EROHN - OS TRÊS JOVENS

Erohn acordou com os raios de sol da aurora tocando seu rosto. Sentia cansaço apenas. Não sabia ao certo por quanto tempo dormira, e lembrava-se poucas coisas do dia anterior, basicamente sobre sua aventura no departamento policial.

procurou por ferimentos em seu corpo, mas nada encontrou. Ele estranhava tudo aquilo que se passava com ele, e a cada segundo ele sentia a necessidade de buscar respostas por sua origem. A velha ponte servia de abrigo a ele, que definitivamente não suportava a mesma paisagem todas as manhãs. "Nunca lembro por qual caminho venho para neste lugar imundo, mas estou sempre aqui". Pensou em voz alta o mendigo.

Enquanto caminhava pelo subúrbio pensando em qual atitude tomar, Erohn remoía seus pensamentos sobre sua vida misteriosa. Ele talvez como nunca sentia-se confuso, sem saber para onde ir, sem ter condições de tomar qualquer decisão, embora decisões não forem seu ponto forte, pois pensando bem, recordou-se que agia muito mais por instinto, que por razão. "Um animal, não passo de um animal". falou para si mesmo.

A inquietação era tamanha que seu corpo era tomado por um calor febril. Seus olhos iam ganhando contornos alaranjados, até assemelharem-se com duas bolas de fogo em sua face. Tinha ódio, muito ódio. Não sabia do que, talvez fosse do mundo, da vida, coisas tão abstratas que aquele simples mendigo não podia compreender.

Azar tiveram os jovens. Eram três. Dois iam em suas bicicletas, e o outro preferia seu skate. Estavam no local errado, e na hora errada. Ainda era cedo, mas Erohn já tinha perdido seu dia com suas angústias e com seu ódio. Com o pedaço de pau que encontrou na calçada matou os três, deixando no asfalto as poças de sangue, e corpos deformados por tamanha violência empregada pelo algoz.

Erohn compreendia porque tantas cifras no cartaz de procurado que vira no departamento de polícia. Ele não passava de um assassino. Mais do que isso, "sou um monstro". Disse. Deu as costas para o lugar, e saiu caminhando em passos largos, "isso tem que acabar, isso tem que acabar..."

Douglas Eralldo
Enviado por Douglas Eralldo em 23/10/2008
Código do texto: T1243211
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