Erohn - O amanhecer
Erohn por tantas vezes morreu, e por outras mais ressucitara, que sua vida não fazia mais sentido algum. A cada amanhecer sua cabeça girava como a ciranda dum carrossel fazendo-o sentir terrível dor. De si, pouco sabia, a não ser das mortes pelas quais era responsável, pois estas não o deixavam em paz.
Como quase sempre, acordou nos arredores da velha ponte, ligação entre a ilha e o continente. Ali perambulavam grande parte dos mendigos e moradores de rua da metrópole. Erohn era mais um deles. Seu Jeans rasgado e sua camiseta suja com velhas manchas de sangue o diferenciavam dos demais. Ele era só, e nenhum dos outros moradores do local arriscava-se chegar a uma distância inferior a dez metros de Erohn.
Naquela manhã, mais do que qualquer outra, ele sentia o amargo invadir-lhe a boca, e a fome por respostas castigar seu estômago. Como de costume, pouco se lembrava do dia anterior. Flasches criavam em sua mente uma imagem turva de gente correndo, de gritos, e do cano de uma quarenta e cinco apontar para sua testa. Chegou a ouvir o estampido, mas como das outras vezes sabia que ainda estava vivo, simplesmente pelo fato de acordar novamente, embora não entendesse por qual motivo a morte lhe negara carona.
Levantou-se sobressaltado. Precisava ir em busca de respostas. Erohn sabia que os homens precisam saber de seus passados, principlamente quando querem descobrir quem são, no presente.