A Sobrevivente - Aprendendo a viver

Ainda não me decidi a sair por aí, indo de cidade em cidade a procura de mais sobreviventes, se é que havia mais algum. Sendo a caçula de uma família de cinco filhos, morando em uma casa de apenas três quartos, eu sempre ansiei por um pouco de solidão, mas vendo minha família, morrendo um por um, me peguei esperando que existisse alguém, nem que seja só mais uma pessoa, que tenha passado por tudo e me compreendesse, para que pudéssemos conversar.

Estava relutante em sair de minha casa, mas não fazia mais sentido morar em um só lugar sendo que havia todas as casas da cidade e hotéis e pousadas luxuosas. Saí de carro procurando um novo lugar para morar e quem sabe alguma coisa com que me ocupar, alguma coisa que fizesse passar as horas, é incrível como eu estava acostumada com a internet, tv, rádio. Agora nem eletricidade mais havia, tinha que me distrair comigo mesma.

Parei em frente da biblioteca municipal, ainda estava fechada, ninguém se interessou em saqueá-la afinal. Saí do carro e peguei um pé de cabra para arrombar a porta. Não lia um livro, que não fosse sobre informática, matéria na qual fiz minha faculdade e já trabalhava em uma empresa de processamento de dados, desde que saí do colégio. Achava que romances eram para desocupados, perfeito para mim agora.

Depois de passar duas horas na biblioteca já tinha percebido que havia livros sobre tudo o que eu pudesse e quisesse aprender, desde livros de receita, até sobre agronomia, engenharia e contabilidade. Peguei um livro de receitas e continuei minha procura pela casa perfeita.

Depois de rodar por algum tempo, me deparo com uma pequena pousada, quase na zona rural, na placa diz que é uma pousada ecologicamente correta e totalmente autossustentável. Me animo, entro e logo vejo que está intacta, parece que está fechada desde o começo da epidemia. Para minha surpresa vejo que tem eletricidade, graças as placas de aquecimento solar e vejo também que tem água encanada, graças a um poço artesiano e uma bomba que abastece a pousada toda. Benditos ecologistas!

Depois de ver que a dispensa da pousada está abarrotada de todo tipo de comida, vejo vários refrigeradores ligados, olho dentro de um e vejo carne, não como carne desde o começo da epidemia, já que os animais foram os primeiros a morrer. Peguei uma lasca de bacon e corri para a cozinha, nunca havia cozinhado nem um ovo, mas fritaria esse bacon, nem que fosse a última coisa que faria.

Continua...

Indico a leitura da interação de meu amigo Aristóteles da Silva, vamos juntar os texto no final da série.

http://www.recantodasletras.com.br/contosdeficcaocientifica/5660747

Priscila Pereira
Enviado por Priscila Pereira em 08/06/2016
Reeditado em 08/06/2016
Código do texto: T5661594
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