Caixão

Ao abrir os olhos lentamente senti solavancos ao mesmo tempo em que exalavam um cheiro de perfume por todo o ambiente.

A sensação era que eu estava descendo só não sabia para onde, a escuridão confundia o meu raciocínio.

Somente quando tentei em levantar a minha cabeça e ela bateu sobre a madeira fria, pude então situar que eu estava dentro de um caixão.

Tentei mover meu corpo de um lado para o outro mais o espaço era pequeno, tentei erguer o meu braço para retirar a tampa, forcei o máximo que pude e nada.

Silêncio. Mais um solavanco e agora a sensação era que eu estava sobre o chão, e na realidade eu estava sobre o chão de uma enorme cova.

Ouvi barulhos batendo sobre o caixão, era terra, meu Deus eu estava sendo enterrado.

Mas eu não havia morrido, o desespero tomou conta de mim, agora eu estava batendo sobre a tampa do caixão ao mesmo tempo em que gritava, mais parecia em vão, a escuridão juntamente com a falta de oxigenação deixava eu extremamente agitado, podia ouvir as batidas do meu coração.

Agora eu estava tentando inutilmente abrir a tampa com os meus pés, forcei a tampa para cima com as mãos, eu estava perdendo o fôlego.

Silêncio. Não havia mais solavancos, nem barulho sobre o caixão, agora apenas cheiro de flores misturado com cheiro de terra batida.

Tentei raciocinar como eu fui parar ali, agora ainda mais ofegante devido a tantos esforços, lembranças permearam o solo da minha mente.

Estava indo para o trabalho alias era a coisa mais importante para mim ao longo dos cinco anos, sem férias, sem momentos de lazer, sem a presença de minha família, minha vida conjugal havia se desgastado e culminado no divorcio, na noite que antecedera este fato dormi apenas três horas, o que para mim já era muito, alias como diz o ditado “tempo é dinheiro”.

Um atropelamento e depois tudo escureceu e continuava escuro, mas eu não havia morrido, por que me enterraram vivo?

Quando adolescente ouvi meus pais contar acerca de defuntos que foram encontrados depois de certo tempo de barriga para baixa dentro do caixão.

Só de contar eu já arrepiava todo. Porém agora não era conto e sim realidade, e logo eu que tinha pavor a lugares fechado.

Não havia possibilidade de sair dali, esperaria a morte chegar de fato, como seria?

Comecei então a chorar e pedi perdão a Deus por todos os meus pecados, neste momento comecei a procurar ar para respirar, e o coração saltava dentro do peito, por muito custo consegui virar de bruço, mais a cabeça não foi possível, já neste momento já não sentia mais as pernas, nem os braços, comecei a sentir o ar gelado, a morte havia chegado, dei mais três suspiros com muita dificuldade, perdi o sentido e então gritei pela ultima vez: Eu não quero morrer!

Quando abri os olhos novamente eu estava atarracado na minha esposa, sobre o olhar espantado dos meus três filhos e ainda na presença do sindico do apartamento que disse: - O grito havia acordado todos os moradores do apartamento que inclusive já havia acionado o corpo de bombeiros.

Tudo não passara de um terrível pesadelo...

LUVI
Enviado por LUVI em 16/06/2011
Reeditado em 01/09/2011
Código do texto: T3038041
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