Um E.T. à beira da estrada

era tarde da noite. A rodovia, deserta, estava escura, a não ser por raros carros que transitavam por ali. Em um desses carros, voltavam de uma badalada festa um grupo de jovens. Eram quatro, e, ao que pareciam, todos estavam embriagados - inclusive o que estava ao volante.

- Para, para o carro - disse um dos jovens do banco de trás. - Quero "mijar".

Os outros três pareceram inconformados com o pedido, mas o que dirigia parou - com pouca habilidade - o carro.

Os quatro saíram do veículo e aproveitaram para esticarem as pernas. Estava uma escuridão total. À beira da estrada, árvores e arbustos escondiam áreas isoladas ainda mais escuras. Dos dois lados da estrada nada se via, porém, lá na extremidade da rodovia, onde havia uma curva, surgiam duas luzinhas brilhantes.

O rapaz que queria urinar foi até uma das árvores ali próxima, onde começou a fazer sua necessidade. Um dos outros jovens se afastou dali, mas os outros dois sabiam que ele tinha ido vomitar.

O jovem que urinava, olhando para o tronco por onde escorria sua urina, percebeu uma luz pouco natural vindo de além daquelas árvores à beira da estrada. Assim qe terminou o que fazia, fechou o zíper de sua calça e, aos tropeços, passou por algumas árvores e plantas. Lá estava muito escuro e a única coisa que ele via era a luminosidade que o levou àquele lugar.

Era uma fonte de luz circular, com alguns adornos em volta. O objeto parecia estar ali devido a uma queda, pois, ao redor dele, havia uma pequena cratera.

O rapaz, curioso, se aproximou, podendo ver que se tratava de algo sólido e metálico - pelo menos assim o parecia. Ele pensou em tocar aquela coisa, mas receou acontecer-lhe algo de ruim, então resolveu que o melhor seria retornar aos seus amigos.

Andou de volta e, antes de passar pelas árvores, viu, por entre galhos e folhas, que seus colegas estavam no chão, deitados, e, sobre eles, havia alguns homens de preto segurando armas que ele não conseguia reconhecer.

Ele recuou. Deu um passo de cada vez, para trás, numa tentativa de fazer menos barulho possível. Foi ao objeto que esbanjava luz e ficou a observá-lo, pensando no que deveria fazer. Ouviu ruídos vindo detrás das árvores e, ao mesmo tempo, sons estranhos vinham da coisa luminosa à sua frente.

Uma porta se abriu automaticamente de baixo para cima, e o rapaz - mesmo bêbado - pôde notar que se tratava de uma nave grande e redonda. Mas, apesar do que vira, o que mais lhe chamou a atenção foi o que estava dentro da tal nave: uma pequena criatura humanoide, de mais ou menos um metro e meio de altura, com uma fina pele branco-acinzentada; os dois grandes olhos, apesar de fechados, brilhavam. O corpo da criatura era magro e parecia gravemente ferido.

O rapaz, em choque, vomitou ali mesmo, mas se esforçou para não fazer barulho. Porém, isso não foi o suficiente, pois, assim que terminou de pôr para fora o que consumira na festa em que esteve mais cedo, viu os tais homens de preto passarem pelas árvores e apontar-lhe as armas.

Os homens, o rapaz notou, eram idênticos, tanto nos uniformes como na aparência. Eram todos brancos, altos, com roupas negras e um sinistro óculos escuro.

Instintivamente, o rapaz, que não tirava os olhos das armas apontadas para ele, ergueu os braços, enquanto uma baba escorria-lhe pela boca. Trêmulo, ele sabia que iriam atirar a qualquer momento, e, com certeza, iria sofrer o destino que seus amigos tiveram.

Viu o dedo do homem - o que estava mais próximo dele - se aproximar do gatilho. Mas, para sua sorte, algo aconteceu antes que o homem pudesse atirar. O corpo da criatura dentro da nave começou a brilhar intensamente, e o brilho que saía dele era tão forte que, todos, inclusive os homens de óculos, tiveram que se abaixar e levar as mãos aos olhos. A luz que raiava daquele ser ardia nos olhos dos humanos. Estavam a ponto de ficarem cegos. Mas, então, a luz cessou-se, e, quando elez reabriram os olhos, já não havia mais luz, nem nave e nem alien.

Os homens estranhos se colocaram de pé, juntos, como se fossem um só. Miraram as armas ao rapaz, que apenas viu uma luz branca indo ao seu encontro. Giraram seus corpos, passaram pelas árvores e sumiram da vista do jovem. Só ouviu-se depois um barulho de motor. O rapaz, abobado, pôs se de pé e foi também rumo às arvores, e, ao passar por elas, viu seus três amigos em pé, do mesmo jeito que havia os deixado enquanto urinava.

- O que foi? - perguntou um deles.

- Ahhh... eu... - O rapaz parecia confuso. Não sabia o que dizer e nem se lembrava do que havia lhe acontecido. - ... Nada. Não foi nada.

Os quatro jovens, ainda visivelmente embriagados, entraram no carro, onde continuaram seu percurso pela rodovia. No céu, acima deles, uma forte luz também seguia seu caminho, por entre as estrelas, pela escuridão do espaço, recomeçando seu percurso de volta à sua casa.

Renent Douglas
Enviado por Renent Douglas em 17/05/2016
Reeditado em 17/05/2016
Código do texto: T5638339
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