O Duplo

“Certa vez ouvi dizer que todos nós somos uma única alma com suas variantes (variantes que se aplicam na teoria às pessoas fisicamente idênticas a nós), e foi no momento uma ótima explicação, mais tarde eu descobriria que não é exatamente assim.

Minha história começa num quatro de julho qualquer, eu havia aplicado muitas provas onde trabalho, já tinha anoitecido e eu tinha pilhas e pilhas de provas a serem corrigidas, decidi por levar o “trabalho” para casa, após ter feito isso passaram algumas horas, notei que havia muita movimentação fora do normal na rua, luzes piscando por fora da minha janela e repentinamente batiam em minha porta, resolvi atender e foi neste momento que todo o meu inferno começou, era a polícia estava em minha casa, e eles não foram muito receptivos e logo me deram a voz de prisão, os policiais tinham a extrema certeza de que o delito que eles estavam investigando com toda certeza havia sido cometido por mim. Após ser levado para prestar depoimento, eu disse tudo o que eu poderia dizer para comprovar minha inocência, mesmo sem saber do que eu estava sendo acusado permaneci por uns dias na delegacia e logo fui solto porque eles não tinham provas que me ligassem ao crime. Achei que aquele mal entendido acabaria por ali, mas foi apenas um mero engano meu, em diversas redes sociais havia uma espécie de retrato falado que realmente era fiel as minhas características físicas, havia diversas mensagens de ódio em diversos lugares, fui até suspenso do meu cargo por um tempo.

Eu realmente gostaria de provar que eu era inocente e mostrar a todos como estavam errados a meu respeito, comecei a investigar melhor toda essa historia, afinal(acho que aqueles anos de pesquisa de campo não foram em vão, aprendi bastante a obter informações, apesar das circunstancias serem diferentes), investiguei por dias, meses e sem explicação alguma encontrei a verdade, e acreditem em mim se quiserem, não parece ser real, parece um pesadelo ou algo estranho do tipo. Eu pude presenciar um assassinato e descreverei como foi o ocorrido. Como eu havia dito anteriormente pesquisei durante meses, e fiquei “antenado” em novas noticias ou outras similares a do crime que depois eu ficaria sabendo que eu estava sendo acusado. Certo dia eu voltava do mercado com minhas compras e notei em uma casa próxima à minha, algo estranho, havia um homem perto da janela com uma faca em mãos, ele e a vizinha pareciam estar discutindo e repentinamente às coisas ficaram muito serias, o homem tentou desferir um golpe de faca na mulher, mas de alguma forma ela conseguiu segurar a mão dele com as duas mãos e ela parecia ter mais força que o normal, ela o agride com um chute e em seguida ele cai ao chão, neste momento o homem deixa a faca cair e em seguida ela consegue pegá-la e o a golpeia diversas vezes, e eu que estava ali vendo tudo, fiquei perplexo com tamanha frieza desta mulher que havia notado por um instante que eu espiava tudo, e quando olhei novamente para a janela ela já não estava mais por lá e para minha surpresa algo estava ao meu lado, era algo sem forma, com os olhos negros e não pensou duas vezes, golpeou a mim também na barriga e antes que eu pudesse reagir eu cai ao chão e antes de perder a consciência pude ver nitidamente ele mudando de forma, ele tinha “se tornado eu”. E é isso o que eu tenho a dizer.”

- E como vocês podem ver o acusado fantasiou sobre uma espécie de “transmorfo” e culpa esta “entidade” pelos crimes de sua autoria. E eu ainda digo mais, o acusado não só cometeu a esses crimes, como também de forma fria jogou algum tipo de ácido para que o corpo de outra de suas vítimas ficasse irreconhecível. E para concluir o meu depoimento eu lhes pergunto: “Existe mesmo a possibilidade de um homem totalmente frio, calculista e desumano ser inocente?”.

Após as palavras do advogado de defesa das vítimas terminar sua pronuncia, seu apelo para a bancada do júri e também para as pessoas que ali assistiam ao julgamento do professor Marcus, o juiz tinha decidido fazer um recesso para poder decidir o destino do réu que pelas provas apontadas estavam mais do que certa a punição pelos crimes, pois a arma do crime, a faca em questão que o professor havia mencionado tinha sido encontrada em suas mãos enquanto ele estava desacordado, logo entendia-se que o ferimento em sua barriga fora feito para servir como algum tipo de álibi. Se a história contada pelo professor e réu primário é verdade, ninguém poderá dizer.

Nando Soares
Enviado por Nando Soares em 21/10/2014
Código do texto: T5006755
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