A SOMBRA DA PAIXÃO, MEU CRIME, MEU CASTIGO

De fato eu estava terrivelmente pertubada, a dor da rejeição

havia me cegado.

Não poderia aceitar o fim como fato consumado e resolvi visi-

tar Fernando na chácara.

Sempre que ele queria fugir de algo era para lá que se refugiava.

Dirigi feito louca pela estrada como se este ato dependesse da

minha vida.

Quando cheguei a chácara meus olhos viram a cena mais grotesca

e humilhante da minha vida.

Nos braços de outra ele estava amparado, sorriso brilhante e aque-

le olhar de sonhos concretizados.

Mas, sonhos que pertenciam a mim.

A fúria se apossou do meu coração ferido aos berros gritei seu no-

me.

Primeiro ela se virou, vitoriosa me expulsou da propriedade, equan-

to Fernando vinha em minha direção.

Marchei firme esbravejando, mas ele me segurou pelos braços e me

levou para dentro da casa.

Ela não teve o mínimo de descência e nos seguiu, a olhei nos olhos

mas ela continuou ao lado dele firme e desafiadora.

Como se aquele homem pertencesse a ela, que o amor o qual ti-

vemos não possuise valia alguma.

Saiu somente quando ele pediu, cai de joelhos aos seus pés implo-

rando o amor que ele havia me prometido por toda a eternidade.

Como de hábito ele passou as mãos pelos cabelos e me pediu para

esquece-lo.

As lágrimas me caiam numa cascata de dor e abandono, mas não

o fez recuar.

Firme ele me pediu para deixa-lo em paz, que não havia como rea-

tar o relacionamento.

Frio e indiferente com minhas súplicas me culpou pelo ciúme exces-

sivo e por ama-lo de uma forma doentia.

O ódio me deixou cega, ele não podia ter me usado e descartado.

Perdi a razão, simplesmente o quis castiga-lo por ter me enganado,

por ter me feito acreditar em suas falsas promessas.

Furiosa e resentida o gopiei com uma estatueta de mármore, acer-

tandoi sua cabeça.

Não tive piedado diante de seus gritos de socorro, continue golpe-

ando até que cambaleando ele caiu sobre o tapete.

O sangue machou o belo tapete branco e a porta se abriu abrupta-

mente.

Ouvi gritos, ela me olhava incrédula enquanto o acudia, os homens

da chácara que trabalhavam para o Fernando vieram e me imobili-

zaram.

Desnorteada e assustada ela gritava assasina, assasina, assasina,

e seus gritos até hoje ecoam por minha cabeça.

Me levaram para fora e quando os policiais chegaram e o resgate

tive um lapso de sanidade.

Fui capaz de matar o único homem que amei, o matei por vaidade

porque não fui capaz de aceitar que ele era feliz, feliz sem mim.

Aquele dia fatídico também me matou, não a morte física mas a

morte da minha alma.

Fui presa e condenada, no tribunal disseram crime passional por

mortivo torpe sem chance de defesa da vítima.

Peguei a pena máxima, cumpri a metade e hoje recebi meu advo-

gado que me informou que em alguns dias estarei na rua.

Cumprirei o restante da pena em condicional, uma parte de mim é

felicidade a outra o remorso que para sempre habitára minha cons-

ciência.

CAMOMILLA HASSAN

CAMOMILLA HASSAN
Enviado por CAMOMILLA HASSAN em 03/10/2008
Reeditado em 03/10/2008
Código do texto: T1210046
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