Olhares famintos

Vou dormir após os rotineiros filmes. Ao deitar na cama fria, sinto meu corpo flutuando sobre um calmo lago.

Luzes apagadas, olho para os detalhes dos cantos de madeira que formam o teto do meu quarto, ouço vozes me chamando, sons que poderiam sutilmente participar da trilha sonora de um filme de terror.

Olhando para a janela, sinto a presença de alguém. Desviando o olhar para o guarda-roupas consigo notar uma mancha escura por cima dele, algo demoníaco se comunicando comigo.

O nervosismo toma conta, coloco as mãos em meu rosto, as unhas cravadas nos defeitos profundos começam a arrancar pedaços de pele. Sinto meu interior ardendo em chamas. Pressiono meus dentes diante da dor e sinto minha arcada dentária destruindo-se, quebrando ao meio o céu da boca. Meus olhos ardem, não consigo entender o que está acontecendo.

Meus pés começam a ser puxados, não consigo mais ter controle do meu próprio corpo. A mancha negra envolve meus olhos me cegando.

Me jogo contra a parede, e ouço o estalo de minha coluna rompendo. Deitada no chão, volto a ouvir o som ecoando entre as paredes sujas, a voz me chamando. Sinto minha alma sendo levada embora.

Todos os objetos visíveis se tornavam espelhos de olhos famintos e sedentos por sangue.

Maindra Bianca
Enviado por Maindra Bianca em 17/11/2014
Reeditado em 30/05/2022
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