__DESATINO DO COTIDIANO__
       Carlos naquela noite estava transtornado,
       andando e falando frases desconexas pelo
       apartamento.
       Com os punhos cerrados esmurrava a parede
       como se assim abrandase a ira do seu ser.
       Lágrimas quebravam o silêncio daquele lar.
       O orgulho e a vaidade já não mais habitavam
       aquele homem.
       A fragilidade e as frustrações tomavam con-
       ta de suas emoções o deixando totalmente
       insano.
       O aconchego do lar havia se diluido com as
       brigas e a partida de Olivia.
       Ficara tão somente as lembranças, a sensação
       inexpressiva de um amor adiado.
       O corpo lhe doia terrivelmente, a mente esta-
       va possuida por pensamentos auto-destrutivos.
       Num ímpeto de loucura, aonde a dor da rejei-
       ção se sobresai a sanidade pegou a corda.
       Firme em seu propósito em findar a vida mar-
       cada pelo fracasso amoroso a amarrou no ba-
       tente da porta.
       Deu um profundo suspiro como se assim a co-
       ragem o guiasse em seu objetivo.
       Subiu na banqueta determinado a cessar tal
       sofrimento.
       Enquanto passava a corda em volta do pescoço
       as lembranças bailavam em sua mente.
       Lembranças tão pertubadoras que lhe rouba-
       vam o sopro da vida.
       Frações de segundos e ele consumou o ato.
       O corpo como pendulo balançou diversas vezes
       até ficar inerte e sua cabeça tombou para o 
       lado.
       Um vento gelido cortou a casa, cantando como
       lágrimas da tristeza ecoou.
       Dias, semanas se passaram e todos estavam
       ocupados com suas vidas para terem algum
       interesse no outro.
       Certa tarde um vizinho incomodado com o mal
       cheiro resolveu tocar a campainha.
       Em vão, um tanto irritado procurou o sindico
       e este acionou os bombeiros.
       Boas línguas rezaram pelo desatino do morto,
       as más o questionaram e o condenaram.
       Mas Olivia ao saber lastimou, chorou e em seu
       íntimo um vazio de não ter as palavras quando
       ele mais necessitou.
                         _CamomillaHassan_
       

       
      
CAMOMILLA HASSAN
Enviado por CAMOMILLA HASSAN em 28/06/2009
Código do texto: T1671924
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