A Sobrevivente - Procurando

Não sabia como era bom tomar um longo banho de banheira, cheia de espuma, água escaldante, ouvindo uma música antiga. Nunca havia me sentido tão relaxada e de bem comigo mesma. Desde o começo da epidemia que me preparava para a morte, estava sempre a espera do começo dos sintomas, estava constantemente tensa e mau humorada, vendo todos morrerem. Agora, depois de quase um ano, me convencia que não iria morrer, sobrevivi afinal, e estava aproveitando a vida.

Os dias na pousada passavam rápido, eu trabalhava na horta, preparava refeições elaboradas graças aos livros de receita, nadava e

até corria um pouco pelos arredores da propriedade, só saía de lá para buscar mantimentos e passar horas na biblioteca. Lá conheci Jane Austin, Emily Bronte, Charlotte Bronte, Gabriel Garcia Marques, Simone de Beauvoir, Charles Dickens e muitos outros. Não me sentia mais tão sozinha.

Por mais que estivesse gostando de me redescobrir, viver completamente sozinha estava me abalando psicologicamente, eu queria conversar, brigar, discutir, rir de uma piada, fazer as pazes, sentia falta de abraços e beijos, apertos de mão e do calor de outro ser humano.Comecei a falar sozinha.

Decidi tentar encontrar alguém. Pegaria o carro mais confortável e potente que achasse e dirigiria pelas cidades dos arredores a procura de mais sobreviventes.

Dirigi por várias cidades, em todas elas estourava vários fogos de artifício, se alguém estivesse vivo, com certeza ouviria e iria ao meu encontro. Foi tudo em vão. Ninguém. Não sabia se iria mais longe ou se voltaria para casa. Sentia falta de eletricidade, banhos quentes, água encanada. Sentia mais falta de pessoas.

Continua...

Indico a leitura da interação de meu amigo Aristóteles da Silva, vamos juntar os textos no final da série:

http://www.recantodasletras.com.br/contosdeficcaocientifica/5662224

Priscila Pereira
Enviado por Priscila Pereira em 10/06/2016
Reeditado em 10/06/2016
Código do texto: T5663406
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