Augie and I

A porta blindada fechou-se atrás de mim enquanto eu deixava aquela “joalheria”. Eu acabara de comprar 10 onças de ouro, mais ou menos 300 gramas.

Chegara ali com parte do dinheiro nos bolsos de meu sobretudo e parte numa pequena briefcase. Tudo bem discreto, pois ali em Hatton Garden, era o maior mercado informal de pedras e metais valiosos, tanto quanto Antuérpia.

Eu acariciava as pequenas barras dentro de um saquinho de camurça e suava frio. Havia dois motivos para isso.

Primeiro, o dinheiro da compra era produto de contrabando de bebidas que eu fazia junto com a máfia em Liverpool.

Segundo, a minha presença em Londres era “ilegal” para a máfia local. Se membro de alguma máfia tinha que ir pra região de outras máfias era obrigado a pedir “visto” e isto implicava em “pedágio”.

Então pergunto: alguém com milhares de libras esterlinas nos bolsos iria se entregar pedindo "visto"?

Em suma, eu continuaria suando frio até chegar nos limites de Birkenhead.

Assim que entrei no corredor, com diversas portas blindadas de lado a lado, que levava aos elevadores vi Augie pela primeira vez . Ele esbravejava em português.

- Olá, o que um brazuca faz aqui em Hatton Garden?

Augie olhou-me surpreso e num segundo duas avaliações passaram por sua cabeça. Minha aparência latino-americana não agradou a sua aparência européia e no lapso seguinte vislumbrou minhas roupas e deduziu que eu deveria ser um residente “bem sucedido”.

- Oi! Sou Augie. Esses gringos idiotas...

Augie começou a desfiar um rosário de queixas pela a falta de conhecimento que “esses gringos babacas” tinham das pedras brasileiras como águas-marinhas, turmalinas, ametistas, quartzos etc etc.

Amaldiçoei o minuto que lhe dei atenção enquanto descíamos no elevador. Ele tentava parecer europeu com suas boas roupas, mas parecia que um personal styler da Mark & Spencer o tinha vestido.

A gravata teimava em sair do alinhamento devido a falta de costume e mantinha ambas as mãos nos bolsos do casaco, impróprio para quem veste um terno. Deveria usar luvas.

E falava continuamente. Eu esperava uma brecha para despedir-me, mas ele não dava chance.

“- Let´s go for a bevy” insinuou ele assim mesmo num inglês fora de moda. Não sei porque aceitei. Talvez por conversar com alguém da mesma língua-mãe e um pouco por curiosidade.

Olhando para os lados, apontei para ele meu Mini One Cabrio convidando-o a entrar.

“- Ah! O carro de Mr. Bean...turbinado!”. Olhei pra ele de soslaio dando um pequeno sorriso, enquanto eu escutava sobre seu carrão que ele possuía em sua cidade.

Augie se esforçava em ser britânico. A começar pelo próprio nome com que se apresentou. Discorreu sobre tudo que fazia , blá blá blá e que tinha ouvido falar que que as tais pedras semi-preciosas alcançavam altos preços na Europa. E tome blá blá blá pela “burrice” dos brokers de Hatton Garden por rejeitarem suas tão “valiosas” pedras.

Chegamos ao Queen Legs, um pequeno Pub, numa rua transversal à Baker Street. Ele me perguntou o que eu queria beber, não se importando que os presentes notassem que era um estrangeiro.

- Deixa que eu pego! Me diga você o que quer beber.

- Pode ser cerveja...- disse ele.

- Lager ou bitter? – voltei a perguntar.

- O quê?

Achei melhor me dirigir ao bar e pedir uma lager pra ele. Sentamos em pequenas e confortáveis poltronas que ficavam logo abaixo de uma janela que exibia um belo vitral vitoriano.

- ...escuta Augie, é lenda que turmalinas e outras semi-preciosas tenham grande valor fora das páginas comerciais da H.Stern. Isto é ficção. Ninguém vai colocar uma liga de dezoito quilates de ouro numa pedra que não tem dureza e que você tropeça nelas nas ruas de Teófilo Otoni...

