Horror em um ônibus
Mal tinha acabado de tomar meu café, que por sinal, estava péssimo – nunca aprendi a medida de um bom café – olhei rapidinho no relógio e percebi que estava atrasado.
Mesmo assim correndo, consegui pegar o ônibus via leste, que ia me levar ao centro da cidade de Espelhado. O ônibus estava lotado de trabalhadores que, como eu só tinha este transporte. À medida que os pontos de ônibus se aproximavam mais passageiros entravam.
Alguns com expressão de alegria e outros de aborrecimento. Todos os dias essa rotina era estafante. Perto da central de ferro, penúltimo ponto, observei que entrara um rapaz de boné preto. Alto e moreno de óculos escuros, barba por fazer e uma tatuagem no braço esquerdo. Essa tatuagem era alvo de olhares porque sua camisa regata deixava a figura de um dragão preto com chamas nas narinas, bem à mostra.
Se pudesse eu sairia dali naquele instante, pois senti no olhar do rapaz uma sombra de maldade.
Eu acertara no meu pré-julgamento. Mal o ônibus se movimentou o rapaz gritou:
_ Todos aqui vão morrer - sacando um revólver apontava pra nós.
O motorista levantou os braços – esquecendo da direção –
e falou:
_ Calma...calma...vou desligar o ônibus. Um freio rangendo os pneus jogou muita gente para frente. Neste ínterim o próprio marginal se desequilibrou e sua arma disparou. Houve tumulto geral.
Agi então com energia dando uma chave de braço e imobilizado o assaltante. Pedi a alguém que abrisse minha bolsa e retirasse as algemas. Eu era um policial civil. Tudo se tranqüilizou. Liguei para um companheiro e ele me ajudou a retirar as pessoas do ônibus. Tive sorte e agradeço a Deus a minha vida.