Vampiros em Nothound - parte V

5

Passara a tarde inteira no quarto esperando que minha mãe voltasse com meu irmão da casa da minha tia.

Mesmo querendo que ela deixasse meu irmão lá eu não iria arriscar minha mentira e depois acabar enrolada entre a verdade e a história inventada.

Escutei segundos depois a porta se abrindo devagar no andar debaixo.

_ Mãe? Luke?

_ Oi filha, achei que você estava dormindo! A casa está tão escura e silenciosa. Tudo bem? - percebi que ela subia as escadas acompanhada de meu irmãozinho e seus pés pequeninos.

_ Vou tomar banho e seguir direto para o hospital, já conversamos sobre isso hoje pela manhã.

_ Sei, mas o que eu faço para o jantar?

_ Me poupe Megan, eu te ensinei a cozinhar com quatorze anos, você já tem quase dezoito, pelo amor de Deus, se vire, não preciso me preocupar com isso também.

_ Ok, desculpe, não pergunto mais - ela saiu do quarto depois de afagar meus cabelos com a ponta dos dedos.

_ Seu irmão está no banho já e depois eu vou ligar a TV para ele, qualquer coisa eu peço para ele te chamar aqui, não vou pedir que você pare de estudar - ela apontava para o livro de física semi-aberto na cama.

Balancei a cabeça em sinal positivo e esperei que ela saísse para começar a sentir saudade dele.

A luz do sol começa a desaparecer quando notei um coturno e um jeans de bocas largas aparecerem em minha janela.

Corri sem pensar para os braços dele.

É difícil explicar que mesmo sem saber o que realmente mudou e o que está por vir eu nunca deixei de gostar dele e tinha certeza de que ele também gostava de mim ainda, se não... Se não ele não estaria ali.

_ Vai precisar de mim esta noite sabia? - não eu não sabia, só que também não queria me desligar do abraço e voltar a realidade - Uma pessoa que não dorme precisa de algo para fazer, no seu caso sua ocupação será me agüentar. Temos a noite inteira.

_ E... E se minha mãe te ver aqui ou te escutar?

_ No volume de voz que estamos falando agora ela só poderia nos ouvir se estivesse no seu quarto, e pelo visto ela não está aqui.

Sorri feliz por estar com ele ali.

_ Amanhã é dia de caça, vai querer assistir?

Um frio me dobrava o estômago e me deixava ansiosa, era como sentir falta de ar. Talvez fosse melhor eu começar a me acostumar com as coisas desse novo modo de viver.

_ Pode ser.

_ Sairemos daqui juntos, precisa se vestir adequadamente para a ocasião.

_ Devo usar preto?

_ É o mais aconselhável.

Comecei a dedilhar uma medalha de prata que ele carregava no pescoço.

_ A propósito, não é uma estaca no peito nem um objeto de prata que nos mata. São só lendas.

Ri baixo sem tirar as mãos do objeto.

_ É seu se quiser.

Fernanda Ferreira
Enviado por Fernanda Ferreira em 13/09/2009
Código do texto: T1808449
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