- Num fala besteira, ó cara! Qualé? Quer me passar a perna!? Eu sei que elas tem muito valor, sim! Me contaram...

- Te contaram o que você quis ouvir pra você comprá-las. Vou te fazer um favor. Conheço uma designer de jóias. Presumo que você fala inglês muito bem, assim telefonarei pra ela e você escutará exatamente o que conversaremos. Talvez ela possa te ajudar apresentando gente que trabalha com esse tipo de pedras...

- Não sei não...ouvi falar que nesse meio de jóias tem muito scrock (usou o termo em inglês).

De repente tomei conhecimento que Augie era o tipo de pessoa que se diz capaz de transformar diversas teorias em uma realidade. Os seus “ouvi dizer” e “me contaram” eram todo os seus conhecimentos.

- Então tudo bem. Foi um prazer...

- Guenta aí, meu irmão! Vamos conversar...

Augie não conseguia esconder sua insegurança mesmo falando como um membro do PCC. Eu estava de saco cheio dele e me virando para deixá-lo quando ele segurou a ponta da manga de meu blazer.

- Me desculpe, cumpadre. Liga aí pra tua amiga.

Eu o encarei friamente, querendo esbofeteá-lo por ser tão desrespeitoso. Mas, seu olhar demonstrava medo e voltei às minhas raízes.

Lembrei-me da típica falta de boas maneiras que brasileiros têm quando no exterior e principalmente quando chegam a primeira vez ou de vez em quando.

Acham que obrigatoriamente todos têm que o ajudar e lhe darem todas as informações. Principalmente estes brasileiros de classe média pra cima.

Anne Sherman era a designer. Havia sido casada com uma celebridade brasileira, divorciou-se e agora estava casada com um francês.

Enquanto falava com ela ao telefone, Augie tentava parecer displicente apoiando um calcanhar no joelho da outra perne e colocando um braço em volta do encosto da poltrona, bebericando a cerveja, fingindo que não estava escutando. A meu pedido, Anne concordou em recebê-lo.

Estava escrevendo o endereço quando me perguntou: “Você não vai me levar lá?”

P.q.p., que cara mais abusado! – Pensei eu.

- Não Augie! Não vou te levar lá!

- Tudo bem! No problem (assim mesmo em inglês). Não posso confiar em qualquer um. Me falaram desse pessoal aqui...

Então me mostrou um cartão de visitas, me encarando como se tivesse feito um flush Royal.

Eu, simplesmente, me levantei ignorando-o. Ele com uma falsa atitude de arrogância se dirigiu ao pequeno recinto onde havia um telefone público.

Dei uma longa aspiração no ar frio daquela tarde de outono quando cheguei do lado de fora do Queen Legs, entrei no Cabrio e enquanto movimentava, sentia que algo estava me incomodando.

Acho que foi o sentimento de saber que aquele imbecil ia se meter em encrenca braba e eu o estava abandonando a própria sorte.

Mas era isso o que eu deveria ter feito isso.

Dei a volta no quarteirão e estacionei dessa vez em Baker street, tendo diagonalmente a visão da entrada do Queen Legs.

Foi no preciso tempo que vi dois sujeitos, que eu conhecia muito bem, saindo de um Corola Cherry e se dirigindo ao Queen´s.

Eles eram Jackson Ripperton, vulgo the Ripper e Jeckyl the Beast Hide. De hoolingans skinheads à assassinos de aluguel levaram cinco anos.

Era gozado ver aqueles dois caras com pierces e brincos tendo pedaços de tatuagens saindo pelos colarinhos impecavelmente brancos e vestidos com ternos da Harrod´s.

Jeckyl, diziam, ostentava um brinco que era um diamente que valia por volta de trinta mil libras.

Eles faziam parte da máfia paquistanesa que por ironia os contratara depois de saberem das bestialidades que eles faziam com qualquer imigrante que não fosse caucasiano.

Sabia-se que eles sumiram com algumas de suas vitimas empurrando-as para um chiqueiro onde eram devoradas por porcos. Eles tinham orgulho de só usarem revolveres em último caso.

