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Escrito em algum dia entre 2000 e 2003.

Uma explosão e tudo têm início. Por momentos que não sei definir, tudo e nada parecem fazer sentido.

Vejo pequenos pontos de luz e grandes bolas de fogo que, como eu, correm para lugar nenhum. Será que elas procuram o mesmo que eu? O que eu procuro? O que sou? Por que estou aqui? As perguntas surgem sem controle. O que é controle? Preciso respondê-las, mas não sei como. O que é saber?

Perguntas, perguntas e mais perguntas. Como posso controlá-las?

Elas surgem como se as tivesse feito. De onde elas vieram? Por que estão aqui? Por que não param de surgir? Para onde estou indo? À frente, atrás; que direção é essa?

Por toda parte vejo sempre a mesma imensidão. Quanto tempo se passou? Se é que posso contá-lo.

Tudo é sem sentido. As bolas de fogo a muito sumiram, somente os pontos de luz permanecem, mas agora estão parados, estáticos no lugar para onde foram. Parecem em paz dessa distância. O que é paz?

Nova pergunta e nem consegui responder as outras. Resposta?

Seja o que for que esses pequenos pontos alcançaram; sua situação é mais cômoda. Continuo correndo para lugar nenhum e até agora aonde cheguei?

Tudo está calmo agora. Não há mais nada para se ver, nada além dos pontos que agora se mul-tiplicam ao meu redor.

Antes ficavam parados, quietos. Agora começam a dançar em volta de coisas que não consigo ver, algo que parece controlar sua dança, seu ritmo… Começam a se amontoarem ao redor desses centros, seus movimentos se tornam cada vez mais frenéticos e ao mesmo tempo mais simétricos ao redor deles.

Os desenhos que formam são variados, padrões que geram algo dentro de mim.

Pela primeira vez as perguntas cessam e não me atormentam mais; só percebo os desenhos, são lindos, magníficos, todos formados por estes pequenos pontos... Será que encontrei alguma reposta?

Cores começam a aparecer, são dos mais variados tons, combinados entre si, entre outros, entre vários. É como se fossem instruídos para ficarem dessa forma, seu balé é sublime, sem conturbação, indo sempre em direção ao centro que agora consigo ver. Não é nada especial, apenas buracos, sem luz nenhuma, mas o que constroem e desenham é prova cabal de seu valor.

Tudo se forma e se cria a minha volta, é indescritível ver tudo isso se formando, mas continuo na minha viagem. Até agora não parei de correr, para onde estou indo? Preciso saber? O que estou fazendo aqui?

Meus companheiros de viagem encontraram seu lugar e constroem coisas maravilhosas juntos. Por que não estou com eles? Por que não parei como eles? Por que continuo correndo? E mais importante ainda; por que não quero parar de correr? O que sou afinal? Um ponto de luz, uma bola de fogo, o quê?

Novamente elas surgem rasgando minha mente cobrando algo que não posso dar, pois não sei o “por que”. Quantas dúvidas ainda vou acumular? Por quanto tempo ainda tenho que correr?

Será que ainda devo correr?

Os desenhos em torno de mim se tornaram efêmeros apesar estarem cada vez mais belos. Não consigo mais apreciar sua beleza, isso não traz mais o que trazia antes. O que isso trazia?

Estou novamente no vazio e desta vez é mais angustiante, pois tudo permanece da mesma forma ao meu redor; exceto eu. EU. Esse é meu nome? O que é “meu”? O que significa “nome”? Só as perguntas me acompanham, somente elas me fazem companhia.

Os desenhos estão ficando cada vez mais coloridos e perfeitos, mas a mecânica não muda sempre os mesmos pontos de luz formando tudo com o auxílio dos buracos, não mudam sua mecânica, não mudam seu costume. Continuam sempre da mesma forma, construindo seus desenhos. São diferentes a cada dia, mas continuam sendo desenhos e se parecem uns com os outros. Por que não mudam? Por que não fazem outra coisa além de desenhos?

Estou até agora correndo, mas já vi tanta coisa até aqui e quero ver mais, muito mais. É assim que Eu existo? É dessa forma que sinto tudo? A mudança é o que me mantém correndo?

Agora Eu entendo, o vazio não está comigo, está com estes pontos, eles não fazem outra coisa além de se moverem ao redor desses buracos que não sei aonde vão dar; talvez levem para lugar nenhum (de onde comecei minha viagem).

Não consigo imaginar-me construindo desenhos com o auxílio desses buracos, seria impossível me acostumar a isso. Costume?

Talvez seja melhor continuar correndo e perguntando, assim não precisarei perder minha existência construindo coisas ao redor de buracos. Afinal de contas para onde eles levam?

Já consegui algumas respostas, mas estas só geraram mais perguntas ao invés de diminuí-las. Por que? Só posso concluir que para cada pergunta que faço existe uma resposta e que para cada resposta uma nova pergunta surge.

Que nome posso dar a isso, algo que nunca termina, que continua. Qual nome seria a melhor escolha para esse fenômeno e para o lugar onde estou e para onde pretendo ir? Fenômeno? Lugar?...

Não havia pensado nessas palavras. Pensamento? Palavras? São perfeitas para esta situação, só podia ser realmente isso. Real?

É neste lugar que estou, é isto que sempre vou procurar. Pois dessa maneira, jamais precisarei construir nada com auxílio de buracos ou de qualquer outra coisa: UNIVERSO e INFINITO.