2038
10 de Abril
10 de Abril
Franklin mantinha suas rotas diárias enquanto eu passava mais tempo com Geórgia, conhecê-la me fazia bem. Queria aproveitar todos os momentos possíveis e em um mundo onde poderíamos morrer a qualquer hora decidi que isso seria prioridade.
A explosão solar havia mudado drasticamente nossas temperaturas, acordávamos com trinta graus e durante o dia chegava a cinquenta. Era um verdadeiro inferno.
-O que vamos fazer? – perguntou Geórgia.
-Não sei, temos que sobreviver, aguentar o quanto pudermos e descobrir o possível.
-Tenho medo do que podemos encontrar.
-Por que?
-Às vezes é bom ficar onde se está, não acha? O desconhecido pode ser perigoso.
Dormi no sofá aquela noite, ainda havia energia e conseguimos fazer o ar condicionado funcionar. Franklin me chamou na cobertura no dia seguinte.
-Temos que decidir algumas coisas.
-Pode falar.
-Encontrei mais alguns daqueles homens, não foi apenas um que sofreu com queimaduras severas, eles estão por toda a parte no centro e imagino que estejam por mais lugares. Não há como deixar isso passar despercebido, você sabe que a qualquer momento um deles pode chegar aqui e invadir o hotel.
-Todos tinham queimaduras semelhantes?
-Não. Muitos tinha queimaduras pelo corpo apenas, suas cabeças com algumas cicatrizes. São esses que realmente podem nos colocar em perigo.
-Será?
-Você sabe que qualquer um faria de tudo para sobreviver e na situação em que se encontram não duvidaria de nada.
-Eles são como nós Franklin. Perdidos em um mundo destroçado. Como se sentiria estando sozinho e cheio de ferimentos em uma cidade enorme?
-Eu não sei.
-Talvez quisesse ter me matado quando me encontrou. – Geórgia surpreendeu a ambos ao chegar no terraço. – Você não parece compreender a dor dos outros não é? Pelo visto nunca perdeu nada que fizesse falta. – seus olhos começavam a lacrimejar.
-Eu sinto muito. – ele realmente parecia arrependido.
-E o que sentiria se tivesse matado alguma daquelas pessoas?
-Vazio.