Ripper usava uma faca Bowie e Hide um cutelo comum.

Não se passaram dez minutos e os dois saíram calmamente do pub e entraram no carro. A curiosidade me matava. Fiquei esperando eles irem embora, porém não foi isso que aconteceu. Eles que estavam esperando por alguma coisa...

Fiz um resumo de tudo que tinha acontecido desde que encontrei Augie e me senti aliviado quando tive certeza que não cheguei a dar o endereço de Anne pra ele. Sabia que Augie teria falado a meu respeito pra eles e portanto eu tinha virado caça agora.

- Maldito brazuca !– rosnei pra mim mesmo.

Eu não entendia porque eles não tinham saído junto com Augie.

Será que eles o haviam matado no banheiro? O sentimento de culpa me consumia. Por mais idiota que ele fosse, não merecia ser molestado por dois perturbados mentais simplesmente por ser um jovem inexperiente e um pouco arrogante.

O problema maior é que todo o submundo de Londres estava alerta sobre o “invasor de Liverpool” ou como se dizia na gíria deles; “scauce striker”: eu!

Eu não queria me mover donde estava sem antes saber se Augie havia lhes contado sobre meu carro. Se fosse o caso eu teria que abandonar meu Mini, ir em direção sul pra chegar em Gatwick e de lá pegar um avião pra Manchester ou Liverpool. Era suicídio tentar ir de trem.

Pedi Informações à telefonista pelo número do Queen Legs. Em seguida liguei pra lá.

- Dear Sir, poderia ter a bondade de me dizer se um estrangeiro vestido com terno cinza e parkas esverdeado encontra-se aí?

- Yes, He is. Está na minha frente tomando uma jarra inteira de água! Se você o conhece...leve-o daqui!

- Please, apenas mais um favor, deixe-me falar com ele?

Seguiu-se uns segundos que parte de meu sentimento de culpa aliviou-se por saber que Augie estava vivo. Não sabia se em bom estado...

- Me fizeram engolir todas as minhas pedras! Loucura, loucura!!

Notei que Augie estava histérico. Era por isso que o queriam fora de lá.

- Augie! Escuta. Sai fora daí imediatamente. Caminha para teu lado direito e dobra na primeira rua à direita que é a Baker street e continuas...

- Ah! É onde morou Sherllok Holmes, é?

- Cala a boca, palhaço! E faz exatamente isto que estou falando. Continuas andando até eu encostar meu carro ao teu lado e pula dentro! Cai fora agora!

Meu plano era que, devido o carro de Jack e Jeckyl estar estacionado naquela ruela de mão única, eles teriam que dar a volta no quarteirão para entrar na Baker st., dando-me alguns minutos para apanhar Augie sem que eles me vissem.

Vejo Augie sair do Queen´s e se dirigir para a Baker em direção oposta onde eu estava estacionado. Quando ele dobrou a esquina e saiu do ângulo de visão dos ex-skinheads, eu liguei o carro, esperando que os outros dois dessem partida também.

Então a imprevisibilidade de Augie complicou mais ainda a situação. Ele caminhou alguns metros e de repente parou em frente ao Museu de Madame Tousseaud, enfiou a mão no bolso e se dirigiu ao guichê.

- Que imbecil! Por que ele entrou lá?

Nisso, vejo Jeckyl saindo do carro e voltando ao Queen enquanto o carro dava partida, dirigido por Jack.

Logo, estou saindo do carro e correndo pro Madame Tousseaud na esperança de resgatar Augie antes que Jack aparecesse na esquina.

Quando cheguei no guichê, uns seis orientais faziam fila. Doze libras custaria a entrada deles e comigo, catorze. Passei a frente deles, dei vinte libras pro bilheteiro e disse pra todos irem entrando.

Os orientais sem entenderem nada, me agradeciam, mas fora tarde demais.

Jack estacionara em lugar proibido e vinha correndo em minha direção. Disparei pra dentro do museu e esbarrei em Augie que tentava conversar com um segurança.

