Serial killer em ação - IV

"Vamos, rapaz, você é veterano nisso!", Jason repetia o mantra enquanto observava o corpo de Rex ser atacado por alguns insetos. O homem aparentava um nervosismo incomum. Autor de dez outros crimes, o assassino orgulhava-se de seus feitos. A sensação de bem estar que geralmente lhe inundava durante os crimes não tardaria a aparecer.

Jason retirou um saco plástico de dentro da mochila. "Você já foi mais original, meu caro". O homem balançou a cabeça, querendo afastar a vozinha que lhe repreendia. Apesar de afiada, sua consciência não era lá muito exigente. "E essa agora?", vociferou, impaciente. As palavras do assassino foram abafadas pelo canto dos pássaros que exploravam o céu naquele final de tarde.

"Vejam só, acho que estou ficando louco!", a constatação, seguida de uma gargalhada estridente, pôs fim ao confronto. A consciência de Jason nunca lhe servira pra nada - o homem desconhecia palavras como culpa e arrependimento. Deu de ombros, resignadamente.

Jason ajoelhou-se na terra e, com as mãos, alisou o saco plástico. Fitou novamente o cão. A imobilidade do animal lhe dava uma sensação extrema de prazer. Na escola, o homem sempre fora considerado o mais fraco, aquele que molhava as calças ao ouvir as ameaças proferidas pelos colegas. A consciência de que o jogo havia virado deixava Jason feliz. "Vocês conseguem lidar com isso agora?", gritou, os braços erguidos no ar, como se segurassem um troféu.

O homem empacotou o cadáver e, terminado o processo, xingou-se por não ter arranjado um saco maior. Aquilo, de qualquer maneira, não fazia diferença. Caminhou em direção ao córrego que margeava o terreno, mas, ao avistar algo numa lixeira próxima, parou, embasbacado.

Alguém aprisionara uma caixa dessas de embrulhar presente entre as grades enferrujadas da lixeira. Jason a resgatou imediatamente. "Pode ser útil", concluiu, apertando o papelão contra o peito.

O homem calculou que o tamanho da caixa lhe permitiria abrigar, tranquilamente, um certo cãozinho acomodado em seu saco. Não hesitou diante da possibilidade.

"Viu só? Você vai voltar para os braços de sua dona, fique tranquilo", enquanto oferecia conforto ao cadáver, Jason ia acomodando aquela bola de pêlos na parte interior da caixa. Quando terminou, secou o suor que lhe escorria da testa e concluiu, contente: "Já terminamos por aqui. A próxima parada é na casa de Lisa". Um assassino deve surpreender.

Lais Matos
Enviado por Lais Matos em 15/11/2014
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