Despertar

A primeira coisa que sentiu foi um leve formigamento pelo corpo. Era uma sensação totalmente nova para ele. Mesmo ainda na sub-consciência, já percebia as coisas de forma diferente. Sua pele sentia o ar a sua volta. Ele então ouviu uma voz dizer:

- Vamos, pode abrir os olhos.

Era a voz que ouviu a vida inteira. A voz do seu pai. Ele então abriu os olhos, sentindo uma dor intensa. A explosão de luz era diferente de tudo o que havia experimentado antes. E sequer era a luz do sol. Aquela era apenas a luz projetada por uma simples lâmpada na sala. Ele olhou ao redor e viu o rosto do seu pai, com um grande sorriso estampado. Até mesmo ele estava diferente. O branco de sua barba e cabelos era mais intenso, da mesma forma que o negro dos seus olhos. Parecia que estava olhando para um estranho, ao mesmo tempo que via um velho conhecido.

- Tente mexer o braço direito.

Ele assim o fez. Foi mais difícil do que imaginava, já que o comando para se mexer era diferente do que estava acostumado. Logo percebeu que não precisava de comando nenhum, apenas pensar em se mexer era o suficiente. Seu corpo fazia o resto com facilidade. Foi então que viu o sue novo braço. Estava coberto com uma pele branca, muito semelhante a pele de um humano. Foi nesse momento que sua memória voltou. Ele se lembrou do porque estava naquela situação tão estranho. Rapidamente ficou sentado, mas, como não estava acostumado com os seus novos reflexos, quase caiu da cama. Seu pai o segurou, impedindo a sua queda.

- Calma, filho. Você ainda não esta acostumado com isso.

Ele tentou falar, mas não conseguia. Percebeu que não era como antes, que precisava de um comando para falar. Da mesma forma que o braço, bastava pensar que sua voz saia.

- E-espelho...

Seu pai entendeu no mesmo instante. Ele foi até uma pequena mesa de cabeceira e pegou um espelho. Ajudou o seu filho a segurá-lo sem deixar cair. Este então viu o seu reflexo, e não pode deixar de se emocionar.

Seu cabelo preto estava curto, com os fios na testa fazendo uma franja. Seus olhos eram negros com o do seu pai, da mesma forma que o seu rosto lembrava o dele. Estava sentindo o seu coração bater forte. Foi então que percebeu: eu tenho um coração! Seu corpo agora deveria de ter quase todas as coisas que o corpo de um humano tinha. Sentia uma coisa estranha no seu peito. Era isso que chamavam de felicidade? Dos seus olhos pode ver sair um liquido transparente. Lagrimas! Sabia que estas não eram de tristeza, mas sim de felicidade. Era praticamente um humano agora. O seu grande sonho havia sido realizado. Havia finalmente despertado para a humanidade, embora já se sentia humano desde quando era um simples robô. Mas mesmo assim sentia que seu corpo não acompanhava a sua mente. Agora parecia que tudo estava se encaixando. Não sentia mais que estava “errado”.

Sentia-se como um humano.

Rodrigo Magalhães
Enviado por Rodrigo Magalhães em 07/09/2016
Código do texto: T5752937
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