2038
 
31 de Março
 
   A única coisa boa em estar em Louisville foi encontrarmos mais opções de comida e claro muito combustível. Roubamos uma carreta em um posto, agora teríamos como armazenar gasolina em grande quantidade. O grande problema era por onde começar a procurar por vida em uma cidade tão grande.
   Franklin realizava rondas pela cidade todos os dias, decidimos ficar por ali pelo menos mais duas semanas.  Porém não esperávamos pela descoberta, nem todos os sobreviventes eram pacíficos.
   Encontrei um corpo vagando por uma avenida, caminhava com muita dificuldade, pensava em me aproximar mas ele não agia normalmente, o que me deixou nervoso.
-Qual é? Vai deixar o cara sofrendo ali sozinho? – perguntou Franklin.
   Peguei um pedaço de ferro que encontrei ao lado da calçada e bati o mais forte que pude contra uma placa, para chamar sua atenção. O pouco que restava de cabelo naquele homem era a única coisa descritível em seu rosto totalmente queimado e distorcido, ele começou a correr em direção ao som e nos afastamos um pouco.
-O que é isso?
-Melhor tentarmos descobrir de longe. – começamos a correr para o prédio mais próximo.
   Do terraço ficamos ali por algumas horas, tentando entender como aquele homem estava vivo e o que ele fazia enquanto estava na cidade.
-Pelo jeito ele se move para onde tem som, não vai conseguir nos contar o que houve. Afinal sua boca está queimada.
-Ele já deveria estar morto não acha? Já se passou mais de um mês. Quem sobreviveria sem comida por um mês? – perguntava a mim mesmo.
-Não sei. Mas ele pode ser perigoso, afinal deve estar assustado, sozinho e todo destruído não é alguém que eu iria querer perto de mim.
-Não vou matá-lo. – respondi o que Franklin tentava insinuar.
-Ele já está morto.
-Então faça! Depois conviva com isso.
   Deixamos o homem vivo e retornamos ao hotel, Geórgia estava na cozinha e Franklin subiu para seu quarto, provavelmente refletia sobre sua atitude. Me aproximei dela e dei boa noite.
-Como você está? – perguntou.
-Encontramos um homem, bom, um homem mutilado.
-O que fizeram?
-Nada, não há como ajudá-lo, seu corpo e seu rosto estão totalmente queimados.
-Isso é triste, quantas pessoas podem estar por ai nesta situação. O mais estranho é ele ainda estar vivo.
-Exatamente, fiquei tentando imaginar como ele sobreviveu todo esse tempo.
 
 

  
Johan Henryque
Enviado por Johan Henryque em 09/03/2016
Código do texto: T5568709
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