vírus II

00:42 AM

O professor em microbiologia Santiago Hernandez suava frio, apesar do vento gelado da madrugada que entrava pela janela do carro, quando entrou na RJ-145 sentido Valença, trocando os solavancos da estrada de terra pelo tranquilo transcorrer no asfalto recém reformado que se estendia pela via. As mãos tremiam ao volante, os olhos insistentes olhavam nos retrovisores cromados do Ford focus MK3 2014 vermelho que dirigia, tentando desvendar neles os traços de seu perseguidor. O telefone toca, só uma pessoa tinha aquele número:

_ Alô senhor Perez! Más notícias eles descobriram nosso esconderijo, temo que tenham descoberto também o alvo.

_ Você foi atacado Santi?

_ Sim, invadiram a fazenda, mataram o cão que o senhor me deu. De fato se não fora por seu sinal à esta hora o vírus estaria perdido!

Segue- se uma pausa que Santiago preenche com mais uma olhada pelo retrovisor. Em seguida diz o senhor Perez:

_ Venha para o meu apartamento, aqui é seguro. Devemos antecipar nossos planos, o vírus deve seguir para o alvo o quanto antes.

Sem mais palavras a ligação foi encerrada, pondo o telefone de lado Santiago apertou ainda mais o acelerador vento o ponteiro do velocímetro marcar 120 KM/H.

Loureiro limpa suas digitais da caixa com fundo falso, da maçaneta das portas, e do alarme desativado na entrada da casa. Apanha um mapa do Rio de Janeiro que encontrara em meio às anotações e caminhando pela relva molhada considera o local para onde poderia ter fugido sua vítima. Dentro do carro o movimento lento dos para-brisas lhe fazem ligar para o patrão.

_ Chefe houve um imprevisto.

Do outro lado a voz rouca de um homem que devia ter seus sessenta anos em diante o interpelava:

_ Você deixou escapar! Sabe que não podemos perde-lo, e muita coisa está em jogo.

_ Sim chefe, mas consegui fortes indícios do local para onde foi levado, só preciso da confirmação.

_ Se ele fugiu não tem lugar pra ir senão pro apartamento no centro, você conhece o caminho Loureiro?

_ Perfeitamente senhor.

_ Entao siga, enquanto eu reuno informações. E desta vez não o perca!

A descida até a pista foi rápida e em pouco tempo o policial reformado estava na pista no encalço do professor, seus olhos, de uma frieza impassível, revelavam as várias noites sem sono que andara espreitando os hábitos do professor, mas esta noite tudo precisa se resolver, senão, quem sabe quanto tempo mais ele levaria para deixar uma pista, um rastro por mais sutil que seja, e, a este tempo, não será tarde demais para as várias pessoas que dependem de sua ação... Enquanto se perdia nessas divagações o carro seguia a toda velocidade deixando para traz uma nuvem das gotas de água que molhavam o asfalto.