Bem na confluência ,no final das estradas da maçã e do poço, tem um buraco no barranco.
Um rato sempre estava lá ; e sempre aquele rato. Se ele não morava , certamente gostava muito do lugar,
O danado entrava e saia varias vezes , preferencialmente à noite; era um vaivém frenético, não importava a hora. Sumia um pouquinho, lá estava de novo.
No inicio , o buraco era bem estreito, mal cabia o tal ; inúmeras vezes o vi saindo todo sujo, molhado não sei do que, e muito esfolado. Não faz muito tempo, a ratazana deu a luz a três ratinhos : uma fêminha  e dois machinhos, que cresceram na caverna dentro do buraco. Quando resolveram sair, foi aquele fuzuê; a ratinha foi a que mais deu trabalho, o ratinho do meio nem tanto, e o terceiro... saiu muito bem.   
Uma vez surpreendi o rato entalado no buraco: ele enfiou a cabeça para o fundo, e seu corpo tapava a porta ; chegou a dormir nesta posição.
Na era de ouro, a ratazana cuidava com esmero da entrada da oca e fazia um revezamento: Quando a mata crescia, ela carpia rapando a grama, mas rapava tanto que aparecia até a terra vermelha; outra vez , deixava a mata crescer. O rato nem se importava, entrava e saia do mesmo jeito ,creio que ele até gostava desta inversão de turno!
Agora as estrada, a circunvizinhança, e conseqüentemente o buraco, é de proteção ambiental; ninguém nem chega perto, nem toca em nada , nem olha. O rato? Nem pensar. 
Pra falar bem a verdade , nunca mais vi de perto o panorama do lugar, tenho o visto de longe e muito rápido. 
Quanto ao rato, creio  que ele até já pensou  em arrumar outro buraco  , mas a sua mente  ainda está voltada para o costumeiro. Outro dia ,não sei se ele sonhou cavando tanto , tirando tanta terra que sentiu-se mal, afinal , não é de se estranhar, até porque ,após tanto tempo sem fazer exercícios...
Será que alguma defensora dos animais, dispõe de compaixão para acolher o rato? Coitado!