Não pode ser da Terra

Nesse purgatório abaixo do Sol onde se vilipendiam as tranquilas almas. Não pode ser da Terra o mar, o amor, a poesia não pode ser da Terra. Os cânticos tão lindos anteriores à Bíblia, o Mahabharata, a biblioteca de Alexandria, coisas pertinentes e maravilhosas se prolongam por eras. Aqueles templos fantásticos da Síria foram destroçados, o Taj Mahal corre perigo porque o amor está em risco. Contra ele, urge taciturna a violência, o sexo fácil, a péssima bebida. Aquela menina Malala que queria estudar regurgita ecos de uma comunidade internacional apática. O que sobrou das vestes do Cristianismo são os refugiados afegãos, sírios, timorenses. Eles baterão às portas da Igreja, porém os párocos terão ido às montanhas, deixando a cidade erma, os postes apagados, as óstias intocadas com o vinho lúcido em cima do altar. O vaticínio último da protestante ética: - Cuidar de si mesmo. O bebê que foi concebido não pelo obstetra, mas por um drone, nasce sem umbigo, sem cordão que une sua existência emocional e afetiva. Essas coisas que divagam nos jornais não são divagações amigos – é a pura verdade – é o bipartidarismo absolutista no regime democrático, é o sonho de consumo no “smartphone” residual que foi recauchutado do lixo, é o pára - quedas impertinente que não acionou durante o botão apertado. E jogou o homem no chão, e fez acelerar seus processos, entardecer peremptoriamente o seu dia. Contra isso de comiseração humana, vou pregar a minha amada que a amo mais do que o ourives ama a mina que escava, do que o centurião ama a sua espada. Ama teu filho, busca compreender teus netos, cultive o cordão afetivo que te uniu por Eras a tua família, a tua Terra, ao teu generoso gene.

Aquela tão charmosa, interiorana e inabitada cidade é o único lugar onde as pessoas cantam no coral dos anjos matutinos. Fazem festas de caridade. Pagam dívidas com o próprio trabalho. Podem ser rústicos e usarem vestes campesinas, mas provavelmente, serão os únicos a ter algum contato com o reino divino.