Agarrei-o pelo braço e o arrastei sala adentro sem lhe responder as perguntas. Eu tinha que pensar, agir e escapar dali o mais rápido e com o mínimo de ferimentos.

- Você falou de meu carro pra eles?

- Não, por que? Eles pensavam que eu tinha esmeraldas. Me levaram pro banheiro e quando descobriram que não eram, me deram um tapa e me perguntaram quem era meu boss (em inglês mesmo!). Eu tentava explicar que agia por conta própria pois tinha ouvido falar (de novo!) que essas pedras... Bom, aí um deles voltou do salão e me perguntou que estivera comigo antes deles chegarem. Eu disse que era você. Não achei nada demais isso. Aí eles quiseram saber mais e mais e eu não sabia o que eles realmente queriam saber. Foi quando começaram a me fazer engolir as pedras e por fim um deles me perguntou seu nome e eu disse...

Jack apareceu na entrada da Sala das Celebridades e nos viu. Arrastei Augie comigo saindo da visão de Jack, chegando à Sala da Revolução Francesa, ainda não sabendo pra onde ir.

- Ih! Olha lá! Tá escrito que é a verdadeira lamina que guilhotinou a Marie Antoiniette!

Me deu vontade de esbofeteá-lo para lhe calar a boca. Então tive uma idéia. Sozinho seria mais fácil de me livrar dos dois Js.

Com dois movimentos tirei o boneco que estava debruçado na parte inferior da guilhotina, fiz Augie vestir o capuz do manequim e o coloquei na posição dele.

- Não te mexe de jeito nenhum! Os caras querem matar nós dois. Você por ser testemunha! Espera até eu voltar!

Não era isso que eu pensava em fazer realmente. Que se danasse Augie. Eles não sabiam que eu estava de carro. Era isso que eu queria saber, portanto só tinha que me esquivar de Jack e zarpar pra Liverpool.

Consegui chegar a uma porta que, tudo indicava, era a saída dos fundos. Tudo que era componente químico em meu corpo fervilhava num confronto de medo e euforia. Abri a porta e uma lufada do ar frio penetrou meus pulmões e antes que ficasse tudo escuro de vez, notei que já era noite.

Jeckyl me acertara o supercílio esquerdo com o porrete feito de couro enchido com pequenas esferas de rolimãs.

Quando voltei a mim, logo senti um peso no meu tórax. Era o joelho de Jeckyl. Ele revistava meus bolsos sem notar que eu recobrara os sentidos.

Seu imenso diamante no lóbulo da orelha esquerda brilhava mais que a lua nova acima de nós dois. Imaginava que esta seria a última visão que eu teria assim que ele encontrasse minhas três barrinhas de ouro.

Num súbito ato autopreservação, puxei sua cabeçorra de encontro e minha testa, acertando-lhe o já quebrado nariz. Isto o fez ficar inerte por alguns segundos, o bastante pra sair debaixo dele.

Mas, ele logo se recupera e tenta se levantar. Eu seguro firme sua orelha com diamante e lhe aplico uma joelhada na testa. Ele dá um ligeiro espasmo, mas parecendo nada sentir, me olha com antecipação de doce vingança, pois sabe que eu não sou páreo pra ele.

Porém os deuses me protegiam. Ao aplicar a joelhada na testa dele, ato reflexo ele estirou uma perna, cujo pé entrou e ficou preso na boca de lobo da sarjeta.

Aproveito e acerto-lhe um chute na barriga. Ele parece nem sentir, pois está mais interessado em livrar o pé. Vejo então o porrete no chão ao mesmo tempo em que escuto a maçaneta da porta ir abrindo.

Ao apanhar o porrete me dou conta que parte do lóbulo da orelha com o brinco-diamante estava em minha mão.

Jogo-me de encontro a parede ao lado da porta no exato momento que ela se abre e o pesado corpo de Jack preenche todo espaço. Ele teve duas surpresas; ver the Beast segurando uma perna e um raio atingindo-o no meio dos olhos.

