Um estranho no bosque - história baseada em fatos reais.

É um casal. Mulher de 28 anos e homem de 32, planejam se casar e terem os dois, dois filhos. Moram bem, em um bairro nobre da capital paulista. O homem é médico e a mulher é dona de uma boutique. Vão ao cinema todos os sábados, assistem peças de teatro quase toda sexta-feira, praticam natação as terças e quintas-feiras e comem em bons restaurantes da cidade todos os dias, pois no momento estão sem empregada doméstica.

O casal no momento se encontra na casa de um amigo de infância. Bebem Gin e o marido fuma um charuto importado. O local está posto por cinco pessoas dançando e assando frango na lareira. As 23h:43min Maurício, o marido, decide tomar sua esposa para darem uma caminhada de carro por aí. Ela, nomeada de Júlia, aceita.

Maurício e Júlia deixam o apartamento as 23h:55min, tomam o carro e começam a decidir para onde devem ir. Parecem ainda bem dispostos a se divertirem então decidem ir a casa de campo deles.

A estrada perpetua o silêncio, só há o carro deles e de um outro cidadão correndo rapidamente um ao lado do outro. A placa indicando o nome da cidade é avistada por Maurício e ambos tomam o caminho devido. Júlia, abre uma garrafa de água e bebe em separados goles e apalpando o cangote do marido.

As exatas, 01h:50min da manhã, o casal chega na casa de campo e o caseiro não se encontra eles abrem a porta com a chave reserva e desligam o carro.

A casa parece legal, tem sete cômodos, assoalho de madeira nogueira, paredes com singelos quadros pintados pela mãe de Júlia e uma lareira indispensável no centro da sala de estar.

O cheiro de lenha nova era perceptível em todos os cantos da casa de veraneio. O clima era agradável, morno.

Maurício apanha uma garrafa de uísque antigo do barril de coleção e ambos dividem um copo. Júlia acende a lareira com as lenhas recém cortadas e assa junto ao marido, um punhado de 'marshmallows'.

São 03h:23min da manhã, ambos estão acordados e a casa permanece em silêncio. A mesma tem apenas um andar, ali mesmo tem a cozinha e o enorme banheiro com termas de hidroterapia e saunas no exterior junto à piscina.

Maurício olha pela janela e percebe que o céu está iludindo uma sinuosa chuva de relâmpagos e trovões vindo do Sul. Júlia concorda dizendo sim com a cabeça.

Os uivos dos lobos são audíveis pela redondezas, vizinhos são distantes uns dos outros, a casa do caseiro fica mais ou menos a uns 10km da casa do casal.

Às 04h:13min Júlia decide tomar um copo de água gelada e repara através do vitrô um vulto não sabe explicar se seria humano ou não.

Júlia ignora, Maurício retorna e percebe que seu molho de chaves não se encontra mais no chaveiro da casa. Ele pergunta a Júlia se ela viu as chaves. Ela diz que não. Neste momento ela conta que reparou em um vulto no exterior da casa e ele assustado, decide averiguar os cômodos da casa.

Apanha um instrumento da lareira e caminha vagarosamente com sua esposa ao lado olhando perenemente aos quartos, um por um.

Nada. Nenhum sinal de alguém naquela casa. O fato de terem sumido as chaves soava muito estranho para Maurício e Júlia.

Às 05h:45min o casal decide descansar por um par de horas no próprio sofá de couro da sala apagando lógico, a lareira acesa.

Durante duas horas o casal embarca em um sono leve e supimpa que parecia não acabar mais.

Júlia acorda as 07h:55min da manhã olhando para o bosque, para aqueles pinheiros verdes escuros e altos, bem altos.

Maurício, com sono, porém astuto de coragem para iniciar o dia, olha para esposa e pede um beijo. Ela o beija e sugere que vão até o bosque para dar uma arejada, ele animado, aceita.

Maurício toma um casaco e um punhal para emergência, coloca o relógio caro no pulso e aguarda na porta Júlia se trocando, colocando seu colar da sorte e fechando sua japona.

O casal sai da casa as 08h:19min e marcha até o começo do bosque que parecia não ter nem entrada e nem saída. Ambos, com frio, caminham sobre as pinhas secas e sentindo o ar fresco impelindo sobre as narinas. O casal segurava uma garrafa de água mineral e um tronco de árvore seca para ficar se apoiando nos sinuosos desníveis daquele solo chato de se caminhar.

Era 09h:00min em ponto. Maurício percebe que estão sendo observados por alguém, Júlia nega e sai andando. Maurício fica em silencio um instante e tenta identificar o barulho das pegadas. Ele torna e não vê sua esposa. Desesperado ele começa a gritar o nome dela, fica uns 10 minutos gritando sem sucesso. O barulho das pegadas fica mais intenso e Maurício vê ao longe nos troncos dos pinheiros uma figura de alguém alto e robusto parado a sua exata posição, só que longe, nos troncos.

Maurício querendo não deixar o bosque, é forçado a deixar e corre rapidamente tropeçando em galhos até avistar uma saída. O sujeito desconhecido parece correr rápido em direção de Maurício e o mesmo corre depressa a sua casa. Maurício parece não acreditar naquilo e corre cada vez mais rápido até perder o fôlego e parar atrás de uma oca abandonada. E começa a observar a situação. Desesperado, ele solta um grito, um berro, pássaros voam alto, acima dos pinheiros, o Sol regozija em calor, a casa perpetua em silencio, o carro do casal permanece trancado, a vida do casal, permanece sob anonimato.

"Essa história foi baseada em fatos reais, até hoje não se sabe do paradeiro de Júlia Luna e de seu noivo Maurício Couto. As investigações permanecem em silêncio, a casa é investigada e nenhum rastro de outra pessoa é encontrado. A única coisa encontrada do casal, foi no bosque, um colar da sorte."

Nathus
Enviado por Nathus em 21/04/2011
Código do texto: T2923226
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