“Uma assombração no meu caminho”

Jair, um caminhoneiro que vivia na estrada a mais de dez anos; esta viajando para Mais uma entrega com sua Volvo 114.

Já é tarde, quase uma hora da manhã, o sono aperta. Ele Precisa parar. Jair decide entrar num posto de parada para caminhoneiros, é uma noite de sábado, a carreta esta carregada de componentes eletrônicos e no domingo ninguém vai descarregar, como falta ainda uns duzentos quilômetros para chegar a Belo Horizonte, decide parar para tomar um banho, comer algo e dormir ate o dia amanhecer, depois eu parto para BH.

Ao adentrar o bar do posto, Jair senta a uma mesa na beira da parede, de lá, ele tem vista ao pátio aonde esta seu bruto. Do outro lado do bar, dentro do mesmo salão, tem uma Moça, ela esta sentada em uma cadeira e encima da mesa, há um copo com bebida forte, tudo indica; seja uma pinguinha das boas, mas a jovem Mulher esta ali, estática, olhando morosamente aquele copo, da à impressão que ela esta curtindo uma baita solidão, Jair vê a sena, pensa por alguns segundos, e levanta para ir ao toalete que fica nos fundos do bar, lá, enquanto o caminhoneiro lava as mãos e o rosto, ele para a se olhar no espelho pensando uma forma de chegar à jovem Mulher para bater um papo, e assim passar a noite numa boa companhia.

Porem, ao voltar lá não vê mais a Moça, apenas o copo com uma doze de pinga. Jair passa mão no cabelo, resmunga; diacho, cadê a Mulher que estava aqui?

O garçom responde, falou comigo Seu Jair? Jair; não! Eu devo ta ficando maluco, agora to vendo Assombração, só pode... Jair senta, o garçom trás um lanche, e ele não se conforma de ter deixado a chance de se dar bem o resto da madrugada ir embora, mas embora pra onde? Uma hora dessas, a pé ela não foi, não tinha nenhum carro aqui fora, só tem o meu caminhão parado aqui.

Jair pergunta ao garçom; o amigo; aonde foi aquela moça que estava aqui? Ela nem se quer tomou a cachaça.

O garçom olha para o caminhoneiro e faz um gesto de risada e diz; meu amigo, você e o Zé do rancho são as únicas almas viva que entraram aqui hoje, o dia inteirinho, o Zé pediu a pinga e deixou ai pro santo, ele ta largando de beber, e agora o senhor entrou.

Jair ficou intrigado, mas resolveu passar o resto da madrugada naquela espelunca, o domingo inteiro ele não pensava em outra coisa, a não ser naquela figura de Mulher com aparência carente. Jair deixa para viajar a noite de domingo para segunda, por um lado, ele tinha esperança de rever a Mulher, por outro, ele pensava na facilidade de chegar descansado a BH e descarregar cedo, assim, ele partiu depois da meia noite, ao pegar a estrada, viu através do brilho dos faróis uma Mulher em pé a beira do caminho, ele rapidamente foi encostando o caminhão, parou a alguns metros à frente, olhou pelo retrovisor e não viu a Moça, ele sentiu um arrepio e a lembrança da Mulher do bar veio mais forte, a mulher da beira da estrada, tinha a mesma semelhança, Jair não pensava na hipótese de encontrar um Fantasma, ele pensava que pudesse ser uma Mulher moradora dali da redondeza e que viaja de coronas, isso é comum nas cidades de interior.

Ele esperou um pouco com o motor do caminhão ligado, nada da Mulher vir, Jair desce, pega o martelo de bater pneus, vai para a parte de traz a procura da Mulher e não vê ninguém, ele da à volta por traz da carreta, volta em direção do passageiro, ao se aproximar, ele vê a pontinha do vestido dela, ele para; Pensa, e não tutebeia pede licença para ela, fecha a porta e vai para o outro lado, o do volante, entra na cabina, olha para o lado e vê a Moça, ela é de fato muito linda.

Mas tem um semblante sereno, pálido... Jair parte lentamente e procura assunto, mas a Moça não fala nada, já chegando ao destino, por volta de quatro, cinco horas, o dia começando dar o ar da graça, ela olha para o Motorista, faz um sinal para ele parar, ele para, desce, da à volta pela frente do caminhão e ao chegar do lado do passageiro, abre a porta, mas a Mulher não esta lá.

Ele olha na direção de um trilho que desce para um riozinho mata adentro e a vê caminhando lentamente em direção ao rio, à visão que Jair tem da Mulher se confunde com a neblina da alvorada, decide segui-la, mas ela desaparece em meio à neblina que fica mais intensa ao se aproximar da água corrente, Jair para e vê a beira do rio uma cruz, e nela tem um nome; Carmem. E uma frase; descansa em paz, são os votos de seus amigos e parentes. Jair sai em disparada de volta para o caminhão, agora toda vez que ele passa por aquele caminho vê a Mulher a pedir carona, mas não para, ele sabe que é uma assombração em seu caminho, se bom; se mal, ele não sabe dizer, mas entende que não é real.

Esta é a historia de um motorista solitário que vive nas estradas!

Joel Costadelli
Enviado por Joel Costadelli em 29/10/2012
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