Capítulo 2 - Desvendando os Mistérios

Lá estava eu, preso em certos pensamentos, em meio a tudo isso, voltei a casa do senhor, com o intuito de solucionar minha curiosidade, mas não tive tanto sucesso como gostaria, ele me recebeu, mas não me deu qualquer informação a não ser seu nome, Harold.

Enquanto tentava argumentar ele simplesmente não me dava ouvidos, dei de ombros e parti, novamente em casa decidi agir diferente, e passei alguns dias planejando um meio ao qual ele se interessasse a cooperar comigo.

Quatro dias depois voltei a casa de campo, levando algumas páginas de jornais antigos, na esperança que ele pudesse ver aquilo. Nas páginas haviam reportagens, artigos, textos e outras coisas de cinqüenta anos atrás, as encontrei em uma gaveta, no quarto de hóspedes da casa de meus pais (tios).

Pouco tempo depois de vê-las ele apoderou-se das mesmas e me convidou para entrar em sua casa, baixinho, franzino e de olhos azuis, Harold, tinha uma aparência mediana, que assustaria qualquer um com aquela imagem de “Velho maníaco, que vive sozinho em sua assustadora casa de campo”.

Depois de lê-las cuidadosamente Harold começou a sussurrar algumas palavras:

-Eu estive lá.. – apontando a página que continha um artigo sobre a guerra civil. – foi terrível, foi quando comecei a perder tudo.. – prosseguiu Harold.

-Sinto muito, não pensei que você pudesse ter alguma ligação com isso.. – falei até o senhor me interromper.

-Não filho, foi uma das melhores coisas da minha vida, poder servir meu país, mas as coisas que aconteceram depois é que foram ruins. – falou Harold antes de me mandar embora.

Na manhã seguinte, cumpri minha rotina e fui ao Palace Coffee, mas para minha surpresa encontrei Harold em seu lugar, e quando ele me viu entrar logo me chamou e disse:

-Bom dia garoto, você queria uma história, então vai tê-la.

Entusiasmado, vi que seria uma longa viagem nessa história, então, pedi a Harold que fosse comigo até um parque próximo do café, um lugar calmo para se sentir mais a vontade.

Nos sentamos no banco de madeira, com vista para um lago pequeno, e várias árvores. O ambiente perfeito para contos.

Harold permaneceu calado por alguns minutos, parecendo sugar de sua memória, tudo o que passou, refletindo em suas lembranças. No banco ao lado havia um jovem casal, olhando os pássaros que por ali passavam despreocupados. E Harold olhando fixamente para os dois falou repetidas vezes " Madeleine " .

Após ouvir esse nome, procurei saber quem era Madeleine, mesmo já imaginando que era sua esposa. Então, após um instante, Harold prosseguiu:

- Madeleine, minha Madeleine. Conheci minha jovenzinha com apenas 8 anos, brincávamos e estudamos juntos por um longo tempo. Quando o amor nos tocou, ela teve que viajar com seus pais, mas nunca desisti dela. Quando completei meus 18 anos, fui atrás de minha amada e declarei meu amor. O que mais me encantou em Madeleine foi o seu sorriso, seus lábios vermelhos e seus olhos negros que despertavam um olhar corajoso e penetrante, o qual me fizera apelidá-la de Branca de Neve.

Após alguns meses, depois de muita discussão entre as duas famílias, eu e Madeleine nos casamos, foi o melhor dia da minha vida até hoje, e tentei fazer o melhor para que fosse o melhor dia da vida dela também. O sorriso encantador após o "Sim" e os momentos felizes que passamos um ao lado do outro, é o que me fazem permanecer ali, cuidando de nossa casa, das nossas coisas conquistadas ao longo da vida.

Nos mudamos para essa cidadezinha, depois de casar. Foi onde vivemos essa longa história. Éramos felizes, na verdade nos sentíamos o casal mais feliz da face da Terra, os mais apaixonados, os inseparáveis. Lembro-me que Madeleine me chamava de Super-Herói, o Herói que mudou sua vida para melhor. O que mais dói em meu coração, é saber que meus Super-poderes não a curaram da maldita doença. Meu amor morreu meses após ser diagnosticada de um câncer terminal. Perdi o que eu mais amava na vida, meu maior tesouro. Depois que tudo acontece, é assim mesmo meu filho, só sobram histórias como essa para contar. O que me manteve vivo ainda, foram meus filhos... Ah, meus filhos. A parte mais preciosa que sobrou de minha mulher. O que restou da minha felicidade.

Eu, já emocionado ao ouvir aquela longa história de amor verdadeiro, ousei em perguntar sobre seus filhos, o pobre homem já atordoado por seus pensamentos, somente me respondeu numa voz quase sem som acompanhada por lágrimas:

- Meu filho, é outra longa história, deixe-me acalmar o coração, e te contarei tudo. Tenha um bom dia.

Limpando as lágrimas que já cessavam, Harold colocou sua mão em meu ombro, sorriu para mim, e partiu em passos lentos a caminho de sua casa.

Johan Henryque e Maindra Bianca
Enviado por Johan Henryque em 03/08/2013
Código do texto: T4418037
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