O DIA QUE LAMPIÃO MATOU MEU PAI

Precisava de uma corda, bem firme, daquelas que aguentam bastante peso, e de uma tábua bem retangular, não servia se não fosse bem retangular, para fazer um balanço lá no pé de Jacarandá.

Papai disse que quando eu conseguisse todos os materiais, era para acordá-lo, pois montaríamos nosso balanço. Não sei porquê o medo de todos, andam dizendo por ai que Lampião está aqui no Ceará. Quem é Lampião?

-É o rei do cangaço, se não gostar de você, te mata. Não é momento de criança ficar andando por ai, pegue essa tábua e vá para casa menino. A corda acho que tem uma lá no fundo.

Todas as lojas estão fechando, até mesmo o a serraria de seu Antônio fechando assim cedo, mas consegui a tábua bem retangular e a corda.

O céu mostra algumas nuvens, mas papai disse que, nuvens muito brancas não são nuvens de chuva, são só nuvens. Essas que estão no céu são brancas demais, então são apenas nuvens de sol.

O Armazém do seu João está fechado, que chato, vou ficar sem meu confeito só por causa desse Lampião?, afinal já sou homem feito, minha chinela já tem mais de 4 remendos, e meu chapéu já está amassado pelo sol, daqui a 2 anos já posso andar com minha pexera, não que eu já não ande, mas ninguém pode saber.

Papai disse para acordá-lo, mas não está em casa, nem mamãe está aqui, vou ir montando meu balanço.

- João Bezerra, venha cá fora.

-Que foi seu Bráz? agora não posso vou montar meu balanço, vê essa tábua bem retangular, perfeita não é?

-É perfeita sim, mas o senhor tem que vir aqui, Lampião passou pelas casas daqui, e o garoto tem que ser forte com a notícia.

Mas seu Bráz, papai está apenas balançando, ele já tinha a corda era só a tábua que precisava. Não se enrola corda no pescoço para balançar.

-Durma na minha casa hoje garoto, seu pai não volta mais, está morto, foi Lampião, quando você crescer seu João Bezerra, pode usar sua pexera e vingar seu pai.

Monta o balanço comigo seu Bráz?, eu tenho a corda e a tábua bem retangular.

-Vamos lá no Jacarandá, o senhor é um bom garoto, será um grande homem.

Eduardo Junio

Ao leitor, o Tenente João Bezerra, matou lampião no dia 27 de julho de 1938. Esse texto nada tem haver com a realidade, é apenas ficção.

Eduardo monteiro
Enviado por Eduardo monteiro em 11/11/2012
Reeditado em 11/11/2012
Código do texto: T3980271
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