O beco onde estávamos era adjacente aos fundos do museu e do Queen Legs. Não era atôa que aqueles dois ainda estavam na ativa apesar de tantos inimigos. Fui buscar Augie.

Já dentro do carro, retirei os últimos vestígios de lóbulo do brinco. Augie continuava falando sem parar e foi ele que me informou do sangue ressecado no meu inchado supercílio.

Peguei alguns kleenex, umideci numa poça da calçada e me limpei o melhor que pude. A aparência continuou a pior possível. Ao menos a camisa estava limpa e nada estava amarrotado, exceto eu mesmo.

Eu sabia que em minutos aqueles dois estariam aptos a virem atrás de mim e eles contavam com toda ajuda de bartenders, cobradores do metrô e táxi-drivers de London town.

Augie, sem se preocupar com minha situação, perguntava sobre as docas londrinas, pois “ouvira falar” que poderia mandar uma grande quantidade de pedras semipreciosas em contêiner e que ele gostaria que o levasse lá assim que terminasse de me limpar, pois já queria “fazer os contatos”.

Eu não acreditava no que ouvia. Esse cara não tinha um tico de senso moral? Será que ele não via a realidade? E ainda me tratava como seu empregado.

Decidi ejetá-lo de meu carro quando uma idéia brilhou em minha mente.

-My friend Augie, as docas londrinas não operam desde os anos setenta. Atualmente elas estão em West End, em Tilbury. Tem que se tomar o trem na Liverpool Station, em Fenchurch street. Leva cerca de quarenta minutos. Quer ir lá agora?

-Voce paga meu ticket (arrgh!) que depois te reembolso?

- Sem crise! Com a maior satisfação!

- Por que pegamos o táxi?

- Lá é uma área deserta. Você não vai querer se sentir culpado se meu Mini Cabrio estiver todo depredado, vai?

O motorista nada entendia do que falávamos, mas lhe dava a certeza de quem éramos. Ouvi quando ele disfarçadamente falou pelo rádio com alguém dizendo que estava levando “os dois pakies” pra Liverpool Station.

Antes de chegar a Fenchurch street pedi que ele parasse.

- Augie, a estação é logo ali adiante (mentira, faltava quase um quilometro). Eu vou naquela farmácia pra dar uns pontos na minha sobrancelha. Não é bom que nos vejam juntos, pois podem chamar os bobs (foi minha vez) e eu não quero isso de jeito nenhum, concorda? Espero dentro de meia-hora estar te encontrando no saguão, falou?

-Mas...

-Mas, o quê? Já falhei com você? Não voltei pra te apanhar lá no Madame Tousseaud?

Saí batendo a porta do cab. O motorista começou a falar que não podia saltar ali blá blá blá...Me aproximei da janela e falei.

-I´ve got your number. Shut your face up or I´ll cut your balls off! – E lhe dei cinqüenta libras.

-Much Obliged. Eu tenho amnésia repentina, sir. E meus culhões esperam que o senhor também tenha.

Olhando pra Augie lhe berrei.

- Dei a grana pro motorista pra ele ir adiantando os ticketes! Fica de olho nele! Até logo!

Esperei o táxi sumir de minha visão e telefonei pra Anna Sherman.

- Preciso de um imenso favor seu. Eu lhe recompensarei plenamente...

- Não se recompensa amigos com matéria. Mas com o coração...

- Onde está Armand?

-Paris. Chega amanhã cedo.

- Ah! Entendo.

Levou meia-hora de Richmond até o prédio do Lloyd Register, onde ela me apanhou e quase uma hora até aonde tinha deixado meu Mini.

Ao despedir-me, afaguei sua mão, depositando o diamante de Jeckyl na palma de sua mão. Anne o fitou por uns segundos e perguntou.

- Pra que isso? Eu não o quero.

- Vale trinta mil libras.

- Nenhum zirconia molecular vale isso!

Duke Ellington e Ray Charles me fizeram companhia até Liverpool.

Não voltei a ver Augie nas minhas escapadas a Londres. Soube que trocou de sexo e é manicure no Alexandra´s, club exclusivo para mulheres, em Pall Mall.