Erohn - O amanhecer

Erohn por tantas vezes morreu, e por outras mais ressucitara, que sua vida não fazia mais sentido algum. A cada amanhecer sua cabeça girava como a ciranda dum carrossel fazendo-o sentir terrível dor. De si, pouco sabia, a não ser das mortes pelas quais era responsável, pois estas não o deixavam em paz.

Como quase sempre, acordou nos arredores da velha ponte, ligação entre a ilha e o continente. Ali perambulavam grande parte dos mendigos e moradores de rua da metrópole. Erohn era mais um deles. Seu Jeans rasgado e sua camiseta suja com velhas manchas de sangue o diferenciavam dos demais. Ele era só, e nenhum dos outros moradores do local arriscava-se chegar a uma distância inferior a dez metros de Erohn.

Naquela manhã, mais do que qualquer outra, ele sentia o amargo invadir-lhe a boca, e a fome por respostas castigar seu estômago. Como de costume, pouco se lembrava do dia anterior. Flasches criavam em sua mente uma imagem turva de gente correndo, de gritos, e do cano de uma quarenta e cinco apontar para sua testa. Chegou a ouvir o estampido, mas como das outras vezes sabia que ainda estava vivo, simplesmente pelo fato de acordar novamente, embora não entendesse por qual motivo a morte lhe negara carona.

Levantou-se sobressaltado. Precisava ir em busca de respostas. Erohn sabia que os homens precisam saber de seus passados, principlamente quando querem descobrir quem são, no presente.

Douglas Eralldo
Enviado por Douglas Eralldo em 14/10/2008
Código do texto: T1227306
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