na capital Thorsten iria fazer algo tão maravilhoso que fariam os anjos sorriem no céu. Aleksi despediu-se agradecendo a hospitalidade, cruzou o limite do portão e seguiu as linhas paralelas transcontinentais.
Contando a partir deste dia três anos se passaram. Thorsten e seus pais foram para a capital do país. No sexto dia Thorsten foi atropelado por um motorista embriagado, no terceiro dia internado entrou em coma, no dia seguinte ao coma teve morte cerebral. Não foi fácil, mas a mãe de Thorsten conseguiu convencer seu marido que seria melhor desligar os aparelhos que impediam o menino seguir viagem para os braços do Senhor. Não foi fácil para a equipe médica convencer ao casal doar órgãos do menino, mas eles eram pessoas bondosas e generosas, concordaram com a doação dos órgãos.
Rolf, filho de Katja e Manfred, teve implantado em seu debilitado corpo, o coração, o fígado e os rins do finado Thorsten.
Luitberga retornou sorrateiramente sem conhecimento do marido para sua cidade natal e não teve dificuldade para encontrar Aleksi o vidente. Antes que ela falasse qualquer coisa Aleksi disse:- Sim, eu sabia. Foram suas ultimas palavras. Luitberga não pronunciou nem uma palavra. Seis tiros.
Rolf, filho de Katja e Manfred recuperou a saúde, saúde que em verdade nunca tivera desde que nascera. Segundo os médicos ele não estaria vivo ao fim daquele ano se não tivesse recebido os órgãos de Thorsten. Rolf formou-se com louvor em medicina e dedicou sua vida a pesquisas. Faleceu com oitenta e oito anos de idade. Descobriu cura para vários tipos de câncer e para a AIDS.
Aleksi apresentou-se e cumprimentou o homem que veio ao seu encontro no portão entreaberto. Não havia como negar a tristeza que se apossara daquela alma. Estava estampada em todo seu corpo; no andar, no olhar, no falar. Mas toda aquela tristeza não abatera a bondade e generosidade que sempre esteve presente no coração do Burkhard. Minutos depois Aleksi saciava fome e sede à mesa na pequena sala da rústica casa. Luitberga recebeu o desconhecido com carinho maternal. O filho do casal, Thorsten, aguardava ansiosamente pelo dia de seu aniversário, neste dia seu pai e mãe o levariam para a festa da padroeira da cidade, festa muito concorrida e apreciada tanto por adultos quanto crianças. Era nisto que pensava sentado no banco de madeira ao lado de seu pai enquanto os adultos conversavam. Os pais também ansiavam pelo dia da padroeira, mas por motivos diferentes dos de Thorsten. O menino esperava pela festividade, os pais por um milagre. O estado se apossaria de suas terras, o veio de um minério estratégico fora encontrado na propriedade vizinha e quase uma centena de pessoas seriam removidas do local. Burkhard não sabia para onde ir com a família, a quantia da desapropriação era irrisória.
O manto noturno cobriu aquelas paragens, se fez hora de deitar e dormir, pois a lida começa na madrugada para os camponeses. Burkhard alojou Aleksi no paiol de ferramentas. Aleksi agradeceu a hospitalidade e deitou-se, mas não dormiu um segundo se quer. As vozes, companheiras desde a meninice não o deixaram dormir. Graças a elas Aleksi pode ajudar dezenas de pessoas na cidade de onde viera, e graças a elas era chamado de maluco e tratado como tal no sanatório. Thorsten veio chama-lo para o café da manhã, duas horas antes do nascer do sol.
Ao terminar a merenda matinal, e antes que o casal fosse cuidar das terras, Aleksi pediu permissão para contar o sonho que tivera com a família. Sentaram-se para ouvi-lo. Aleksi não tivera sonho algum, nem dormiu, mas aprendeu que não é conveniente dizer que ouve vozes que ninguém mais ouve. Em seu “sonho, Aleksi os via, pais e filho, muito felizes e prósperos morando na capital do país”. E arrematou dizendo que eles deveriam usar o dinheiro da desapropriação para mudar para a capital, que na capital Thorsten iria fazer algo tão maravilhoso que fariam os anjos sorriem no céu. Aleksi despediu-se agradecendo a hospitalidade, cruzou o limite do portão e seguiu as linhas paralelas transcontinentais.
Contando a partir deste dia três anos se passaram. Thorsten e seus pais foram para a capital do país. No sexto dia Thorsten foi atropelado por um motorista embriagado, no terceiro dia internado entrou em coma, no dia seguinte ao coma teve morte cerebral. Não foi fácil, mas a mãe de Thorsten conseguiu convencer seu marido que seria melhor desligar os aparelhos que impediam o menino seguir viagem para os braços do Senhor. Não foi fácil para a equipe médica convencer ao casal doar órgãos do menino, mas eles eram pessoas bondosas e generosas, concordaram com a doação dos órgãos.
Rolf, filho de Katja e Manfred, teve implantado em seu debilitado corpo, o coração, o fígado e os rins do finado Thorsten.
Luitberga retornou sorrateiramente sem conhecimento do marido para sua cidade natal e não teve dificuldade para encontrar Aleksi o vidente. Antes que ela falasse qualquer coisa Aleksi disse:- Sim, eu sabia. Foram suas ultimas palavras. Luitberga não pronunciou nem uma palavra. Seis tiros.
Rolf, filho de Katja e Manfred recuperou a saúde, saúde que em verdade nunca tivera desde que nascera. Segundo os médicos ele não estaria vivo ao fim daquele ano se não tivesse recebido os órgãos de Thorsten. Rolf formou-se com louvor em medicina e dedicou sua vida a pesquisas. Faleceu com oitenta e oito anos de idade. Descobriu cura para vários tipos de câncer e para a AIDS.